𝗔 𝗗𝗮𝗺𝗮 𝗘 𝗢 𝗩𝗮𝗴𝗮𝗯𝘂𝗻𝗱𝗼

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Nicolas

— Vou pra casa — digo para os moleque que queriam marcar de sair pra beber, eles então concordam e continuam andando e então pego rumo pra minha casa.

Essa semana tava sendo muito estressante e sempre mantive a calma necessária pra tudo, e me sinto calmo até demais, novamente minha tia insistindo em me forçar a falar com meus pais e eu sempre consigo fugir desse assunto mas me sinto esgotado sobre isso, com meus pensamentos recentes talvez eu queria acabar de uma vez com isso e poder achar uma solução mas sempre travo, lembrar de um passado indesejado me deixa mal.

Sem contar na garota que passou a semana gritando comigo, mal posso contar o quanto discutimos essa semana e ela tá bem estranha, brigando com todos inclusive sua irmã que parece mais estressada do que nunca. Lina que disse que ela está na parte dos mês que não suporta ninguém, e eu sou a pessoa que mais a estressa e gosto de vê-la quando está brava, menos quando ela tem vontade de me bater.

Marquei de vê-la hoje pois estou com saudades já que tive que faltar na sexta por conta de problemas internos na família, minha tia novamente com suas fraucatruas escondeu dessa vez meu uniforme e tive que falar com meus pais, na verdade mal consegui dizer sequer alguma palavra só fiquei ali parado enquanto falavam o que eu jamais queria ouvir.

— Oi filho, como está a escola? — ela pergunta enquanto mantenho os olhos fixados em um canto do chão.

Assim então sinto a sua energia pesada pelo telefone, vendo que não iria responder continua dizendo.

— Mamãe tá com muita saudade de você, seu pai também está — como se eu quisesse saber alguma coisa sobre eles, particularmente eu teria preferido que ambos desaparecerem.

— Ata — digo após segundos desconfortáveis e cheio de silêncio ensurdecedor.

Minha tia me olhava do outro lado da sala e eu não conseguia lhe encarar, pois o mesmo sentimento de antes me invadia, sentimento de culpa que senti anos atrás quando tudo aconteceu. O que mais me deixa furioso é pelo fato de ter sido apenas uma criança que teve uma má sorte, quando jurei pra mim mesmo nunca mais me deixar passar por aquela situação novamente, e então devolvo o telefone pra minha tia que parece me olhar preocupada dessa vez, só sumi de sua vista e desabei na cama, em pensamentos ruins e sufocantes sobre um futuro que seja uma mistura do meu passado.

Só quero arejar a cabeça e esquecer isso e quando estou com ela me sinto a pessoa mais especial do mundo, quero tê-la do meu lado agora, por pelo menos algumas boas horas.

Estava cozinhando um café da manhã que não é um dos melhores mas minha fome não decide o que quer quando se é uma das únicas coisas que sei cozinha, me pergunto se ela gostaria de comer uma das minhas especialidade na cozinha e então já aproveito pra fazer a receita em dobro, quebro a casaca do ovo e logo coloco na frigideira junto a manteiga, que derrete rapidamente na frigideira, com a variação de temperos africanos que tenho em casa, decidi fazer graça e jogar alguns que não faço a mínima ideia do que seja, claro que experimentei antes de fazer qualquer coisa, não iria desperdiçar comida de jeito nenhum.