42 • Karma

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Então o abraçou.

Naturalmente fechou os olhos, sendo extasiada com sua fragrância, com o calor de seus braços, se aninhando como um bebê em busca de refúgio. Em seguida chorou, derramou todas as lágrimas presas, soltou tudo que havia sido preso em seu interior. Anelise a acompanhou, o atacando com outro abraço.

Não fora um sonho e nem uma ilusão. Mas sim Rico Borelli em carne e osso.

Não demorou muito para que o cômodo fosse invadido pelo restante da família Borelli, que receberam a notícia do seu retorno através de Aidan. Só acreditaram ao vê-lo com seus próprios olhos, e mesmo assim precisaram de um bom tempo para aceitar.

— O que aconteceu? Como você... O que está acontecendo, Enrico? Eu achei... Nós achamos... Fizemos um funeral pra você! — Kênia esbravejou rapidamente. A segurou pelo rosto, acalmando-a. — Aonde você esteve?

Apreensivos, esperaram por uma resposta.

— É uma longa história...

Heron riu, baixo.

— Resuma. O que aconteceu? Procuramos você pelo mundo inteiro! Revirei o mundo de cabeça para baixo e não encontrei um único rastro. — vagarosamente franziu o cenho, tentando encaixar as peças de um quebra-cabeça mal resolvido. — Se não morreu naquela explosão... Aonde esteve todo esse tempo? E por que só apareceu agora?

Havia muito o que contar e explicar. Não morreu, mas teve que viver como um morto para mantê-los seguros.

— Como eu disse, é uma longa história. É verdade que eu estava naquele carro quando ele explodiu. Eu deveria estar morto. Achei que morreria...— fez uma breve pausa, lembrando do momento em que os homens de Andras o tiraram do carro antes que morresse. — Embora eu não tenha morrido, todos precisavam acreditar que eu estava morto. Principalmente vocês.

— Por que? Tem noção do inferno que tem sido desde que você se foi? — Kiara o questionou. Riu entre as lágrimas. — Não importa o que aconteceu, você tinha que ter voltado! Como pôde fazer isso com a gente?

Era ela. Com certeza Kiara Borelli era a sua dívida com o preço mais caro a se pagar. Ela era o amor da vida dele, o último. Como seu pai, como o único com a responsabilidade de protegê-la, fez o que tinha que fazer para garantir um futuro diferente. Não podia permitir que vivesse como o restante da família, lutando uma guerra que não era sua, fugindo da felicidade apenas para satisfazer as vontades da família.

— Eu tinha uma dívida com o Karma e precisava pagar.

Rico Borelli precisou de tempo e paciência para contá-los tudo o que aconteceu após deixar Andras Cartellieri para trás com a promessa de se despedir de sua família. Havia entrado em um carro que fora emboscado e explodido num túnel de mão única. Fora levado por homens armados que só descobriu dias depois que se tratavam dos homens de Andras. Fora mantido em cativeiro em um porão, e por dias quentes e noites frias, não teve contato com ninguém além de si mesmo. Acorrentado a correntes de aço, viveu os dias com fome e sede, sem ter a mínima ideia de onde estava ou quem era o responsável por mantê-lo preso. Por fim revelou a pessoa por trás de todo esse drama, o mesmo homem responsável pela sua "ressurreição".

Andras Cartellieri.

Naturalmente repassou sua última conversa com o mesmo.

— Então foi você...

Andras adentrou no cômodo gélido e se agachou a frente de Rico, focando nas correntes em vontade dos tornozelos.

— O que está achando dessa experiência?

O destino de Kiara. - III Borelli.Onde histórias criam vida. Descubra agora