Capitulo quarenta e dois

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E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.

Mateus 10/28

Adrian salvatore.

Quando me questionarem se tomei a decisão certa, não ficarei indeciso, ao deparar-me com Anna no rio, só pensei em salvá-la. Por um instante, esqueci os obstáculos entre nós, percebendo que o receio de perdê-la superou meu orgulho masculino em aceitar tudo que ela fez por mim.
Essa mulher guerreira enfrentou o mundo praticamente sozinha, enquanto eu me escondia como um garotinho por trás das minhas pinturas, envolvido no erro do meu pai lá atrás. Anna, a mesma que ensinou alguém como o Arthur, limitado a uma cadeira de rodas, a desejar caminhar novamente. Ela perdoou o assassino de sua mãe e deu a ele um novo coração e uma chance de vida quando seu pai estava à beira da morte.

Esta mulher não só deu cor ao escritório, mas trouxe vida a uma família que já estava morta por dentro. Fez tudo isso sem tirar o sorriso do rosto, enquanto escondia sua própria dor, secando nossas lágrimas. De repente, percebi que pior do que me humilhar era aceitar o presente que Deus enviara em forma de anjo, é viver uma vida inteira condenado sem Ela.

Sempre acreditei que para ter o amor completo de Deus, precisava consertar todo meu passado, fazer tudo perfeito para finalmente sentir-me amado por Ele. No entanto, hoje percebo que para ter o amor completo Dele, bastava apenas aceitar. Da mesma forma que tenho uma dívida impagável com Anna, sempre terei uma dívida com Ele. E Ambos me amam o suficiente para perdoá-la, e esse é um amor constrangedor, mas absolutamente necessário. E isso se chama a maravilhosa graça, onde não a merecemos, mas é um presente dado por Deus, quando o mesmo sacrificou seu filho por nós, meros pecadores. O que levaria um ser divino a dar seu único filho a uma multidão de ingratos que o renegou quando ele os criou, somente um amor, parecido que faça uma garota a dar o coração do próprio pai ao assassino da sua mãe, por amor a homem que amou assim que o viu. Um amor inexplicável que foge da inteligência humana.

Apesar desse entendimento, sabia que já havia exigido da Anna muito mais do que ela pudesse me dar, e agora sabia que o seu amor era muito maior do que todos os obstáculos que nos separam, no entanto, ainda não era a hora. 

Retornei para o quarto avistando, ela dormindo serenamente, logo depois de cometer aquela loucura que quase me fez enfartar do coração. 

Toquei seu rosto gentilmente e então ela abriu seus lindos olhos gentis, porém tristes me fitando. 

__Eu preciso ir embora, fique o tempo que precisar. Eu não vou desistir da gente, prometo," afirmei decidido, segurando suas mãos com firmeza. __Apesar de ainda não conseguir entender tudo o que fez por mim e pelo meu pai, eu decidi aceitar seu amor, Anna. Porque para mim está claro que não é algo natural, somente Deus pode tocar um coração a esse ponto."

Ela apenas balançou a cabeça, com um doce sorriso, e eu beijei sua testa com ternura.

__Você não tem culpa de nada, não precisa se sentir culpado. Nós dois sabemos que você era apenas uma criança, Adrian. Você carregou por tempo demais um fardo que não era seu, e hoje eu te liberto dele."

__Vou levar isso comigo - murmurei, pegando sua Bíblia com um leve sorriso. Depois de me despedir da sua irmã, me retirei. Queria deixá-la ter seu luto sem o peso de ter que me ver, sem lembrar o motivo de seu pai não estar lá, ou da sua mãe. Sabia que estava machucada. Perdoar é um ato de coragem, mas amar aquele que nos feriu é um ato de loucura. E se não fosse a minha fé, eu certamente cogitaria que Anna estava passando por um período de insanidade mental. Mas cada vez que a conheço, percebo que isso é ela. Esse é seu coração puro, capaz de amar até o pior ser humano da face da terra.

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