Capítulo 41

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Quarta-feira                 15/12/2024
04:00.

Pais Narcisistas.

[...]

Emma:
Enquanto estamos as duas deitadas olhando para o teto e refletindo sobre nossas vidas, percebo o quão equivocada fui ao julgar a minha irmã. Sinto-me como se tivesse sido manipulada por mim mesma, ao pensar que ela era apenas mimada, quando na verdade nunca percebi os sinais de desespero em seus olhos quando Isabel bebia.

Era tão evidente... tão óbvio que ela também sofria, talvez não tanto quanto eu, mas sua dor era real. Preciso lembrar que a dor de outra pessoa não diminui a minha própria dor, não importa quão intensa ela seja... Todas as dores importam. Agora, preciso ver o que fazer em relação an Isabel estar aqui, não posso deixá-la sozinha com seus problemas, sofrendo e se perdendo em uma pessoa que não é verdadeiramente dela. Preciso agir, mas ainda estou incerta sobre como fazer isso.

É surreal pensar que nunca fomos capazes de nos gostar, e agora percebo que essa falta de amor foi moldada pelos nossos próprios pais. Eles nos manipularam de tantas maneiras, nos fazendo odiar uma à outra. Fomos levadas a acreditar que éramos inferiores e incapazes de viver sem eles, incapazes até mesmo de amar nossa própria irmã.

Fomos jogadas nesse ciclo de manipulação por pessoas que deveriam nos amar e proteger. Portanto, meu olhar vagueia pelo teto branco, que parece escuro devido à luz apagada do quarto, uma fresta de luz da janela ao nosso lado ilumina levemente. Engolindo em seco, sinto os braços de minha irmã em minha barriga, e num tom baixo, expresso meus pensamentos:

— Então, tudo isso quer dizer que nossos pais colocam você contra eu... Desde pequena.

Seu cenho se franze, e suas sobrancelhas loiras se arqueiam ao sussurrar: — Como chegou a isso? — Sinto um peso em pensar sobre isso e, suspirando e bocejando um pouco, desvio meu olhar do teto para os dela, que estão fixados nos meus.

Respondo lentamente: — A "perfeição" para eles... é basicamente você me odiar. — Um suspiro escapa de seus lábios, e seus olhos se reviram antes que Isabel assinta com a cabeça, dizendo:

— Sim. — Engulo em seco, e ao olhar nos olhos dela, um leve sorriso se desperta em meus lábios. Agora, estou aqui com minha irmã... sorrindo. Não estamos brigando; ao contrário, estamos nos reconciliando, reconstruindo o laço que foi destruído por aqueles que deviriam nos amar.

— Vem cá. — Ao puxá-la para um forte abraço de lado, mantenho meus olhos fechados, sentindo o calor reconfortante de nossa proximidade. Seus olhos reviram-se em resposta, e ela resmunga: — Urg... — Isso só faz com que eu solte uma risada, ao mesmo tempo em que planto um beijo em seu cabelo loiro. Em seguida, sussurro de forma sarcástica:

— O primeiro passo é gostar dos meus abraços.

Suas sobrancelhas caem e seus lábios se curvam para baixo, conforme Isabel resmunga: — Nãoooo... — Sinto meu riso se intensificar diante de sua tentativa de resistência, e aperto ainda mais o abraço, mesmo sabendo que ela finge não gostar.

[...]

Passou-se um breve tempo, e ainda me encontro abraçada de lado com minha irmã. Ambas contemplamos o teto, perdidas em nossos próprios pensamentos. Enquanto eu reflito sobre minha vida, questionando a pressão imposta por pessoas como Markus e Mariah, fico imaginando o que estará passando pela mente de Isabel. Será que ela está remoendo seu amor perdido, sua vida caótica, ou até mesmo o peso de suas próprias escolhas, como seu relacionamento secreto com Mariah?

Jemma G!P - Será Que Somos Apenas Amigas? Onde histórias criam vida. Descubra agora