24 de Dezembro de 2001, 19:02
- Casar? Você consegue acreditar nisso? Ele tem menos de trinta anos e vai casar. - Juno apontava o tempo todo para onde o Jason estava, conversando com o mais novo sogro e procurador geral de justiça do país.
A decisão do meu irmão tinha sido tão maluca e repentina que ninguém tinha previsto. Beatrice era linda demais, parecia algum tipo de desenho feito à mão pelo melhor artista do mundo. O elogio mais poético que eu diria, certamente. Mas não estava com muita vontade de procurar briga com o meu irmão mais novo por causa de uma mulher. Jason e eu tínhamos uma relação muito limitada aos almoços de quarta-feira da época da minha mãe, conversamos somente nas raras vezes em que eu aparecia. Todo ano prometia ao meu pai que regularia o meu tempo e que não faltaria os almoços, mas eu sempre preferia ficar no lugar de alguém no hospital do que ter que ficar ouvindo o meu pai se lamentar. Tínhamos perdido nosso avô tinha pouco tempo, os últimos dias de felicidade dele foram intensos, ao lado da mais nova netinha que ele chamava de pretinha. Jasmínea estava no colo do meu avô quando este deu o seu último suspiro de vida.
Pisquei algumas vezes, voltando a prestar atenção na festa. Estava interessante, de alguma forma aquela coisa toda me deixava feliz. Porque eu nunca tinha visto um sorriso tão sincero no rosto do Jason, desde que tinha começado a trabalhar no GM não parava para viver uma vida decente que não fosse voltada para a maldita empresa.
Fizemos uma aposta sobre o Jeremy e a mania dele de querer beijar todo mundo. Jason participou, mas não tirava os olhos da futura mulher. Jensen e eu passamos o tempo quase todo juntos. Sermos os mais velhos e aparentemente os mais responsáveis nos excluía da maioria dos Müller. Estávamos bebendo e conversando normalmente quando a minha atenção foi roubada por uma das serventes do bufê contratado. Reconhecia aquele estilo de militante em qualquer lugar do mundo. Renesmee. Abri um sorriso no modo automático, desde que tínhamos nos visto pela última vez eu realmente achei que não haveria uma segunda. Mas lá estava ela, servindo uma mesa com um uniforme preto e branco e com um sorriso que combinava perfeitamente com a roupa pelo contraste com a pele.
- Está olhando o quê? - Jensen perguntou quando notou que eu não estava prestando tanta atenção na conversa sobre a ideia de ser o diretor da universidade do tio Jackson. Achava péssima, mas não iria dizer nada.
- Eu conheço aquela garota. - apontei para a mesa onde ela servia. Meu primo revirou os olhos e voltou a beber.
- Vai seguir a onda do Jason? - olhei para ele de sobrancelha franzida pelo comentário que outra hora teria me feito rir. Mas tinha sido carregado de uma censura que eu percebi que era pela cor da pele dela.
Jensen era uma pessoa para poucos, o meu tio Jackson dizia. Tinha coisas que ele dizia que dificilmente dava para digerir. Embora tivesse mudado muito por causa da irmã, ainda era um grande babaca que adorava segregar. Não éramos muito diferentes um do outro, mas eu respeitava muito mais do que ele as diferenças. Por um segundo considerava aquilo um processo de mudança boa que também tinha a ver com a chegada da mais nova Müller, mesmo depois de quase três anos.
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Müller - Contos de Amor
AcakHistórias pequenas sobre os amores dos irmãos Müller, que mesmo superando as complicações de cada um conseguem encontrar o amor nas pessoas menos prováveis...