Capítulo 5, parte III

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— Deixo vocês sozinhos, sim? – Noah sussurrou para a morena, que assentiu, fechando os olhos. – Estarei lá embaixo com ele. – pegou um pedaço de pizza para si, depois beijou o alto da cabeça da jornalista e de um toque de leve no ombro do senador. – Sejam pacientes um com o outro. – saiu, levando o prato e a cerveja consigo.

A morena ainda levou alguns segundos com os olhos fechados, agora já nem sabia se o fazia para acalmar-se ou para simplesmente acalmar o senador. Ao mesmo tempo em que tinha a situação tão clara em sua mente, tudo parecia não passar de um grande borrão em seu coração; ela sentia-se desconectada do homem e não desejava tal coisa.

Abriu os olhos após longos segundos, virou-se para o senador e o viu parado da mesma forma, com a mesma expressão fechada e os braços cruzados, como se esperasse uma resposta.

— Christopher... – ela tentou dizer, mas ele negou com a cabeça.

— Não vou nem discutir. – firme. – Ou eu saio com você desta casa ou esqueça tudo o que já me falou.

— Você está bravo. – ela o encarou. – Grite comigo.

— Não, não vou gritar com você. – simples.

— Está irritado por tudo isso. – ela insistiu. – Grite comigo.

— Eu não vou gritar com você. – repetiu.

— Está magoado. – ela manteve-se firme. – Grite comigo.

— Eu. Não. Vou. Gritar. Com. Você. – disse pausadamente. – Entendeu?

— Você está irritado porque eu trouxe o Dante antes. – ela disse, ainda mais firme. – Está irritado porque contei com o Noah antes de você. – viu-o girar os olhos. – Está bravo porque foi o último a saber. Grite comigo! – viu-o passar as mãos pelo rosto. – Porque parece que o México todo sabe o que acontece, mas você continua sendo o último a ter acesso a qualquer informação, seja ela qual for. Grite comigo! – ele a encarou, visivelmente começava a perder a paciência. – Está extremamente irritado porque acha que eu não te amo. Grite comigo! – ele abriu a boca, parecia lutar contra o desejo que sentia. – Grite comigo! Passamos um mês longe e agora estou propondo que nos afastemos de novo, portanto, grite comigo! – ele fechou os olhos. – Trouxe todo mundo e não dei satisfação para você, grite comigo! Grite comigo!

— Eu não vou gritar com você! – gritou tal resposta e a viu sorrir de maneira simples.

— Sim. – disse baixo e paciente. – Grite comigo.

— Meu problema não é contigo, Dulce, porra, eu te amo! Caralho, eu te amo! Você é quem me importa! Cacete, você é a mulher da minha vida! E tenho tanta certeza disso quanto sei que estou respirando agora! – desabafou. – É todo o resto que me irrita! É ver que tudo aquilo o que eu achava não ser nada na infância, era um comportamento doentio que hoje estraga a minha vida!

— Grite. – ela pediu, baixo e pacientemente.

— Sabe quando a minha mãe brigou feio comigo? Aquelas brigas que todo mundo sai de perto e tem até medo de olhar? Nunca! – riu com ironia. – Nunca, Dulce, nunca! Por que sabe o que ela fazia quando a situação apertava? Olhava para o meu pai e parecia saber exatamente a hora certa de se afastar. – negou com a cabeça. – E o que ela fez com você?

— A mesma coisa. – ela completou sem rodeios. – Grite. – pediu outra vez.

— Você me conhece, eu não sou uma pessoa difícil! Eu não peço coisas impossíveis, eu não dou trabalho, eu nunca... eu nem fui o tipo de filho com fases rebeldes e de deixar a família toda de cabelo em pé! – riu sozinho. – Ninguém nunca soube o que era trabalho. Pelo menos não comigo – estalou a língua. – Se me pede, eu faço. Se eu não gosto, aprendo. E se gosto, me empenho mais ainda. Desculpe, mas sou um cara como poucos. Posso ter defeitos, mas passo por cima de quase todos apenas para fazer a vida do outro melhor. Eu penso sempre primeiro em quem vem e só depois em mim, e ninguém pode negar isso.

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