O ano é 2040. Depois da morte de Samanta, Juliana se vê perdida em uma vida infeliz. Muitos anos depois da fatídica morte, as lembranças do passado ainda assolam sua mente, e ela passa a beber e fumar em troca de se esquecer de suas mazelas. No enta...
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Diz que está apaixonada por Cecília para Saleiro, ouvi um sussurro e meus nervos congelaram. Vá, vá, vá, vá... E repetiu o sussurro baixo dentro de minha mente até que ele cessou. Era minha mãe, seu primeiro conselho. Eu estava morta de medo. Sabia o que tinha que fazer, mas, invariavelmente, era quase absurdo acreditar em espíritos. Como se sentindo triste, sussurrou por favor. Olhei para o lado, a pelúcia do Sporting em cima de minha cama com um grande sete nas costas, o número que foi de Saleiro enquanto jogador de futebol. É, não havia escapatória, Anastácia estava em todos os cantos querendo me unir a certa Cecília.
Tomei uma dose de coragem do tamanho do infinito e mandei uma mensagem para Saleiro:
Juliana: E aí, Saleiro? Preciso te contar uma coisa, mas promete não rir ou espalhar.
Saleiro: Olá, Juliana. Sou todo ouvido.
Juliana: Estou pela primeira vez admitindo para mim mesma que estou apaixonada pela Cecília. Você tinha razão, sou uma péssima mentirosa.
Saleiro: Tinha certeza! Mas e aí, diz-me como é.
Juliana: Quando cantamos "Secret Garden" no palco, foi uma loucura. Um fogo cósmico me queimou, e eu tive certeza de que era algo muito mais grandioso do que se pareceu. É genuíno, pelo menos da minha parte. Só não sei o que fazer com isso. Quero me casar com Cecília Braga Nunes!
Saleiro: Sossega-te Juliana! Temos de arranjar um jeito dela e tu encontrares. Vamos lá, serei seu Cupido, mas nada de"quero me casar com Cecília Braga Nunes" sem ao menos conhecê-la.
Foi quando caí em mim: que tipo de garota de vinte e dois anos quer se casar com outra de quarenta e um? Estrangeira e negra, num país de brancos, que fuma, que não se importa com suas roupas? Minha mãe ia precisar literalmente de um caminhão de anjos, como dizia que quando era viva, para realizar tal façanha.
Juliana: Saleiro, Cecília é muito mais jovem que eu e não vai querer ficar com uma velha trapenta nas minhas condições.
Saleiro: Idade, segundo Madson, a protagonista de um livro que li há muitos anos, é uma invenção humana. No livro ela era a pseudofilósofa que acabou nos braços de um guitarrista de rua vinte e dois anos mais velho. O amor é mais que aparência.
Juliana: Certo, vamos ver se consigo algo..., mas o que faço? Não a conheço!
Saleiro: Não pareces a mesma Juliana de 2018.
Juliana: Por quê?
Saleiro: Revistaste toda minha vida na internet para encontrares Samanta! Ou já te esqueceste disto?
Rindo, respondi-lhe:
Juliana: Vou procurar sobre ela o máximo possível e te mando informações.
Saleiro: Ah, sábado estaremos no Black House novamente!
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