O ano é 2040. Depois da morte de Samanta, Juliana se vê perdida em uma vida infeliz. Muitos anos depois da fatídica morte, as lembranças do passado ainda assolam sua mente, e ela passa a beber e fumar em troca de se esquecer de suas mazelas. No enta...
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Sim, Saleiro tem um enorme coração, até mesmo hoje, nos dias em que escrevo esse pseudodiário. Mesmo com a fama no Sporting, inseriu-me na vida de bom grado. Cuidou de mim nos meus piores momentos, inclusive depois da bebedeira em sua festa. Podia ter desistido daquela horrível Juliana naquela mesma noite, depois de vomitar em sua roupa e fazer com que me empurrasse insistentemente chuveiro abaixo para controlar aquela mulher bêbada e violenta que o álcool tinha me tornado. Talvez fosse um pouco de atração enrustida da época de minha chegada a Portugal, admito que não sei ao certo, ou se apenas simpatia para com minha pessoa. De qualquer forma, sempre agiu como um anjo que não tinha ideia de que era. Um amigo de primeira categoria.
Ele, e por consequência sua namorada, Helena, eram meus melhores amigos, e eu deles. De 2023 a 2040 criamos um elo fortíssimo. Eram em pubs, festas reservadas em sua edícula luxuosa ou nas partidas de futebol do Sporting, que eu não perdia por nada, sentada na arquibancada debaixo do sol lisboeta. Cheguei a sair nos jornais de fofoca quando Saleiro, que começou a ganhar fama no time do coração, foi avistado comigo e Helena nos nossos passeios. Era normal que pedissem fotos e autógrafos para ele em ocasiões de passeio, e eu era o patinho feio sempre. Mas não me importava. Tinha sorte de ter um melhor amigo rico, famoso e que ainda assim se importava comigo, uma estrangeira que só dava trabalho com o álcool que ingeria.
Meu guia para aqueles assuntos... Quem diria? Ainda vou me segredar a respeito de quem estava cozinhando costela de porco agora a pouco, enquanto eu escrevia essas palavras no Word do meu computador. Despejar tudo vai transformar meu livro em conto, o que, de forma alguma, é a minha intenção. O que posso adiantar é que essa pessoa é algo de surreal na minha vida. Nunca, nem por cima de meu cadáver, imaginei tal ser humano entrar tão subitamente em minha vida. Era uma bomba emocional para minha descrença de tudo. Fazia me aflorar a vontade de vida e, tanto quanto Saleiro, foi e é um anjo em minha vida.
I wish I had an angel for a moment of love, I wish I had your angel, your Virgin Mary undone... Ops... Lembrei-me de que sou apenas uma cantora amadora.
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