38 • Foi amor?

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A corrida contra o tempo começou quando a ligação entre Andras e Heron fora encerrada. Heron tentou entrar em contato com o pai ou com qualquer pessoa capaz de alerta-lo sobre a possível armadilha preparada por Cartellieri. O alvo real nunca foi Michèle e só se deu conta naquele momento em que se encontrou de mãos atadas. A família fora dívida e não dava pra consertar o que havia sido quebrado. O que faria a seguir? Permaneceria ao lado da irmã, que lutava arduamente para sobreviver, ou iria ao encontro da sua família na Itália? Ou, iria atrás do pai? Mesmo que enviasse um exército de homens, ainda não podia estar em três lugares ao mesmo tempo.

Com muita insistência conseguiu entrar em contato com Rico, infelizmente, tarde demais. Era o acerto de contas e o grande Rico Borelli, em nenhuma hipótese, recusaria uma boa luta. Não estava disposto a fugir ou a continuar evitando. Na verdade, sentia-se mais que inspirado e ir à guerra.

A noite nebulosa chegou acompanhada de uma tensa situação. Andras saiu de um dos carros que cercaram a a antiga propriedade dos Borelli, onde Michèle caiu na armadilha preparada por ele. Os agentes que trouxe consigo foram mortos e fora capturado mais rápido que o pensado. Os homens de Andras o arrastaram pela praia, fazendo com que caísse ajoelhado sobre a areia. Andras agachou-se a sua frente, minuciosamente examinando cada insignificante detalhe. O rosto limpo e impecável de um homem que nunca havia sofrido. Talvez nem soubesse realmente os perigos que corria ao decidir bater de frente com a dinastia Borelli. Ou, quem sabe, era so mais um fantoche controlado por aqueles que não eram corajosos o suficiente para mostrar a face.

— Eu não disse? Nos encontramos mais uma vez.

O desafiou através do olhar.

— E agora? Será eu com o rosto desfigurado?

Propositalmente esboçou um sorriso debochado, causando curiosidade em Andras. Não havia medo em seus olhos e ele queria entender o por quê.

— Para alguém que foi pego, não me parece muito surpreso...— comentou. O sorriso sagaz de Michèle apenas respondeu às suas suspeitas. — Talvez você já sabia que seria pego? Meu pessoal é bom mas até os bons enfrentam dificuldades. Mas foi fácil demais.

Deu de ombros e tentou levantar, mas fora forçado a continuar no chão.

— Você não é o meu alvo, Cartellieri. Nós dois temos um inimigo em comum que queremos eliminar. A história nos mostra que quem se alia aos Borelli, acaba morto ou destruído.

— Eu não preciso de você para destrui-lo.

Esboçou um sorriso irritante, esboçando uma vitória antecipada.

— Alexia me contou a razão por ainda não ter feito isso. Não é muito difícil para alguém como eu com acesso ilimitado as informações do governo, descobrir identidades ou... um nascimento não registrado.

— Estou ficando entediado...

— Eles estão com a sua irmã, e será questão de tempo para que descubram isso. O que acha que farão quando descobrirem? Massacrar famílias é a especialidade deles. É como tem sobrevivido até hoje.

Havia apenas dois caminhos que Andras poderia seguir e apenas uma decisão. Qual dos dois valeria mais a pena matar? O homem que lhe devolveu a sanidade, ou o que lhe roubou a paz?

A mão de Andras voou até a mandíbula de Michèle, segurando-o com fúria, embora esbanjasse controle. A raiva fluindo nas veias, ascendendo sua obscuridade. Ao olhá-lo nos olhos, só trazia o rosto de Kiara machucado. Prometeu a si mesmo que iria devolver o mau com o mau independente de qual fosse a situação.

— "Manter o poder é mais difícil do que rouba-lo". — citou ao soltar sua mandíbula de forma brusca, empurrando-o de volta na areia. — Veio até mim porque já deve saber que mesmo se matar Rico Borelli, não chegará ao topo. Como eu, ele tem o próprio governo e pessoas que matariam para manter essa ordem. Não está indo atrás de um homem, mas de uma organização perigosa e promissora. Tem mais a perder do que a ganhar.

O destino de Kiara. - III Borelli.Onde histórias criam vida. Descubra agora