16 • Aliados inesperados

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Em um piscar de olhos, Heron chutou a arma da mão de Andras, que caiu no chão. Por instintos, Kiara correu para pegá-la. Era o lugar e o momento perfeito para terminar com todas aquelas desavenças. Só precisava atirar. Um tiro e seu inimigo estaria morto. Ao ver a arma nas mãos da garota, curvou os lábios num sorriso maroto, curiosamente analisando-a, instigado a ver até onde ela seria capaz de ir.

— Atire.

Heron balançou a cabeça em negação, discretamente olhando para Michèle, lembrando-a de que não estavam a sós.

— Kiara, me dê essa arma. — pediu.

— Podemos acabar com isso agora, Heron. Será ele ou nós.

— Você sempre escolhe a família. — balbuciou, impressionado com a determinação da garota. Seus olhos refletiam uma fúria incontrolável. Um desejo absurdo de explodir.

Eu escolho sobreviver. — rebateu, e ao pressionar o dedo no gatilho, foi impedida pelos disparos vindo das janelas. Sentiu um corpo pular sobre o seu, a jogando no chão com brutalidade. Os estilhaços de vidros voando no ar, espalhando-se rapidamente em cacos. Seus ouvidos doeram por conta do eco que cada disparo causava. Girou o rosto para o lado e viu o cômodo sendo completamente destruído por buracos. Uma poeira pairou no ar, causando ardência nos olhos. Mãos tamparam sua visão. Tentou sair de baixo do corpo que a cobria, mas foi mais pressionada contra o chão.

— Fique quieta. Ou irá morrer.

A voz que soou entre o caos a manteve estática. Seus olhos cravaram em Andras, e seu corpo não se mexeu, embora sua mente estivesse uma loucura, uma bagunça pior que aquele quarto. E mais uma vez Andras Cartellieri se submeteu a salvar Kiara Borelli.

Após três minutos, não sobrará nada inteiro. Os tiros cessaram, lentamente os sons diminuíram.

— Ninguém levanta. — Andras ordenou, a espera de mais disparos. Procurou Heron entre os destroços. — Acertaram você?

Negou ao erguer a cabeça à direção das janelas quebradas. Trincou o maxilar, exibindo de um sorriso sombrio.

— Eu juro que venderei minha alma para descobrir quem está por trás disso.

Andras riu ao sair de cima de Kiara e levantar. Arrumou o terno, tornando a segurar a Mp40.

— Não acho que alguém vá querer comprar sua alma. Talvez ela nem exista mais. — debochou. Bufou ao apalpar o bolso à procura do celular. — Temos que sair daqui.

Heron concordou ao se colocar de pé. Viu a irmã deitada, dando-se conta de que Andras havia se jogado em sua frente para salvá-la dos tiros. Juntou as sobrancelhas, sendo tomado por um sentimento incomum. Sorrateiramente o observou. Andras encarava um dos cartuchos deflagrados. Parecia procurar por um número de série ou identificação.

— Há algo? — o franzir de cenho o denunciou. Heron soube exatamente naquele instante que Cartellieri conhecia as pessoas que estavam os atacando. — Você sabe quem são?

— Não tenho certeza. Eu já vi esses cartuchos quando fui atacado pela polícia...

— Então estão aqui por você. — Kiara constatou.

O destino de Kiara. - III Borelli.Onde histórias criam vida. Descubra agora