Depois da primeira semana de convivência Justin e eu passamos a conhecer muita coisa um do outro, na verdade ele passou a me conhecer melhor. Mesmo com os remédios ele quase não conseguia lembrar de muita coisa, a não ser o bebê que a cada lembrança ficava maior até se tornar um linda jovem negra de pelo menos dezoito anos de idade.
Assistíamos aos canais mediáticos em busca de alguém que estivessem desaparecido, mas Justin era estrangeiro, não tinha porque encontrarmos qualquer pista.
Depois da segunda e da terceira semana não havia nada que não tivéssemos feito para ajudá-lo na recuperação. Jogos sugeridos pelo Ethan que poderiam ajudar na recuperação, mas que não ajudou em nada.
- Ele parece estar bem habituado ao lugar. – Ethan observou enquanto nos visitava.
- Não tem porque, logo estará lembrando de tudo e irá embora.
- Por que diz isso? Ele não é boa companhia? Já fez alguma coisa? – havia preocupação nos olhos do médico, mas acalmei-o.
- Na verdade ele consegue ser bem agradável.
- Está conseguindo mesmo se virar com o dinheiro dos seus pais? – balancei a cabeça positivamente. A maioria das pessoas tinham ambições de estudar e muitas outras coisas. Nunca fiz curso superior e não tinha vontade.
- Darya me ajuda muito. Mesmo que não haja necessidade.
Caminhamos pela areia por boa parte da tarde. Justin estava sentando na beira do mar, olhando vez ou outra para a gente.
- Acho que a gente poderia sair de novo, não sei. Tenho uns filmes para você.
Abri um amplo sorriso. Gostava de ver os filmes com ele, nunca houve interesse da minha parte romanticamente, mas prezava a amizade que havia entre nós.
- Eu iria adorar. – observei que mesmo na tentativa de parecer tão firme, Ethan parecia triste por algum motivo.
- O que há de errado com você?
- Problemas.
- É a falta de recurso ainda? – ele balançou a cabeça positivamente e sorriu tristemente.
- Eu só quero ajudar essas pessoas, entende?
- O que você faz por elas já é mais do que o suficiente.
Graças ao Ethan oito jovens de Saint’Vile tinham saído para estudar medicina em outro país, e cinco deles estavam prestes a se formarem. A ideia era montar um pequeno hospital para atender as pessoas com maiores necessidades, realizar procedimentos mais complexos. Toda a vida dele era dedicada àquelas pessoas, e a gratidão de cada uma delas era mais do que evidente.
- Você me parece tão pálida. Está mais magra também. – enquanto falava, as mão rodearam minha cintura. Arregalei os olhos, encarando o chão sem saber muito o que dizer.
- Não é nada. As comidas têm me feito mal.
- Sabe que pode contar comigo sempre que precisar de qualquer coisa. Não se negue ajuda nunca, Arya. – meu nome era sempre pronunciado de forma intensa por ele. Como se quisesse demonstrar o interesse até pela forma como dizia o meu nome.
- Obrigada por se preocupar comigo, Ethan. Tenho estado tão acostumada em ficar sozinha que acabo esquecendo de como é bom. – ele sorriu e beijou minha testa.
Ethan sabia respeitar a forma como eu pensava. O que não verdade nem eu mesma entendia, era um homem incrível, mas o medo de me relacionar com quem quer que fosse acabava me afastando das pessoas. Nunca consegui gostar dele de verdade, mesmo que tentasse de todas as formas possíveis e impossíveis.
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Müller - Contos de Amor
DiversosHistórias pequenas sobre os amores dos irmãos Müller, que mesmo superando as complicações de cada um conseguem encontrar o amor nas pessoas menos prováveis...