21 • Livros & solidão

548 65 15
                                    

Kiara adentrou no cômodo no silêncio da noite, ouvindo sons de disparos. Encontrou com Andras, que atirava contra a parede oposta, coberto de suor e sangue. A fraca luz da noite resplandecendo seus traços. O homem sentado na sua frente, amarrado em uma cadeira, banhado em sangue, tornou-se irreconhecível.

Os disparos não cessaram, mas se intensificaram cada vez mais, a cada passo para dentro do quarto. Alexia, ao avista-la, tratou de arrasta-lá para fora, a imprensando contra a parede do corredor com o antebraço em seu pescoço. Kiara comprimiu os lábios, batendo contra os ombros de Alexia, numa tentativa falha de afastá-la. Insanamente esboçou um sorriso maquiavélico, satisfeita com o desespero sendo refletido nos olhos da Borelli.

Aproximou o rosto do de Kiara.

— Evite sair a noite. — aconselhou, ameaçadora. Soltou Kiara, e a mesma tossiu com as mãos em volta do pescoço. — Você é muito fraca!

Tossiu com mais força, se escorando na parede para não perder o equilíbrio.

— E-eu... juro que essa é a última vez que tocou em mim.

— Na próxima vez, finalmente irá reagir? — ergueu a mão para agarra-la, mas mais rápida, Kiara segurou seu pulso, impedindo-a de toca-la. Um sorriso maquiavélico cresceu nos lábios da Borelli ao ver a surpresa no semblante de Alexia. — O que...

Kiara a empurrou - com força - para longe.

— Eu avisei que seria a última vez.

Alexia fez menção de segura-la outra vez, mas foi interrompida pela chegada de Derian Arlin, que era acompanhado de Gianluca e mais um grupo de homens. Os olhos de Derian caíram sobre a irmã, naturalmente transparecendo raiva ao ver aquela cena.

O que significa isso? — questionou ao ir até a irmã, puxando-a para o seu lado, verificando seu estado físico. — Foi pra isso que saiu de casa?

Kiara o olhou, surpresa pela sua presença.

— E você? O que faz aqui?

Naturalmente sorriu, ainda analisando o estado de Kiara.

— Acho que não somos muito diferentes... Parece que ambos estamos confiando no diabo para nos tirar do inferno. — proferiu entre um sorriso maroto. De canto de olho, avistou Andras, que deixava o cômodo. Limpava o sangue das mãos com uma toalha branca. — Falando no diabo...

Andras não esboçou reação ao vê-lo, as pálpebras caídas e os olhos sem vida, denunciava a exaustão. Suspirou fundo, jogando a toalha dentro do cômodo, fechando a porta. Havia acabado de torturar - por horas - um informante que, no fim, lhe deu a informação que buscava, mas que ao encontrar, só trouxe mais problemas.

— Localize o nome que ele nos deu. — ordenou a Vicenzo. — Encontre todos os envolvidos, até o responsável pelo jardim. Não deixe passar ninguém.

Discretamente trocou um olhar com o restante presente, que não faziam ideia do tema da conversa.

— O que faço quando encontrá-los?

Andras riu. Vicenzo trabalhava ao seu lado a anos, o conhecia bem e sabia de todos os seus planos, e ainda assim fazia perguntas desnecessárias como àquelas.

— Faça o que você quiser! Case com eles, ajude eles, torture eles, mate eles... Não me importo. Só apareça aqui com algo útil. — esbravejou, sem paciência. Dirigiu o olhar a Derian. — Não vou te dar boas vindas, como pode ver, não irá gostar daqui.

O destino de Kiara. - III Borelli.Onde histórias criam vida. Descubra agora