Müller - Contos de Amor

Seja o Sol - II

Nos vimos por muitas outras vezes pelos dias que se seguiram. Eu estava numa vibe que não me lembrar de estar há muito tempo. Infelizmente era época de eleições estaduais e aquilo ocupada muito do meu tempo, tinha que dedicar muito às campanhas dos membros do meu partido e o Victor estava vivendo como um desgarrado. Amy tinha me contado que Madelane havia recém descoberto uma gravidez e estava tentando encontrar uma forma de contar a ele.

Desde que o escândalo sobre o fim do noivado com Lisa era como se ele estivesse aéreo o tempo todo, o que não contribuía em nada. Saber da gravidez e não poder contar a ele era inquietante e estava me deixando nervoso demais. Comecei a pensar no quão bizarro era aquele mundo, se o Victor não tivesse que se meter em todo aquele ramo de mentiras por causa das eleições não precisaríamos estar envoltos em tantos dilemas.

Estava deitado na minha cama, aproveitando poucos minutos de descanso que eu ainda tinha, quando liguei para a Amy. Conversamos o que sempre costumávamos conversar, e eu fiquei minutos sem pausa só ouvindo a voz suave dela. Pedi para que passasse a ligação à irmã e assim ela fez, me encaminhou o número e eu liguei. A voz da Madelane não era a mesma que eu me lembrava.

- Quem é?

- James! – ela ficou em silêncio – Sua irmã me disse que você não está bem.

Pela respiração profunda percebi que ela tinha deduzido que eu já estava ciente da gravidez.

- Eu estou grávida, é isso que quer saber e queria ouvir da minha boca para que a fofoqueira da minha irmã não ficar triste por quebrar a promessa. – Amy me disse que tinha prometido que não contaria a ninguém, mas eu tinha um bom poder de persuasão.

- Ele não está bem. Sente sua falta! – ela respirou fundo novamente.

- Não me venha com essa, por favor. Se sentisse a minha falta teria vindo me ver. Eu sei que devem existir muitas coisas para ele resolver, mas não sou burra, pelo amor Deus... não é a primeira vez que ele age dessa forma. - eu não poderia dizer nada, porque Made tinha razão, Victor transformava coisas não tão difíceis de resolver em impossíveis.

- Só tenha um pouco de paciência... – só consegui ouvir o bipe do telefone indicando que a chamada tinha sido encerrada. Liguei novamente para a Amy e conversamos mais um pouco.

Depois da conversa no telefone ficamos quase dez dias sem nos falarmos. Tudo estava tão corrido que as únicas horas disponíveis que eu tinha estava usando para dormir. Viajamos o país todo para reforçar o apoio ao partido como se o fato de eu ser presidente não fosse suficiente, infelizmente não era. Emily me cobrava atenção e eu sempre prometia que faríamos algo depois que tudo aquilo acabasse.

Duas semanas depois Amy e eu tínhamos nos falados algumas vezes no telefone, eu a vi por algumas horas e só tivemos tempo de nos beijarmos em uma das sala do escritório do Jake. Viajei com a minha filha para esquiar e confesso que sentia saudades de interagir mais com a Emily. Ela já era maior de idade e extremamente inteligente, tinha mudado muito da infância até a juventude, o fato de não ter uma mãe por perto não a ajudava, mas nunca foi de fato um fator determinante. Olhando para ela ali, se divertindo como se não houvesse nada melhor, eu sentia que tinha feito do jeito certo. Bom, minha mãe e eu tínhamos.

Joen, minha irmã mais nova, tinha ido conosco, fazia tanto tempo que estava distante da minha família que não tinha reparado o quanto elas estavam diferentes. Janaina tinha montando um estúdio e trabalhava todo dia, mas mantínhamos um contanto sempre que dava, mas Joen era diferente, ela sempre estava fazendo algo novo, daquela vez o cabelo estava muito curto, mais até que o meu, estava linda. Me aproximei da minha irmã e a abracei, ela me olhou estranhando, claro, mas não me afastei por causa disso. Por um segundo me lembrei de quando Jaden e eu os protegíamos dos ataques do nosso pai. Ela era tão pequena e ali naquele momento era como se não tivesse crescido nem um minuto.