5 • A fuga incosequente

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Estava nublado, chovia e fazia frio quando o alarme soou na mansão Borelli. A correria e o alvoroço era resultado da tragédia que havia acontecido. Heron agia friamente, embora seu interior estivesse um caos, a raiva e o medo fluindo naturalmente em suas veias. Usou de todo alto controle para não agir impulsivamente. Soltava ordens para seus homens, exigindo que localizassem seu filho. Anelise tentava - inutilmente - acalmar Ravena, que gritava com todos que encontrava pelo caminho.

— Quero que revirem a cidade. O país. O mundo, se precisar. Encontre-o. — Heron ordenou à Érico.

— Não se preocupe. Iremos achá-lo.

— Verifique todas as câmeras. Não deixe passar nada! Mate todos os responsáveis pela segurança do Angelus. São inúteis se não podem cumprir uma simples tarefa.

Érico assentiu, gesticulando para que o grupo de homens o seguisse. Heron encarou o pai na intenção de desvendar seus pensamentos. Estranhava o silêncio que emanava, embora estivesse habituado a essa calmaria.

— Sabe quem foi? — perguntou, referindo-se à Cartellieri. Rico não o respondeu, silenciosamente pensando nessa possibilidade. Não queria admitir que Andras pudesse ser capaz de tal ato, apesar de saber que podia estar enganado. O fato de vê-lo como uma cópia sua só o dava mais certeza. E a certeza o assustou. Após tanto tempo, temeu alguém.

— Ele já tem sua irmã. Não precisa do filho.

Heron riu, indiferente.

— Não me importo quais assuntos tenha com ele. Se ele estiver por trás disso...

— Não faça nada. — o interrompeu. Encarou o filho com uma seriedade temível. — Lembra quando te aconselhei a deixar o México e voltar a Itália? Você não me ouviu e resultou em meses em coma.

— Está com medo. — constatou entre um sorriso surpreso. Era a primeira vez que via aquele olhar no pai. Durante toda sua vida e experiência, nunca havia testemunhado tal coisa. Nem mesmo Kênia havia despertado tal sentimento no homem. — Do que tem tanto medo, pai?

Propositalmente cerrou os punhos, trincou o maxilar e o fitou.

— Você era muito novo quando K9 começou uma guerra. Alguém sem poder e influência, com toda a esperteza, me tirou o André. Agora... imagina alguém como eu. Alguém com tanta inteligência, influência, frieza e poder? Mais até que eu. — indagou retoricamente. — Não foi ele, Heron. Trarei Angelus pra casa. Me dê um tempo.

— Você tem até o fim do dia. Caso ele não esteja aqui, não me importo com o perigo que ele apresente, eu vou atrás dele.

— Angelus estará em casa. Prometo a você.

[...]

Alexia invadiu o quarto de Kiara no meio da noite. A garota não dormia. Estava sentada na cadeira, encarando a parede e imersa nos próprios pensamentos. Aproveitou daquela oportunidade para ter uma conversa franca com a mesma. Aproximou-se dela e a observou atentamente. Notou os olhos inchados, provavelmente havia chorado e por conta disso não conseguia pregar os olhos. Os perigos que a sondava constantemente também era um dos motivos.

— Está péssima. — analisou, risonha. Kiara não expressou reação ao vê-la, permaneceu quieta, sem desviar o olhar. — Vai fingir que não estou aqui? Por quanto tempo consegue fazer isso?

O destino de Kiara. - III Borelli.Onde histórias criam vida. Descubra agora