Capítulo 65, parte II

282 42 326
                                    

— Então... – olhou-o de soslaio. – Podemos passar no hospital antes do velório?

— Claro, amor. – concordou. – Para ser honesto, durante a madrugada, quando eu desci para pegar o termômetro... – ela virou-se completamente para ele. – Anahí ligou no meu celular, e eu atendi, cheguei a falar com ela. – a morena seguiu em silêncio. – Mas ela estava tão alterada, não parava de gritar que queria você e... bem, Noah pegou o celular e disse que eu não precisava me preocupar. – viu a morena franzir o cenho. – Andrés havia ido para a UTI e, pelo que eu entendi, as coisas com a Anahí ficaram ainda mais difíceis. – ela assentiu. – Não te contei antes, porque eu não... eu não ia tirar você de casa no meio da madrugada, com o frio que estava, para ver qualquer que tenha sido o surto da Anahí. Tomei a decisão que julguei ser correta.

— Ok. – ela disse, e Samay voltou para a sala. – Obrigada pela partilha.

— Aqui está, menina. – Samay colocou o prato com a maçã para ela. – Já cortadinha, hein?

— Obrigada, Sama. – Dulce lhe deu uma piscadela.

— Os ovos estão quase prontos, meu filho. – Samay avisou, antes de deixar o casal a sós novamente.

— María. – chamou-a em baixo tom. – Me desculpe por não ter contado antes.

— Uhum. – concordou e colocou um pedaço de maçã na boca.

Não disseram mais nada, o clima estava estranho, delicado e difícil. Ela, por um lado, se incomodava por saber que o noivo tomara uma decisão tão grande sem consultá-la.

Ele, por outro, não conseguia expressar em palavras o incômodo por ouvi-la falar de maneira tão viva sobre o bebê perdido com Dante; odiava sentir-se de tal forma.

Passaram todo o café da manhã em silêncio, Christopher arriscou colocar uma das mãos sobre a perna dela, e ela aceitou o carinho, ainda que tivesse optado por não respondê-lo de forma verbal.

Após o incômodo e silencioso café da manhã, o casal finalmente deixou o apartamento, encontrando-se com Dario, que os esperava no estacionamento do prédio.

O caminho foi, mais uma vez, sem palavras e preenchido apenas com o blues que soava no interior do carro.

— Vou abrir a porta para vocês. – Dario avisou, estacionando o carro no estacionamento do hospital.

— Você está bem? – Christopher perguntou para a morena. – Como está o estômago?

— A maçã me caiu bem. – assentiu. – Não estou enjoada. E não acho que vou passar mal.

— Isso é muito bom. – deu um leve sorriso. – Acho que hoje você conseguirá comer melhor, amor.

— Isso eu espero. – ela terminou de dizer, e o motorista abriu a porta. – Obrigada, Dario.

— Um prazer, menina. – ele lhe deu a mão, ajudando-a a descer do carro. – Suri enviou uma mensagem agora, passará para pegar o seu pai em casa.

— Ele pode ir direto para o velório. – a morena disse enquanto o noivo saía do carro. – Nós não vamos demorar aqui.

— Avise o Suri e nos espere aqui, Dario. – Christopher pediu e o senhor rapidamente concordou. – Deixe um segurança à disposição do Noah e do Dante.

— Sim, senhor.

O senador buscou a mão da noiva, entrelaçou os dedos aos dela e caminharam juntos em direção ao interior do hospital.

Subiram em silêncio, mas antes que se aproximassem do quarto, viram Noah abrir a porta e sair do local, sentando-se em uma das poucas cadeiras do corredor. Ailin saiu logo em seguida, sentando-se ao lado do irmão e abraçando-o.

Jogada PolíticaOnde histórias criam vida. Descubra agora