O destino de Kiara. - III Borelli.

33 • Um traidor

O começo do fim chegou numa noite estrelada de lua cheia. Veio acompanhado da brisa fresca do início do inverno, trazendo consigo uma vasta solidão em um campo minado.

Bastou um olhar para o mundo dos dois colidirem. Não haveria arrependimento, assim como não haveria medo do fim. Suas bocas tornaram a se encontrar, e seus corpos se chocaram com a mesma intensidade que suas emoções. Fizeram o que queriam sem se importarem com as consequências de seus atos. Por uma noite, apenas naquela noite, não foram inimigos. Não se odiaram ou se desprezaram. Ela não o viu como o monstro que sua família o tornou, e ele não a viu como uma arma carregada preparada para matá-lo.

Os lábios dançaram uma dança sensual, cada vez mais sedentos por aquela luxúria que seus corpos exalavam. Ele a ergueu no alto e ela natural rodeou sua cintura com as pernas. Esqueceram-se que precisavam respirar para continuar vivendo. Não foram capazes de se separar. Andras a levou até a cama, deitando-a sobre a mesma, cobrindo-a com seu corpo. Diminuíram a velocidade do beijo para apreciar a sensação de cada toque, de cada mínimo movimento. Kiara sentia seu corpo completamente a mercê de Andras, duvidava que pudesse ser capaz de fugir daquilo. Ele a tocava como se necessitasse disso para continuar vivendo, e ela só podia aproveitar cada sensação antes que a realidade retornasse.

Corajosamente levou - novamente - as mãos à sua calça, desesperadamente ansiando por mais. Já não se contentava apenas com beijos quentes e avassaladores. O perigo daquela aventura desconhecida despertava ainda mais desejo em seu corpo.

— Tem certeza que quer se queimar? — a perguntou antes de permitir a continuidade de seus planos maquiavélicos. Cessou os movimentos por alguns segundos, a tempo de olhá-lo nos olhos. Não havia mais medo, receio, raiva ou tristeza. Só havia luxúria e fome. Algo muito mais poderoso que o ódio que fora plantado em seus corações, no futuro caótico e cheio de inevitáveis fins.

Naturalmente levou o dedo indicador aos lábios, sussurrando maliciosamente "shiiii", uma ação que fez com que Andras perdesse o restante de sanidade que a vida havia lhe deixado. Ele olhou para a mulher responsável por sua tentação, a luz da sua escuridão. Todos os sentimentos que ela despertou derrubaram o muro em volta de si, e toda respiração quente contra sua pele batizou-o no fogo do desejo primitivo.

Suas mãos passearam livremente pelo seu corpo, e Kiara reagiu com arrepios na pele. A trouxe para cima de si e a agarrou pelos cabelos. Espalhou beijos molhados por sua pele, enlouquecendo-a com prazer. Quando Kiara tomou a iniciativa de controlar suas ações, e Andras se perguntou se havia sido uma decisão impulsiva esquecer - mesmo que por um tempo - a rixa entre eles só para saciar o desejo carnal. O constante gemido que saia num sussurro letal, o desfocou dos planos que ele já estava deliberadamente ignorando.

— Kiara...

Sussurrou com ainda mais luxúria quando Kiara movimentou os quadris sobre si, sensualmente jogando os cabelos escuros para trás, passando a olhar o teto. As mãos de Andras voaram aos seios de Kiara, que cabiam perfeitamente nas suas mãos. Maliciosamente tornou-se a fita-lo, curvando os lábios num sorriso traquino, movimentando-se com mais rapidez. Andras pressionou os dedos com força na sua cintura, tentando não perder totalmente o controle. Um grito de prazer fora ouvido, fazendo com que a tirasse de cima de si, deitando-a de bruços na cama, e consequentemente Kiara empinou mais a bunda. Em questão de segundos - ambos - foram saciados com prazer.

O desejo ardente turvou suas mentes, adormecendo o caos interior. Quando deram por si, estavam pelados sobre a cama, suados e ofegantes. Olhara-se enquanto recuperavam a sanidade, sabendo que mesmo que fosse a primeira vez, certamente não deveria ser a última.

[...]

Do topo da escada, observou os inúmeros carros adentrarem a propriedade e a cercarem, ocupando todo o espaço vazio do jardim. Os homens fortemente armados saíram dos carros, usando suas roupas pretas, coletes e capacetes. Haviam se preparado para uma guerra e não temiam o que enfrentariam. Vincenzo surgiu entre o grupo de homens, sendo acompanhado por Alexia, que transpareceu alívio por avistar Andras, ja a posto e preparado para partir. Havia ligado para Gianluca e informado sobre as mudanças em seus planos, avisando que deveriam retornar à Itália e trazer consigo reforço. Naquela noite, iriam parar a Itália e devastar tudo que encontrassem pela frente, qualquer obstáculo.