- Você ficou maluco mesmo. Está todo mundo pensando que você está fodendo com essa garota.
- Cala a sua boca. – baixei os olhos.
- Jake, pensa bem. Você está colocando a vida dessa garota em risco. Meu Deus, cara. Chega dessa merda se repetindo. – Pedro parecia o tipo de pessoa que só percebia que tinha dito as coisas muito tempo depois. – Me desculpe. Mas o meu trabalho é proteger aquele babaca, e você fodeu com o meu trabalho. – ele apontou para o lugar onde Jake estava.
- Vamos resolver essa situação e ninguém vai precisar morrer.
- Olha só quem fala. O Jeffrey Dahmer. – minha respiração entregou meu nervosismo.
Todos estavam nervosos. Ninguém falou mais nada por uma hora inteira.
- Certo. Levamos a garota conosco, e aí? - O segurança perguntou. Ele não parecia feliz com a ideia.
- Em casa nós vemos.
- Você nem conhece essa menina, Jake... quando as outras morreram você pouco se importou com o que aconteceu. E por que agora é diferente? – ele não respondeu.
- Por que... – Pedro não esperou a resposta, porque ela não veio.
Novamente saiu do quarto e só voltou quando a noite caiu.
Quis perguntar onde eu dormiria. E meu corpo já começava a sentir falta de um banho.
- Onde encontro o...
- A porta a sua esquerda. – era como se ele ouvisse meus pensamentos antes de minha boca os dizer.
Entrei no banheiro e tomei um banho longo, a ponta dos meus dedos já estavam enrugadas pelo tempo debaixo da água. Comecei a pensar nos meus pais, e em como sair daquela situação. Mas nada parecia ser possível.
Nunca fiquei perto da morte, ninguém nunca tentou me matar nem nada do tipo. Mas mesmo com toda a proteção dos meus pais, eu estava prestes a ser assassinada apenas por ter estado mais de uma vez no mesmo lugar que um cara.
O Universo me odeia.
- Helena. Está tudo bem?
Procurei por toalhas em todos os lugares e não encontrei.
Era só o que me faltava.
- Não encontro toalhas? – perguntei segurando a porta. – Como não tem toalhas aqui?
- Eu sou cego!
Revirei os olhos. Ele era insensível com a própria deficiência.
- Eu realmente quero uma toalha. Não tenho certeza de que você é cego mesmo. – ele gargalhou. Achei o som bonito, e se pudesse ouviria outras mil vezes.
- No armário à sua esquerda. Na última prateleira.
- Mas só tem toalhas de rosto. – procurei nas outras prateleiras, mas não encontrei.
- Eu não vou olhar para você. Tenha certeza disso.
Ignorei aquilo e saí do banheiro. Quando abri a porta ele estava parado ao lado. Não se virou de imediato. Dei espaço para ele, que logo entrou no banheiro.
- Eu vou para outro quarto? - perguntei. Só havia uma cama no quarto.
- Pode ficar com a cama. Eu me viro.
- Obrigada.
- Helena.
- Sim?
- Bela bunda.
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Müller - Contos de Amor
De TodoHistórias pequenas sobre os amores dos irmãos Müller, que mesmo superando as complicações de cada um conseguem encontrar o amor nas pessoas menos prováveis...