O destino de Kiara. - III Borelli.

31 • No ringue

Os dois homens se enfrentaram em uma das principais sedes da máfia, onde praticavam artes marciais, assim como atiraria. Era um lugar em que podiam extravasar as frustrações no ringue. Vestiram roupas confortáveis, recusando camisas e luvas de boxe, optando por um afronte mais real e brutal. Os homens se reuniram ao redor, fazendo suas apostas, empolgados com o que veriam. Não era sempre que tinham a oportunidade de assistir Rico Borelli no ringue, e o fato de Andras Cartellieri ser seu rival só tornava tudo mais interessante e instigante.

Embora conhecessem as habilidades de luta de Rico Borelli, não dava pra subestimar Cartellieri, pois era tão bom quanto o patriarca da família.

— Quer mesmo fazer isso, Borelli? Eu não aconselharia. — Andras comentou do outro lado do ringue. Sua doença o dava vantagens sobre Rico, e ambos sabiam disso. Mesmo assim não se amedrontou ou hesitou. Pelo contrário, Rico ansiava por isso.

— Se estiver com medo, pode desistir. Todos aqui irão entender.

Andras curvou os lábios num sorriso sádico, e sem mais delongas, aproximaram-se. Ambos se moviam de maneira ágil e hábil, caminhando em círculos, desafiando-se através do olhar. Nada ao redor importou, nem mesmo os gritos dos homens, ou a tensão que Derian e Kiara emitiam. Receberam ordens para só intervirem quando um dos dois aceitasse a derrota.

Rico fora o primeiro a avançar, tentando acerta-lo com um gancho de direita, que Andras rapidamente desviou, recuando um passo. Rico avançou novamente, desferindo uma sequência de socos e chutes, e Andras defendeu-se até atacá-lo no rosto. O primeiro soco veio de Andras, que o acertou duas vezes seguidas. Como resultado, Rico retrocedeu para trás, mas rapidamente se recompôs e tornou a atacá-lo, desferindo vários golpes no rosto, violentamente chutando-o, brutalmente agredindo-o. Andras não sentia dor, os golpes não surtiam quaisquer efeitos, e por isso era mais fácil se recuperar do impacto que cada golpe causava.

Permitiu que Rico o acertasse. Sadicamente não se defendeu, sendo massacrado. Apanhou em silêncio até que um sorriso surgiu em seus lábios. Um sorriso sombrio e cheio de fúria. Naquele sorriso ficou claro o que viria.

Quando o limite de Andras chegou ao fim e a gritaria tornou-se mais alta e estridente, foi quando resolveu por um fim aquela luta injusta. Não importava o quanto Rico o batesse, não sentia dor, nem mesmo emoção. Era como se cada soco fosse em vão. Com isso, avançou a direção de Rico Borelli, atacando brutalmente, acertando-o com uma série de golpes. O rosto de Rico virava para o lado conforme era acertado, tentou se defender mas não foi capaz de impedir a fúria de Cartellieri.

Não houve limites. Andras ficou cego e não parou nem mesmo sob os gritos de desespero de Kiara, que observava tudo atônica, implorando para que interviessem.

Ao redor, ao perceberem o que estava acontecendo, rapidamente invadiram o ringue, tentando aparta-los. Ouviu os gritos de Kiara ainda mais perto, sentiu mãos em seus braços, segurando-o firmemente, forçando-o a se afastar.

Andras fora arrastado para longe de Rico, e o mesmo contorceu o maxilar para os lados, cuspindo o sangue da boca, sorrindo em seguida.

— Saíam todos. — ordenou num grunhido. Andras respirava pesadamente, ofegante por conta da adrenalina que percorria seu corpo numa velocidade alucinante. Rico notou a hesitação dos seus homens. — Saíam!

— Não vamos deixar vocês a sós! — Derian protestou ao ver a perversidade de Andras.

— Não vou repetir. Saíam, agora!

A ordem soou ainda mais séria.

De um por um foram deixando o cômodo, restando apenas Derian e Kiara, que teimaram em relutar, temerosos. Cederam ao perceberem que já eram ignorados por ambos. Kiara lançou um último olhar preocupado para Andras, que nem ao menos a olhou de volta, centrado em Rico. Derian, por outro lado, discretamente pediu para que o pai informasse caso notasse perigo. Não iriam hesitar em acabar com Andras Cartellieri.