Uma cinderela diferente.

Capitulo trinta e sete

Efésios 5
Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; 2 e andai em amor, como também Cristo vos amou e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave.

Adrian salvatore

O pior tinha acontecido, e, apesar de lutar com todas as minhas forças para manter a verdade longe de Anna, agora ela sabia de tudo. E descobriu da pior maneira possível, sem dar-me a chance de explicar o que realmente aconteceu. Com cuidado, coloquei-a em minha cama enquanto ela estava ainda inconsciente. Enquanto a encarava, parecia um anjo adormecido. Naquele momento, desejei que o tempo pudesse congelar, pois tinha certeza de que, quando acordasse, Anna me odiaria para sempre. Assim como a tempestade que caía lá fora, um mar de emoções turbulentas fervilhava dentro de mim.

Eu afastei suavemente o cabelo de seu rosto. Agora estávamos sozinhos no quarto, pois pedi privacidade a todos. Esse era um assunto particular, algo que só nós dois deveríamos resolver, e talvez meu pai, mas nunca senti tanto medo em toda a minha vida quanto no momento em que Anna abriu os olhos e os fixou nos meus.

Ela abriu um pequeno sorriso, e contraiu a sombracelhas.

— Engraçado, tive um sonho estranho. Sonhei que você tinha uma foto minha quando era criança, no dia do acidente da minha mãe. Mas como você teria algo assim? Você nem estava lá. — Ela riu como se fosse um absurdo, dando de ombros, e desviou o olhar por um momento antes de me encarar novamente. — Foi só um sonho, não é, Adrian?

Meu estômago se contraiu, e eu desviei o olhar, incapaz de encará-la. Mesmo sem olhá-la, percebi quando ela saiu da cama e ficou na minha frente.

— Você não negou. Era sobre isso que estávamos falando mais cedo? Adrian, você quer me explicar por que tem aquela maldita imagem? Como você pode saber do pior dia da minha vida?! Isso não faz o menor sentido. Que tipo de pessoa você é?

— Eu estava lá. — Engoli em seco, tentando segurar as lágrimas. — Vou te explicar. No dia do acidente, eu vi tudo o que aconteceu, porque quem estava dirigindo aquele carro era meu pai. — Levantei o rosto, encarando a imagem que tanto tentei evitar: o olhar de dor e desprezo de Anna.

— Seu pai? Foi o seu pai que a matou? Ele foi aquele homem horrível que odiei por tanto tempo? Aquele covarde que fugiu sem prestar o socorro digno que qualquer ser humano merecia? É isso que está me dizendo, Adrian! — Seu tom de voz carregava o peso do ódio, e meu coração doeu como se tivesse sido apunhalado. Através de sua voz, pude sentir a intensidade da dor que ela carregava há anos.

— Eu sinto muito! Eu posso entender a sua dor — murmurei com a voz trêmula.

— Sente?! NÃO, ADRIAN SALVATORE, você não entende. E quer saber por quê? Seus pais estão vivos, e eu não tenho nada além da minha irmã. Meu pai está no hospital entre a vida e a morte, e minha mãe está morta por culpa do seu pai. Então, não venha me dizer que você sabe o que estou sentindo. — Ela me empurrou com força, olhando-me com indignação e raiva, e aquilo foi como uma sentença de morte para mim. — Agora tudo faz sentido, não é? O pichador secreto, as mensagens, era uma maneira de você silenciar a sua própria consciência.

— Eu não posso negar. — Falei, olhando-a enquanto lágrimas escorriam dos meus olhos. — Tudo o que eu queria evitar era ver suas lágrimas novamente, porque eu sabia que quando isso acontecesse, eu sofreria. Mas, na realidade, Anna, nenhum sofrimento é suficiente para compensar tudo o que eu te fiz passar, o que meu pai fez. Eu nunca poderei reparar isso.