1° de Maio de 1995
— [...] Jason. - nos meus sonhos havia uma vista do último andar do maior arranha-céu do mundo. Ele pertencia a mim, naquele local eu conquistava o mundo e mudava a vida de milhares de pessoas. Eu era referência no ramo dos negócios e quando alguém falava sobre sucesso, elas se lembravam de mim. No meu sonho todos ao meu redor me admiravam, eu tinha todas as mulheres aos meus pés e não havia um único dia da minha vida em que eu não fazia coisas extraordinárias.
Naquele sonho tudo estava ao meu alcance e eu era um super-herói do empreendimento moderno.
E eu acordei.
O meu irmão mais novo, Juno, me encarava com os grandes olhos na cor do oceano dilatados, nervoso e muito preocupado. Ele parecia constrangido e olhava para o lado cada segundo, suando frio. Ele tinha dezoito e éramos muito próximos.
Quando olhei para o lado entendi o motivo do nervosismo. Uma mulher, cujas nádegas brilhavam à luz do sol, dormia tranquilamente ao meu lado como se não houvesse nada melhor que aquilo.Eu não fazia a menor ideia de quem era ela. Os cabelos vermelhos caíam sobre o travesseiro e tinham um cheiro muito bom.
Respirei fundo e pedi ao meu irmão que me esperasse do lado de fora. Ele estava no segundo ano da faculdade de artes cênicas e passava muito tempo ensaiando as peças no Teatro do campus da Universidade.
Tomei um banho rápido e gentilmente acordei a moça, que não parecia ter este plano em mente quando me encarou com raiva nos olhos. Ela se vestiu e saiu como se nada tivesse acontecido. Prático e muito bom.Juno me esperava do lado de fora, andando de um lado para o outro. Pressionava os dedos uns nos outros como se aquilo fosse acalmá-lo.
— Para você é o fim do mundo se passar uma noite sem ir em uma festa. - resmungou. Não parecia ser um jovem pela quantidade de queixas que sempre tinha.
— O que aconteceu? Alguém morreu?
— Você, eu diria. O vovô está no púlpito há pelo menos vinte minutos, dez destes perguntando onde você estava.
— Merda! - deixei-o para trás e corri para o salão de apresentações do campus. Onde o meu avô daria uma palestra sobre finanças e toda a baboseira que estudávamos todos os dias, mas que seriam ditas pela figura imponente de um grande homem de negócios. Meu avô havia construído um legado excepcional. O que ele tinha feito com alguns trocados e ideias revolucionárias o colocaram nos livros de história.
— Onde você esteve? - Justin levantou-se quando me viu, ajustando o terno formal demais para um dia qualquer na faculdade.
Mas não era um dia qualquer.
— Comendo alguém, com certeza. - Jensen Müller era o meu melhor amigo, além de primo. Ao lado dele também estavam Jaden, James e Jake. Fazíamos faculdade juntos, embora cada um tenha seguido rumos diferentes. Com exceção de alguns que ali não estavam.
— Juno me acordou a tempo. - Jake fez uma expressão de aflição.
— Eu não diria a tempo, faz alguns minutos que ele começou a falar. - Jaden comentou.
Meu avô fixou o olhar nos netos por alguns segundos e pausou o discurso. Ele parecia conferir se estávamos todos ali. E satisfeito, ele continuou.
A ressaca me impediu de prestar atenção em qualquer coisa que ele estivesse falando. Eu só queria tomar um remédio para dor de cabeça e dormir por no mínimo doze horas.Enquanto eu lutava contra as minhas pálpebras, meus olhos fugiram para o lado esquerdo do salão, onde o número de pessoas era menor.
Eu não movi minha cabeça para lado algum, e não conseguiria se quisesse.
Bem no meio de um grupo de seis pessoas uma garota falava, ignorando que atrás dela uma grande figura política discursava.
Ela dava pequenas pausas no que parecia ser um discurso motivacional, para ajustar os óculos que caíam pelo nariz enquanto ela falava empolgada.
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Müller - Contos de Amor
DiversosHistórias pequenas sobre os amores dos irmãos Müller, que mesmo superando as complicações de cada um conseguem encontrar o amor nas pessoas menos prováveis...