Estava nublado, chovia e fazia frio quando o alarme soou na mansão Borelli. A correria e o alvoroço era resultado da tragédia que havia acontecido. Heron agia friamente, embora seu interior estivesse um caos, a raiva e o medo fluindo naturalmente em suas veias. Usou de todo alto controle para não agir impulsivamente. Soltava ordens para seus homens, exigindo que localizassem seu filho. Anelise tentava - inutilmente - acalmar Ravena, que gritava com todos que encontrava pelo caminho.
— Quero que revirem a cidade. O país. O mundo, se precisar. Encontre-o. — Heron ordenou à Érico.
— Não se preocupe. Iremos achá-lo.
— Verifique todas as câmeras. Não deixe passar nada! Mate todos os responsáveis pela segurança do Angelus. São inúteis se não podem cumprir uma simples tarefa.
Érico assentiu, gesticulando para que o grupo de homens o seguisse. Heron encarou o pai na intenção de desvendar seus pensamentos. Estranhava o silêncio que emanava, embora estivesse habituado a essa calmaria.
— Sabe quem foi? — perguntou, referindo-se à Cartellieri. Rico não o respondeu, silenciosamente pensando nessa possibilidade. Não queria admitir que Andras pudesse ser capaz de tal ato, apesar de saber que podia estar enganado. O fato de vê-lo como uma cópia sua só o dava mais certeza. E a certeza o assustou. Após tanto tempo, temeu alguém.
— Ele já tem sua irmã. Não precisa do filho.
Heron riu, indiferente.
— Não me importo quais assuntos tenha com ele. Se ele estiver por trás disso...
— Não faça nada. — o interrompeu. Encarou o filho com uma seriedade temível. — Lembra quando te aconselhei a deixar o México e voltar a Itália? Você não me ouviu e resultou em meses em coma.
— Está com medo. — constatou entre um sorriso surpreso. Era a primeira vez que via aquele olhar no pai. Durante toda sua vida e experiência, nunca havia testemunhado tal coisa. Nem mesmo Kênia havia despertado tal sentimento no homem. — Do que tem tanto medo, pai?
Propositalmente cerrou os punhos, trincou o maxilar e o fitou.
— Você era muito novo quando K9 começou uma guerra. Alguém sem poder e influência, com toda a esperteza, me tirou o André. Agora... imagina alguém como eu. Alguém com tanta inteligência, influência, frieza e poder? Mais até que eu. — indagou retoricamente. — Não foi ele, Heron. Trarei Angelus pra casa. Me dê um tempo.
— Você tem até o fim do dia. Caso ele não esteja aqui, não me importo com o perigo que ele apresente, eu vou atrás dele.
— Angelus estará em casa. Prometo a você.
[...]
Alexia invadiu o quarto de Kiara no meio da noite. A garota não dormia. Estava sentada na cadeira, encarando a parede e imersa nos próprios pensamentos. Aproveitou daquela oportunidade para ter uma conversa franca com a mesma. Aproximou-se dela e a observou atentamente. Notou os olhos inchados, provavelmente havia chorado e por conta disso não conseguia pregar os olhos. Os perigos que a sondava constantemente também era um dos motivos.
— Está péssima. — analisou, risonha. Kiara não expressou reação ao vê-la, permaneceu quieta, sem desviar o olhar. — Vai fingir que não estou aqui? Por quanto tempo consegue fazer isso?
![](https://img.wattpad.com/cover/185366747-288-k404370.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
O destino de Kiara. - III Borelli.
غموض / إثارةEm um mundo onde a influência e o dinheiro é poder, Kiara Borelli se vê no fim da linha quando seu destino se cruza com o tão temível Andras Cartellieri; um homem sem escrúpulos e diversas faces, cujo objetivo é desencadear e aflorar a obscuridade q...