O ano é 2040. Depois da morte de Samanta, Juliana se vê perdida em uma vida infeliz. Muitos anos depois da fatídica morte, as lembranças do passado ainda assolam sua mente, e ela passa a beber e fumar em troca de se esquecer de suas mazelas. No enta...
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Um mês depois do sonho, Saleiro me convidou para outro programa com Helena:
Saleiro: Queres ir a uma festa numa casa de shows famosa comigo e Helena?
Para minha própria infelicidade, eu não havia me esquecido de Cecília e de seus dedos fatais, como planejei. Então lhe fui direta, sem pensar nas consequências:
Juliana: Não podemos ir ao Black House novamente? Gostei do ambiente de lá, é um pub de metaleiros e eu me identifiquei com o lugar. Você se importa? Não estou para festas hoje. Quero me sentar, comer uma carne e ouvir metal ao vivo.
Saleiro: Entendo a preferência. Também gostei do lugar, mas acho que gostaste mesmo é doutra coisa. Ou melhor, daquela rapariga ruiva que se apresentou.
Furiosa, respondi-o:
Juliana: Sou de Samanta, nunca sentiria nada por outro alguém. Ademais, ela não tem atrativo algum. Gosto apenas das músicas que ela toca e canta.
Saleiro: Finjo que acredito. Se este é o pedido, é ordem, mas cuida que esta moça pode ser um sinal que tuas caraminholas com Samanta estão diminuindo.
Juliana: Que caraminholas o quê! Amo Samanta como nunca imaginei e isso é puro e bonito. Dar em cima de uma moça vinte e um anos mais nova que eu além de errado, seria imoral. E aí de mim se ela quisesse uma velha feia e estrangeira como eu. Corte suas asinhas Saleiro. Vamos pela música.
Saleiro: Por que uma rapariga mais nova é algo tão imoral assim? Vamos lá, Juliana, tu que és tão fora da caixa dizendo-me isto?
Juliana: Sem gracinhas, eu jamais faria isso, de trair uma com outra. E Cecília jamais sentiria atração por uma velha de quarenta e um anos. Tem cabimento?
Saleiro: Hum, então a rapariga chama-se Cecília? Muito atenta, hein, Juliana. Não revirou a internet em busca dela também, não é?
Juliana: Claro que não! Podemos ir ou não ao Black House?
Saleiro: O pedido é uma ordem. Mas saiba que eu shippo muito este casal.
Naquele dia, mesmo que furiosa com Saleiro e seus atrevimentos, tomei um belo e longo banho, lavando meus cabelos duas vezes para ficarem bem sedosos. Sequei-os habilmente e, ao invés de vestir qualquer coisa, como o usual, escolhi roupas impecáveis para parecer uma mulher madura, mas bonita e elegante. Estava me preparando para Cecília sem ao menos perceber isso.
Olhei-me no espelho — uau, eu parecia linda e não um trapo humano! Se me vestisse daquela maneira todos os dias e fosse mais simpática, estaria cheia de homens e mulheres correndo atrás de mim.
Ouvi a campainha do meu apartamento e atendi — era Saleiro e Helena como sempre muito simpáticos comigo.
—Juliana, estás tão gira hoje! Acordaste de bom humor?
