Uma cinderela diferente.

Capitulo Vinte e Um

Vocês cobiçam coisas, mas não as têm; matam e invejam, mas não conseguem obter o que desejam. Vocês vivem a lutar e a fazer guerras. Não têm, porque não pedem. Quando pedem, não recebem, pois pedem por motivos errados, para gastar em seus prazeres.
Tiago 4:2-3

Anna Julia.

Era inacreditável tudo que tinha acontecido hoje, primeiro eu tinha realizado meu sonho, em seguida ele se transformou em um pesadelo, como assim uma proposta de noivado falso? Era tão absurdo que eu não sabia nem reagir a tal pedido, eu sei que de inicio eu fui a culpada, por que acabei entrando no seu jogo para salva-lo das garras da sua mãe, e por Deus! eu estava até disposta a beija-lo para isso, felizmente um de nós dois parecia ser mais sensato naquele momento, mas foi somente eu dá uma mãozinha para ele querer o braço todo, isso já é demais. 

Eu quero sim me casar um dia, mas com a pessoa que eu ame de verdade, alguém que eu admire e tenha o mesmo propósito que o meu, além de ser um homem de alma sensível e gentil, e por mais bondoso e de caráter que o Senhor Adrian possa ser, ele não é meu tipo. 

Por isso decidi esquecer isso, e me concentrar em retornar a vida real, não importa o que tinha acontecido aqui, amanhã eu voltarei ser a mesma garota simples e desajeitada de sempre, não sei se verei Ele novamente, e se ficarei tão próxima como fiquei hoje, mas eu farei o possível para que isso aconteça, agora eu sei que ele não é tão indiferente a mim, e que de alguma forma inexplicável estamos conectados um ao outro, desde o dia que ele me salvou.

Fiquei com a minha irmã até ela pegar no sono, e demorei um pouco para adormecer é verdade, devido aos acontecimentos, eu não conseguia parar de pensar no pichador secreto e no que senti quando o abracei, foi algo tão inexplicável, que não tive duvidas naquele momento que existia sentimentos complexos por ele, mesmo tentando negar isso a todo custo, agora estava cada vez mais difícil, eu sempre o via como alguém muito distante de mim na verdade, eu o admirava pelo seu trabalho, e era grata por ter me salvado, mas ele ainda era um homem sem rosto, escondido por trás de suas pinturas, mas agora de alguma forma eu não o vejo mais assim, ele deixou de ser um amor platônico de uma adolescente para se tornar algo real, eu não sabia o motivo dele viver na escuridão do mundo, mesmo diante da luz que ele transmitia em suas pinturas, a forma como dava vida as imagens, e me fazia sentir toda a emoção nela, pinturas onde pessoas felizes deixavam lágrimas cairem, lágrimas ocultas, escondida por trás de cada olhar, eu passava horas fascinada em seus desenhos, e não entendia o porque eu sempre chorava ao ve-los, mesmo que a expressão das pessoas pareciam felizes, aquelas lágrimas tornava a imagem melancólica e triste. Então eu decidi criar uma teoria que era, apesar de toda a tristeza que vivemos, não podemos deixar de sorrir, e foi através desse desenhos  e Deus que eu criei forças para seguir em frente.

E por isso o pichador era o homem certo para mim, porque de alguma forma ele parecia saber o que eu sinto, ele era uma pessoa simples, apesar de ser um pouco conhecida pelo seus desenhos, ele não era alguém famoso como o Senhor Salvatore, ele era alguém anônimo e invisível, assim como a mim, alguém que só tinha Deus e a Arte por ele, assim como eu, ele capturava o que a de mais belo no mundo através da suas pinturas, e eu através da fotografia, que era a criação perfeita de Deus, nós dois éramos feitos um para o outro, e eu sabia que iríamos nos encontrar novamente, mesmo que agora ele não esteja me respondendo de novo, ele não pode fugir do propósito de Deus, e eu também não.

No dia seguinte saímos logo cedo e pegamos o voou para retornar para o Brasil, no voou inteiro Adrian e minha irmã parecia estar em uma conversa divertida, sobre carros e desenhos, era incrível como em tão pouco tempo ele tinha conseguido conquistar o coração dela, confesso que ve-lo tão próximos me deixa um pouco com ciúmes, coisa de irmã mais velha.