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Pedro

Chego em casa depois do treino, praticamente morto. Fizemos treinos intensos pras quartas de finais e meio que gostei, assim não tinha muito tempo de pensar nela.
Eu e Nathan estamos de boa. Nossa amizade não é fraca ao ponto de se quebrar assim, fico feliz por isso.

Após tomar uma ducha, coloco uma calça moletom e fico sem camisa como de costume em casa. Me jogo na cama e acabo dormindo quando acordo com uma ligação, Natalie.

— Oi? — Digo com a voz rouca e embargada de sono. — Tá tudo bem?

— Ahn, sim. — Ela parece um pouco nervosa. — Na verdade preciso falar com você.

Olho pro relógio e vejo que são onze horas da noite ainda. Eu cheguei sete, dormir muito.

— Pode falar. — Me sento na cama.

— Na verdade, eu tô na porta da sua casa, é... — Ela para de falar e volta. — Você tá em casa né?

— Ahn, tô sim. — Fico confuso. — Você veio até aqui sozinha?

A campanhia toca e eu entendo o recado que ainda não deixei ela entrar. Saio do quarto e vou em direção a porta e a abro.

E ela está linda como sempre.

— Posso? — Ela aponta em direção a casa.

— Claro. — Saio da frente.

Parece que eu perco todo o meu raciocínio perto dela.

Passo por ela e aponto o sofá, pra ela se sentar. E me posiciono na outra poltrona para lhe dar espaço.

— Fiquei preocupado com você. — Começo a falar. — Nós não nos falamos esses três dias.

— É, eu sei. — Ela olha pro chão. — Eu queria te pedir desculpas.

A interrompo. — Eu quero te pedir desculpas por aquela noite, é... você entendeu tudo errado, eu não acho aquilo de você!

Ele faz um sinal com as mãos. — Não precisa.

— Natalie, eu juro que aquilo não foi o que eu pensei de você, foi pra evitar que outra pessoa chegasse perto de você. — Coço minha cabeça um pouco nervoso. — Parece egoísta, eu sei. Mas eu tinha sentido uma conexão contigo...

Ela presta atenção em tudo que eu falo com os olhos vidrados nos meus.

— E essa pessoa só queria te enganar, magoar, uma diversão por uma noite. — Continuo.

— Entendo. — Ela parece meio confusa com o assunto. — Eu realmente errei em te tratar desse jeito... — Ela volta a olhar pro chão me evitando. — Mas realmente eu só queria ir embora com as coisas acertadas entre a gente.

Ir embora. Aquilo doeu mil vezes em mim ouvindo isso dela. A que ponto as pessoas podem ferir alguém. Não julgo as pessoas que me acompanham ou que gostam de mim, e sim aqueles comentários repulsivos sobre pessoas que eles nem sequer deram uma chance de conhecer, e uma delas, foi a Natalie.

— Natalie, sobre os comentários...

Ela me interrompe. Vem até mim e se senta ao meu lado pegando minhas mãos. — Não foi sua culpa, Pedro. — Ela ergue meu queixo para olharmos um para o outro. — Mas não dá.

EU QUERO MUITO PEDIR PRA ELA NÃO IR EMBORA. MAS SERIA MUITO EGOÍSMO DA MINHA PARTE. Eu sou acostumado com algumas críticas, todos do time tem todo um preparo psicológico com psicólogos e tudo mais. Agora ela? Ela estava no anonimato e tudo mudou de um dia pro outro, óbvio que ela iria alcançar a fama dela como ela disse uma vez, ela não queria que fosse assim.

— Eu não queria tocar naquele assunto de como nos conhecemos... — Continuamos olhando um para o outro enquanto aperto as mãos dela de leve. — Porque nesses três dias pensando, eu tinha resolvido deixar isso pra trás pela forma que você me tratou desde quando nos vimos no aniversário do meu irmão...

Sorrio, e ela também, delicadamente.

— Você cuidou de mim, e não desistiu do meu jeito difícil. E mostrou um lado incrível seu, que eu não esperava.

Ela desvia o olhar. — Cara, você assistiu encantada comigo. — Ela sorri e volta a prestar atenção em mim. — Eu sou grata por aquele dia e por esses dias intensos que vivemos juntos... — Ela respira fundo. — Mas eu preciso ir embora.

Eu tô com um nó na garganta tão grande. A olhando reparo o olho enchendo d'água como se estivesse se segurando pra não chorar. Quando ela derrama uma lágrima, solto minha mão de uma das suas e passo pelo rosto dela enxugando sua lágrima.

— Eu não mereço suas lágrimas, Natalie. — Ergo suas mãos e a beijo. — E eu te entendo.

Meu coração quer que ela fique. Meu bom senso quer que ela vá embora. Fico do lado do bom senso.

— Você tem que ir. — Sorrio tentando não demonstrar o quanto meu peito dói agora. O quanto eu quero guardar ela só pra mim e proteger de todo o mal. — Eu respeito sua escolha.

Ela sorri com a bochecha toda vermelha e ainda com as lágrimas caindo sob seu rosto. Ela enxuga as lágrimas e se levanta e eu me levanto junto.

— Você vem na minha apresentação de amanhã, né?

— Não perderia por nada!

— Eu nunca vou te esquecer, Pedro. — Ela me abraça, e eu a abraço apertado, apoiando minha cabeça sobre seu pescoço e sentindo seu cheiro doce.

— E eu nem conseguiria esquecer você, Natalie. — Susurro baixinho. — Pessoas são destinadas a se encontrarem...

— Mas não a ficarem juntas. — Dizemos em uníssono.

Foi a porta mais triste que eu fechei.



Eu não aguento esse casal. Tem algum aqui chorando mais eu?
Não se esqueçam gente, votem e comentem o que tão achando, isso motiva muito <3






Um Destino Na Espanha - PEDRI GONZÁLEZ Onde histórias criam vida. Descubra agora