O Bem Maior Que Eu - III (Final)

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O carro parou na NW Park Eve. Alyssa foi puxada levemente, estava com um vestido e o cabelo penteado corretamente. Ele não queria chamar atenção. Entraram num hotel. Caminhei logo em seguida, sabia que iria ser pego logo, mas eu não me importava com aquilo. Eu queria ficar perto dela, impedi-lo de alguma forma de tocá-la. Morreria tentando, se fosse possível.

Eles ficaram no andar de baixo, o segurança percebeu que eu vinha atrás e segurou no meu braço com discrição. Pouco abaixo do local onde o tiro tinha pegado. Respirei fundo, tentando encontrar uma forma de fazer aquilo. Precisava voltar a ser o Jeremy frio que não se importava com ninguém além de si próprio.

- Você quer morrer mesmo, não é? - ele perguntou. Um dos homens levou a Alyssa para o banheiro. - Eu sei quem você é. Um Müller. Isso vai pesar muito na minha conta, não posso dar cabo de um Müller se quiser continuar vivo.

- Não vai encostar um dedo nela se quiser continuar vivo.

- Não me ameaça. - ele se aproximou. Estava muito próximo, a ponto de eu sentir a respiração dele no meu rosto. Tínhamos a mesma altura mas ele era muito mais forte.

- Se você me matar, minha família vai te caçar e você não vai morrer tão cedo, mas vai desejar a morte com a mesma força que deseja a vida agora. Mas se encostar um dedo nela, eu mesmo vou matar você.

Ele riu sem humor, apontou a arma para a minha perna e atirou. A dor me levou para outra dimensão, mas eu não me mexi. Até que ponto conseguiria suportar todas as dores? Não somente as físicas, mas as emocionais?

- Você comeu e gostou a ponto de arriscar a própria vida? - sustentei o olhar dele. - George, foda a desgraçada.

O homem que mantinha uma postura ereta se moveu em direção ao banheiro. Dei um passo à frente mas ele atirou novamente, dessa vez para acertar o chão.

- Não! - gritei. Ouvi os gritos de desespero da Alyssa quando o segurança entrou. Estava tentando manter toda a calma, mas eu desabei. Conseguia ouvir enquanto ela gritava para parar, implorava por socorro e chamava o meu nome. Caí de joelhos no chão, minha respiração tinha desaparecido e eu mal conseguia falar. Aquilo me desarmou por completo e todo o plano de parecer imparcial e fingir que aquilo não me afetava tinha ido por água abaixo.

Hunter começou a rir, parecia um psicopata pela forma como sentia prazer ao ouvir os gritos por socorro da mulher. Alguns minutos depois o homem saiu, tinha no rosto um sorriso sarcástico. Parti para cima dele. Gritando por um desespero que eu não me lembrava de ter sentido. Um desespero egoísta, que não tinha sido despertado nem pelos meus problemas familiares. Era como se ela fosse tão mais importante do que todo mundo era para mim. Talvez pela enorme necessidade que eu sentia de protege-la.

O segurança que tinha entrado no banheiro levou um tiro na testa, o sague jorrou no meu rosto e eu caí do outro lado. O barulho do tiro ecoava fortemente pelos meus ouvidos.

- Jeremy! - Alyssa gritou. O marido sorria de um jeito incrivelmente sádico. Como se tudo aquilo, o sangue e o desespero fossem o gás para a felicidade dele.

- Alyssa... - o choro dela era ouvido por todos os cantos do enorme quarto. - Eu estou bem. Está tudo bem.

- Se você não ir embora eu atiro nela e depois me mato. - ele começou. - Eu não me importo, não mais. Agora eu sei que a alma dela é você, e eu vou matá-la para nunca mais viver amor nenhum, mas antes disso você vai assisti-la sofrer como sofreu durante oito anos de casamento. E aí, riquinho de merda, você vai desejar ter morrido.

O outro segurança a trouxe do banheiro e saiu do quarto logo em seguida. Estava nua e sangrava. O lábio inferior estava machucado e não abriu os olhos. Alyssa foi colocava pelo marido no chão, ele atirou do lado do rosto dela, fazendo-a gritar. Eu não tinha como explicar o que estava sentindo, não conseguia explicar a dor que eu estava sentindo porque nunca antes imaginei que fosse capaz ter que viver tudo aquilo.

Müller - Contos de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora