Encontrei o Amor em Você - III

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Jensen

- Jensen! – Naomi puxou o lençol para cobrir o próprio corpo. Ela nua há algum tempo e aquela época do ano era frio.

Perdi a conta das vezes que tínhamos feito sexo aquela semana. Eu mal podia olhar para ela sem perder a cabeça. Era como se ela me controlasse completamente.

Houve um tempo que precisei de tratamento para controlar minha compulsão por sexo, mas com o tempo e muita terapia consegui superar aquilo tudo, e aprendi a domar minhas vontades e canalizar aquele desejo extremo em outras coisas.
Eu demorei mais tempo para lidar com aquilo porque não via como um problema, nem passava pela minha cabeça que querer fazer sexo o tempo inteiro poderia ser uma doença.
Aquele autocontrole que eu lutei para conseguir parecia esvair completamente quando o assunto era aquela mulher.

Nem nos meus sonhos mais insanos eu imaginei que estaria alucinado por alguém como ela. Não que eu fosse preconceituoso, eu só seguia um padrão ridículo que eu mesmo me impus.

Naomi era linda de um jeito novo. Como se o meu conceito de beleza tivesse mudado a partir dela. Os olhos eram pequenos e escuros, a bochecha meio arredondada com pequenas covinhas conferia a ela um ar sempre jovial. Os lábios eram grossos e de longe o que mais me atraía bela.

Uma parte de mim temia deixá-la com medo e se afastar.

- Para de me olhar assim.

- Desculpa. Preciso me acostumar a olhar sua bunda sem querer te comer. É bem difícil.

- Eu tenho que descer. A Flora vai acabar notando. – ela parecia realmente muito preocupada com aquilo.

- Certo, pode ir.

Ela se aproximou para me beijar e a puxei novamente para a cama. Segurei os braços enquanto beijava o pescoço e desci pelos seios. Até o sim do gemido dela era hipnotizante. Girei o corpo dela e entrei com carinho, observando a expressão do rosto suavizar. Ela gostava daquilo tanto quanto eu.
Me movimentei devagar enquanto ela escondia o rosto no meu pescoço. Parecia não querer mostrar que sentia prazer.

Quando terminamos ela se vestiu rapidamente. Dessa vez sem me beijar.

- Naomi.

- Sim.

- Eu a desejo de um jeito que nunca desejei ninguém. Não quero que isso assuste você.

- Não me assusta. Me surpreende! – ela sorriu e fechou a porta.

Estranhamente pensar nela me causava um frio na barriga. Me sentia ansioso com a ideia de vê-la novamente e com o fato de saber que eu era único. Pelo menos naquele momento.

Possessão não combinava com o Jensen que eu construí ao longo da minha vida. Pelo contrário, eu trabalhava o máximo possível as minhas emoções para parecer a pessoa mais centrada do mundo. Eu tinha seis irmãos mais novos e me sentia na obrigação de ser um exemplo na vida deles. O fato de ter deixado aquela prioridade de lado por tantos anos foi o que me causou o maior prejuízo na relação família que eu tinha com eles. Talvez ainda cometesse os mesmos erros me isolando tão drasticamente daqueles que me amavam, mas não podia fugir de quem eu era, de como eu me sentia mais confortável estando sozinho.

Eu não sentia falta das orgias e das consecutivas noitadas em claro em busca de prazer absoluto. Aquela realidade também tinha tornado atraente para mim.

Depois do acidente não poder correr tinha mudado a minha cabeça. No começo eu desejei todos os dias ter tido a sorte de morrer no lugar da minha mãe e não carregar nas costas o enorme peso de ter participado do momento mais triste na vida dos meus irmãos e pai. Ter sido o causador daquela dor era o principal motivo pelo qual eu não conseguia olhar diretamente nos olhos deles. Doía como um espinho cravado no meu peito dia a pós dia.

Müller - Contos de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora