12 • A verdade sobre o passado

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Ao lado de Andras e Aidan e sob o olhar constante e atento de Asya, Derian caminhou entre os corredores e cômodos da casa, conhecendo-os e examinando-os. Passava os dedos pelos móveis ao andar, olhando os quadros nas paredes e as marcas deixadas pelo tempo. Embora tivesse sido reformada, os rastros deixados nos detalhes denunciava as histórias vivenciados no lugar. Ao entrarem na sala principal, Derian observou o cômodo espaçoso com ausência de mobília. Apenas um sofá e um piano. Lençóis brancos os cobria. Notou que aquela parte era um dos únicos lugares intactos. Diferente dos outros, aparentava estar intocável.

— Você não reformou aqui... Por que?

Virou o rosto para fita-lo, vagarosamente unindo as sobrancelhas em sinal de confusão e desconfiança. Observou a expressão nostálgica de Andras, ficando ainda mais interessado nos motivos para estar ali.

— Foi aqui que tudo aconteceu. — revelou normalmente. Foi ao centro da sala, passando os olhos por cada canto, sendo abraçado por uma nostalgia cruel. As lembranças não lhe causavam emoção, nem mesmo era capaz de sentir a dor ou alivio. Mas... de alguma forma, Andras podia imaginar o que significava aquele incômodo no peito. — Foi aqui que seus avós morreram. Foi aqui que sua mãe foi espancada. Foi exatamente nesse cômodo que os Martín tiveram o trágico fim.

— Como pode saber de tudo isso?

Andras o encarou brevemente. A vontade que tinha era de contá-lo tudo, revelar os fatos reais, dizer à ele como tudo aconteceu e como a história fora invertida. Mas se manteve, ciente de que não era o momento certo.

— Eu estava aqui quanto tudo aconteceu. Eu vi tudo. — confessou, causando choque em Derian e Aidan. Asya, que os observava tentando compreender cada mínimo detalhe, propositalmente sentiu fortes apertos no peito. Andras a encarou, encontrando nela traços marcantes que, de alguma forma, trouxe novamente um rosto familiar à cabeça. Ele soube naquele momento, olhando-a diretamente nos olhos, que havia algo que deveria descobrir.

Aidan riu, nervoso.

— Do que está falando? Naquela época você ainda era...

— Uma criança? Sim, tem razão. — suspirou ao dá-los as costas, passando a examinar uma das paredes. Olhou ao redor, focando no papel de parede envelhecido por conta do tempo. — Você não pode vim atrás do passado dos Martín sem antes conhecer o dos Borelli, Derian. Não dá pra montar um quebra-cabeça só com a metade das peças.

Derian se colocou ao seu lado, ignorando a presença de Aidan e Asya, esquecendo-se de quem Andras era.

— Não importa por qual ângulo eu olhe... Você está - de alguma forma - envolvido no passado da minha família. Qual é sua relação com meu pai? E... qual foi sua relação com os Martín?

— A ignorância pode ser uma benção, mas ela custa caro. Volte para casa e... pergunte ao seu pai. Quando souber a resposta, volte.

[...]

O encontro entre Kiara e Michèle superou suas expectativas. Após uma semana, os dois começaram a se encontrar frequentemente, indo à jantares e almoços. Se encontravam constantemente, às escondidas, sem que o irmão ou o pai soubessem. Não queria chamar atenção para não ter que dar explicação. Conforme se aproximava do seu objetivo, Kênia e Ravena aconselhavam a garota, aproveitando da ausência de Rico e Heron para levá-la à sala de vidro. Com a ajuda de Durak, puderam mostrá-la um pouco de como funcionava a organização. A garota não pôde conter o entusiasmado, embora estivesse nervosa. Lembrava constantemente das pessoas que viu mortas enquanto esteve com Andras, e tinha consciência de que sua família era tão suja quanto.

O destino de Kiara. - III Borelli.Onde histórias criam vida. Descubra agora