A porta fechou-se contra nós e, em segundos, Cecília incorporou um leão selvagem sedento pelo meu corpo. Empurrou-me contra a parede da sala, sem nenhum aviso prévio, e beijou-me longamente, esfregou-se contra mim, enfiou as mãos por dentro da minha camiseta e capturou meus seios por cima do sutiã. Massageou-os e me levou à loucura. Meu ventre implodiu desejo e fascínio.
— Vamos para o teu quarto — ela sussurrou no meu ouvido, olhou-me, os azuis enegrecidos, sedutores, e conduziu-me pelo meu apartamento. — Estou louca para experimentar-te.
Eu estava congelada, suando frio, apenas sendo conduzida por sua mão, cheia de pavor e ânsias, antagonicamente. Tudo em mim estava atordoado e em nervos, num frisson desesperador, o qual clamava vontade, porém incutido por medo. Que seria de mim, a virgem de quarenta e um anos? Cecília não sabia disso, e eu estava certa que acharia patético.
— Cecília... — Na altura já estávamos na porta do meu quarto. — E- eu n- não sei se isso é uma boa ide- eia... E- eu...
— Você não quer? — Suas faces se entristeceram e ela automaticamente olhou para a perna mecânica, como quem achasse que aquilo fosse o problema.
— Cecília, esquece da sua perna, o problema sou eu. Eu sou, sou... Virgem. Pronto, falei, sou uma velha que nunca transou.
Cecília voltou-se para mim e caiu na risada. Parecia achar graça daquilo, e eu automaticamente me embaracei. Sentei-me na cama, abaixei minha cabeça em lamento e vergonha. Estava feito, minha namorada me achava uma piada.
— Ju, eu não estou a rir de ti, mas sim de mim. Achas mesmo que eu permiti alguém roubar a minha virgindade e o segredo de que sou perneta? — Deu de ombros e sentou-se ao meu lado. — Vamos, não podemos negar-nos isto para todo o sempre. — E beijou-me suavemente os lábios. — Vai ser especial para nós duas.
Fiquei espantada. Nunca me passou pela cabeça Cecília também ser virgem. Aquilo era como A Noite De Amor Com Samanta, mas com Cecília e real. Universo, Universo, como recusar a perdição da carne tenra, mansa e intocada de Cecília? Os astros e planetas se alinhavam a nós naquela sublime noite despertada, na qual tudo era a matéria da perdição em implosão. Minha amada Cecília teria muito prazer comigo e vice-versa. Da forma mais inocente e linda que poderia haver. São as palavras da Juliana autora: foi lindo, estupendamente mágico e não no sentido clichê. Foi avassalador, maior que qualquer regalo que eu pudesse ter. E Cecília, ao meu lado agora, relembra-se saudosista e me incentiva a reescrever as delícias e descobertas as quais sentimos.
Pois bem, então Cecília tomou as rédeas e tirou minha jaqueta, jogou-a de lado, depois retirou a camiseta Secret Garden e contemplou minha pele escura. Fiz o mesmo com seu suéter e me delirei ao vê-la de sutiã rendado azul. Retirei-o, ela pareceu envergonhada em me mostrar os seios nus, que me causaram uma flama, e uma adrenalina intrínseca, as quais não são mensuráveis. Tive arrepios e comichões por todo o corpo. Tudo o que eu queria era poder tocá-los e assim eu o fiz. Massageei os dois juntos, enfiei o rosto neles e os abocanhei um dos mamilos, e chupei, cheia de inebriante desejo de possuí-la por completo. Cecília suspirou profundamente, e ao sentir seus lábios contra meu pescoço, eu arfei de prazer.
Cecília tão rapidamente retirou meu sutiã também. Contemplou meus seios como se visse uma iguaria sem igual. Beijou-os sem nenhum pudor, chupou, voltou ao meu pescoço, como quem quisesse muito explorar aquela região. Desceu de lá para o meu abdômen, e direto para minha calça jeans. Desabotoou. Abaixou e lançou longe. Deitou-me e me acomodou de barriga para cima. Retirou, por fim, a calcinha. Eu estava envergonhada por não estar depilada, mas ela pareceu não se preocupar nem um pouquinho. Ela desceu até minha intimidade e timidamente distribuiu algumas lambidas, e degustou sensual e habilmente minha extensão toda, chupou-me com gosto, o gosto de experimentar aquilo pela primeira vez. E eu me delirei, imersa na imensidão de seus toques, adornada pela aura da minha mãe que agora dizia em meus ouvidos: adeus filha, missão cumprida. Gozei um ápice cósmico de estupenda felicidade, um regozijo que foi além do material — que era etéreo. Um orgasmo do espírito. Cecília era meu fascínio, minha sublime amante. Todas as minhas pulsações de orgasmo foram as batidas na nossa canção de amor. A nossa própria Secret Garden.
Assim que me senti saciada, tomei cuidado para desbravar Cecília. Ela poderia facilmente se envergonhar com a prótese, e não foi diferente. Quando a coloquei deitada na cama e ameacei tirar sua calça, ela hesitou. Mas eu beijei seu ventre ternamente enquanto tirava cuidadosamente sua calça, e ia beijando a perna dela na sequência, até chegar na emenda da prótese. Retirei carinhosamente o restante da calça, os sapatos e a prótese. Ela ficou nitidamente desconfortável, mas não disse nada. Vali-me disso para afundar meu rosto em sua intimidade e substituir qualquer vestígio de vergonha por amor. Com uma habilidade que pensei não ter, distribuí chupões e lambidas disformes por toda sua extensão e toquei seu clitóris sem nenhuma pressa. Queria deixá-la à vontade como me deixou, e que se esquecesse de sua deficiência. E foi o que fiz. Em pouco tempo já pude ouvir suspiros e pequenos gemidos sinceros ao compasso do seu peito. Aumentei a velocidade, Cecília respirava entrecortadamente. Ouvi um leve grunhido e lá estava ela, totalmente rendida, de olhos semicerrados, e tendo uma erupção de orgasmos. Orgulhei-me de fazê-la ainda mais feliz consigo. Deitei-me do seu lado, fiz um carinho nos seus cabelos.
— Isso foi mais que especial, foi sublime — disse a ela e a envolvi em um abraço.
— Amo-te, Ju e muito. Não podia ter encontrado uma namorada melhor. Esta noite valeu-me cada centavo da guitarra que eu dei-te. — E ela beijou-me felicitada com a noite de amor.
— Quer dormir aqui hoje, amor? — perguntei a Cecília, que logo sorriu.
— Claro! — respondeu-me animadamente.
Então subi as cobertas e me aninhei a ela. Ficamos conversando e trocando carinhos até que finalmente dormimos.
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Café Amargo 2 - O Reencontro (Duologia Cafés Parte 2)
Roman d'amourO ano é 2040. Depois da morte de Samanta, Juliana se vê perdida em uma vida infeliz. Muitos anos depois da fatídica morte, as lembranças do passado ainda assolam sua mente, e ela passa a beber e fumar em troca de se esquecer de suas mazelas. No enta...