25 • Salve-me se for capaz

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Andras não deu tempo para que Kiara assimilasse o que acontecia ou para se recompor pois, ao abrir a porta, foram recepcionados pelo caos. Tudo o que puderam ver pela frente eram homens armados, homens esses que matava sem um pingo de remorso. Era um excelente atirador e sempre agiu por conta própria, também sempre se sentiu mais confortável sozinho. Por isso não informou aos outros sobre onde iria, tomou a decisão de buscar Kiara e afirmou a si mesmo que não era por ela, mas pela pessoa que a mantinha presa.

Rumaram por um longo corredor, derrubando tudo o que encontravam pela frente. Kiara tentou não atrapalhar, caminhando em silêncio e rápido, avisando quando via ou ouvia algo. Estranhamente, formavam uma dupla dinâmica boa, onde nenhum atrapalhava o outro.

Ao chegarem às escadas, virou-se para ela. Soava extremamente sério.

— Feche os olhos e corra. Não abra os olhos enquanto eu não mandar. — notou a expressão confusa da garota. — Só faça o que eu digo!

Sem mais delongas, escolheu - mais uma vez - um caminho desconhecido e perigoso que era confiar em Andras Cartellieri, o homem que jurou matar todos que amava; o homem que a fez conhecer o mundo como ele realmente é. Kiara fechou os olhos e não rebateu nada. Sentiu suas mãos se tocarem, e os seus dedos se entrelaçarem. Desceram as escadas sob disparos. Ouvia tudo atentamente, e a adrenalina em seu corpo ajudava a não temer tanto. Correram durante alguns minutos, os tiros não cessavam e não faziam pausas, se tornavam cada vez mais intensos e assustadores.

De repente fora empurrada no chão, caindo com brutalidade no piso escorregadio. Abriu os olhos para ver o que estava acontecendo, encontrando ao seu redor pilhas de corpos sem vida, um rio de sangue fresco.

Estavam próximos a entrada da casa. Procurou por Andras entre todos os corpos, o encontrando em pé um pouco afastado. A sua frente, no fim do corredor, o homem que a sequestrou. Mirava uma arma à sua direção. O sorriso insano em seus lábios só não fora mais amedrontador que o de Andras, que mesmo ferido, sorria em divertimento. A insanidade brilhando através de suas íris.

— Você fez um estrago.

Os olhos de Andras caírem sobre Kiara, que rapidamente tornou a apertar os olhos, sem deixá-lo perceber que havia presenciado tudo.

— Você estragou algo que eu acho bonito. Vamos nos considerar quites. — murmurou, cínico.

Ouviu passos.

— Estou atrás de você já faz um tempo.

— Você não é o único. — Andras rebateu. Destravou a arma. — Se não quer morrer agora, é melhor não fazer nenhuma besteira.

— Você não tem como escapar. A polícia inteira estará atrás de você!

Andras riu ainda mais alto. Era um homem que não possuía limites porque simplesmente não sentia medo.

— Deveria conhecer o seu governo melhor que eu para saber que não vão me pegar. — desdenhou. Agarrou a mão de Kiara, a levantando do chão, colocando-a nas suas costas. Vagarosamente alcançaram a porta, a passos lentos e curtos. — Não se preocupe, nos encontraremos mais uma vez. E da próxima vez, será você com o rosto desfigurado.

Cartellieri a arrastou para fora da casa, surpreendendo-se por encontrar um vazio absoluto na parte de fora. Andras a direcionou a um carro e a colocou no banco, rodeando o mesmo e entrando. Agia no modo automático, sem ao menos olhar para a garota assustada sentada ao seu lado, agarrada ao próprio corpo. Dirigiu por quase 1 hora, até que finalmente chegaram à um lugar onde puderam respirar aliviados. Para Andras, aquela era só mais uma noite agitada, mas não para Kiara. Ali percebiam o quanto suas realidades eram diferentes, embora vivessem no mesmo mundo.

O destino de Kiara. - III Borelli.Onde histórias criam vida. Descubra agora