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Giulia

Nojo e raiva são as únicas emoções que me consomem, ele acha que é quem? Depois de todo o mal que ele me causa ainda quer se achar o dono da minha vida? Ele pode ser tão baixo ao ponto de correr atrás da senhora Gina do que falar comigo, se ele acha que conversar com a minha mãe vai apagar todas as merdas que ele me fez esta totalmente errado.

Me aproximo da porta pronta para jogar todas as verdades em sua cara e então escuto um choro.

—Por isso que estava estranho hoje? Me usou como usou ela também—escuto a voz de Fernanda dentro da sala.

—Não foi isso, desde o começo eu te disse que ainda amava ela.

—Não disse porra nenhuma, você age assim natural pois quer que todos estejam em seus pés, está com raiva que ela esteja finalmente seguindo em frente.

—Para de falar coisas que você não sabe, ele não é o suficiente para ela, eu sou a pessoa que pode fazer ela muito feliz.

—Eu não tenho tempo pra isso e espero que ela nem pense na possibilidade de voltar com você, usando pessoas até que elas não tenham mais energias para lhe dar nada—e então sem nenhuma aviso ela abre a porta e estamos cara a cara sem nenhuma censura—Não seja idiota—passa ao meu lado e com toda a certeza do mundo eu não serei.

Entro na sala e lá estava ele com a maior cara de cu do mundo, disse que precisávamos conversar então agora vai me escutar.

—Vou ir direto ao ponto pois tenho mais coisa pra fazer e sinceramente isso tem me cansado demais nos últimos tempos, isso que a gente tinha ou sei lá como você quer chamar acabou Igor, você não tem o direito de contar o que eu faço da minha vida para a minha mãe, assim como eu você não gostaria de ser impedido de nada pois todos sabem como você é, só quero que me deixe em paz—colocar tudo para fora as vezes pode ser bom.

—Por quê as coisas só acabam quando aquele pobre chega? Antes agente tava feliz um com o outro e sempre se entendemos, foi só ele chegar que tudo acabou de vez.

—-Ninguém tava feliz naquele treco forçado, você só está se sentindo culpado por tudo pois o nosso relacionamento foi baseado em mentiras e traições, todas vindo da sua parte pois eu sempre soube respeitar o seu momento, sempre soube esperar que você volte para os meus braços e isso só acontecia quando ninguém estava ao seu lado.

—Eu me sentia feliz, você me completava de uma forma inexplicável, eu te amo como nunca amei ninguém.

—Você não sabe o que é amar, eu só quero que suma da minha vida—só preciso de um fim já que começei o meu recomeço.

—Tem certeza disso? —começa a se aproximar e daí que sinto aqueles arrepios que jamais poderei não sentir—Diz que não quer mais me sentir, diz que nunca sentiu nada.

Nesses momentos que eu me pergunto o que ando fazendo da minha vida para acabar aonde estou, sinceramente eu nunca fiz nada de mal a ninguém para passar por tal aprovação. E justo nessa hora me vem aquelas covinhas junto a um sorriso único de um certo alguém, aqueles lábios que parecem tão macios e que só de pensar em tocá-los me deixa animada e talvez um pouco molhada, me imagino perdendo em gemidos enquanto seguro aqueles cabelos cacheados que tanto admiro.

—Não sinto nada, desaparece—digo saindo da sala pois com pensamento tão impuros poderia abrir o inferno ali.

Assim que saio da escola lá estava Geórgia e meu pai me esperando para que possamos ir embora, não aguento mais ficar fora de casa, preciso de um banho e partir para mais estudos, não posso dar muito mole pois praticamente o campeonato está aí encima e será nossa última vez na escola, só resta este ano para que eu possa brilhar.

—Desculpe por não te levar pra escola hoje filha—meu pai diz me olhando pelo espelho retrovisor.

—Tá tudo bem, peguei um Uber e cheguei atrasada da mesma forma por isso que não deixaram eu entrar—quase que Geórgia cai na gargalhada, que safada.

Todas as saidinhas que ela deu para ficar se pegando em sei lá aonde com Bryan eu sempre dei cobertura, agora quando eu mato aula por sequer um mísero dia ela fica agindo como se eu tornasse um bandido.

—O pai tava muito atrasado hoje por isso não dava para esperar você se transformar para ir a escola—concordo com a cabeça, não faz mal chegar atrasada na escola e nem sequer entrar dentro dela.

Assim que chegamos em casa vou direto para o banheiro tomar um bom banho, preciso tirar a área que estava por mim, ideias mirabolantes de deitar ao chão e no fim temos o resultado de areia até onde não deveria estar.

Lá estávamos em mais uma noite organizando uma série de passos do ballet em meu Macbook, estou organizando cada passo que irei dar para que semana que vem comece a treinar, um treino duplo pois tenho junto a galera e depois para o meu solo, vida difícil porém precisa, nunca mais quero ter momentos vagos e passar de  novo por aquele pesadelo.

—O que está fazendo?—escuto sua voz ao outro lado da linha.

—Estudando para o meu solo e você?

—Acabei de sair do banho, acho que vou hibernar por algumas incontáveis horas—diz com voz de sono—Qual foi? Vou poder ver essa tua apresentação?

—Se você quiser, ela vai estar aberta para o público e para o povo da escola, amaria se te ver na plateia—digo sem jeito.

—Te quero também na minha estreia no basquete da escola, quero que me veja amassando uns playba filhinho de papai—diz e tenho que rir, sua família tem boa condição porém ele disse que esse mundo não lhe pertence.

Não duvido, estarei na primeira fileira se essa vaga não estiver preenchido—isso pode ter saido como forma de provocação e não nego.

—Nunca foi ocupada, somente por minha tia que nunca perde um jogo, o que acha de conhecer a dona Anaya? —talvez essa conversa esteja tomando um rumo estranho, nada que uma coisa anormal, irei conhecer a tia que criou ele a vida inteira e que ele considera como mãe.

—Quem sabe algum dia—nesta crise de pânico foi a única coisa que pensei—Gostaria de te convidar aqui pra cada porém sabemos que estamos proibidos de se ver.

—Nada que um modo bandido não resolva—faz graça.

—Vai me roubar? roubou meu coração mesmo—saio como involuntariamente e depois dessa jogo o celular encima da cama com medo do que ele irá responder.

—É por que você não sabe o que fez comigo!—Com essa eu consigo dormir feliz.

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Quando a gente se ilude a cabeça vira, é mentira.

Mas quando a gente se completa é felicidade.

𝗔 𝗗𝗮𝗺𝗮 𝗘 𝗢 𝗩𝗮𝗴𝗮𝗯𝘂𝗻𝗱𝗼Onde histórias criam vida. Descubra agora