Atentamente observou o filho desferir toda a fúria através das facas que voavam no ar como consequência de dias caóticos. Ao seu lado, Kiara também o observava em silêncio com seus olhos brilhantes e cheios de vida. Dia após dia recuperavam um pouco da confiança perdida, arrumando os destroços restantes.
Estavam em um dos galpões seguros que usavam para treinar. Aproximou-se dos filhos, gesticulando para que Derian o entrega-se uma das facas. O mesmo negou.
— Ele só dá as facas para quem sabe usá-las. — Kiara o informou entre uma risada. Entregou ao pai uma das armas após carregá-la. — Vamos permanecer aonde temos talento, papà.
— Eu tenho talento para facas! — protestou, arrancando ainda mais risadas.
— Eles não são mais crianças, Enrico. Não precisa mentir pra eles. — Kênia o repreendeu ao entrar no cômodo. Derian rapidamente a entregou a faca, e a mesma a lançou à direção do alvo, o acertando com maestria. Se existia alguém com capacidade de manusea-las, era Kênia Martino. — Isso sim é talento.
Rico a puxou pela cintura, beijando-a na testa.
— Você sempre possuiu uma autoestima de causar inveja, mia bella.
Direcionou a atenção a filha, que começou a se preparar para atirar. Analisou seus movimentos, a postura diferenciada, a frieza no olhar. Não pôde deixar de sentir orgulho da mulher forte que havia se tornado. Mesmo após tantas quedas, continuava intacta.
Posicionou-se ao seu lado e esperou que ela descarregasse a arma no alvo, só então sacando outra arma para atirar.
— Você é boa nisso. Se eu soubesse que seria tão boa, teria apostado todas as minhas fichas em você.
— Erro de principiante, papà. — rebateu, sorridente. O enviou uma piscadela. — Ainda dá tempo de me ensinar a manusear uma sniper...
Rapidamente ergueu as mãos.
— Esse é o ponto forte do seu tio. Deixo esse trabalho para o Petrus. Tenho certeza que ele fará um bom trabalho.
Riu ainda mais, assentindo. Deixou a arma de lado e tirou os fones de proteção, os largando sobre a bancada de madeira, preparando-se para ir. Derian e Kênia já não estavam mais no galpão, apenas os dois restante. O momento perfeito para terem a conversa do qual tanto evitaram desde o retorno de Rico. A verdade era que Kiara não queria demonstrar tristeza na sua presença, pois não queria que pensasse que não estava feliz com seu retorno, porque mesmo havendo milhares motivos para chorar, havia um para sorrir.
— Vamos? Já terminei por hoje.
Kiara fez menção de ir, mas fora segurada pelo pai. O olhou por cima do ombro, curiosa com sua ação.
— Você está bem?
— Que tipo de pergunta é essa? Não é óbvio? — perguntou retoricamente, sorrindo falsamente. Rico lamentava pela filha toda vez que sorria para disfarçar a tristeza. — O quê? Está preocupado comigo?
— Só responda, Kiara!
— Isso não combina com você, papà. Se continuar agindo assim, irei pensar que abduziram você.
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O destino de Kiara. - III Borelli.
Mistério / SuspenseEm um mundo onde a influência e o dinheiro é poder, Kiara Borelli se vê no fim da linha quando seu destino se cruza com o tão temível Andras Cartellieri; um homem sem escrúpulos e diversas faces, cujo objetivo é desencadear e aflorar a obscuridade q...