41 • A dor sumirá?

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Os dias passaram, e com eles os problemas se acumularam. Ao retornarem à Itália, foram recebidos por centenas de policiais, que os encurralaram e os forçaram a irem a delegacia para prestar depoimento sobre o desaparecimento de Michèle e outros agentes., assim como policiais disfarçados. A busca por Rico Borelli não terminou com o anúncio da sua morte e nem sua própria família parecia ter aceitado tal fim. Se reuniram após a poeira abaixar e a maior parte de seus problemas serem resolvidos com dinheiro. Heron usou de sua influência para lidar com a persistência da policia em interroga-los. Com o sumido de seus agentes e Rico Borelli, fora inevitável não arquivar a investigação sobre a família Borelli e seus negócios ilícitos.

Abraçou Ravena e a beijou, em seguida o filho e Anelise. Minuciosamente verificou se estavam todos bens, se não foram machucados. Tornou a abraçá-los, sendo separado pelos irmãos, que repetiram os mesmos gestos. Embora estivessem cansados e exaustos, não podiam conter a felicidade em vê-los. Mesmo em meio a tanta tristeza, ainda havia algo pelo que se sentia aliviados.

— Estamos todos bem! Já chega! — Ravena resmungou, sentindo-se sufocada com tantos abraços. — Tenho certeza que estamos melhores que vocês. O que aconteceu no México?

Tanto Anelise quanto Ravena já haviam recebido a notícia da morte de Rico através da mídia, que foi a loucura. Mas não acreditaram, precisavam ouvir diretamente de Heron. Só perceberam que não queriam isso quando viram as lágrimas surgiram nos olhos de Kiara, a dor nos de Kênia e Derian, no vazio dos de Heron. A certeza trouxe novamente a queda da família. Tiveram a sensação de estarem vivendo um ciclo sem fim, continuamente perdendo alguém próximo.

— E-le... realmente está morto? — Anelise perguntou, pela segunda vez, tentando assimilar a notícia. Assim como Kênia, jamais seria capaz de aceitar a morte de Rico. — Cadê o corpo dele? Eu quero ver ele.

— Ainda não encontramos.

Uma faísca de esperança surgiu nos olhos.

— Isso significa que ele ainda pode estar vivo...

Ravena entregou o filho à Derian, que informou que iria subir para o quarto, soava cansado demais para suportar o peso do próprio corpo. Manter os olhos abertos já fora um enorme sacrifício, que precisou de toda sua força de vontade e esforço. Desde o retorno à Itália, tornou a se isolar do mundo.

Ravena, que ainda assimilava a notícia, naturalmente repassou seu último encontro com Andras na cabeça. Tinha certeza absoluta que ele a levou para longe só para mantê-la de boca fechada. Se contasse a família Borelli o que vinha tentando esconder, quem mais morreria? Deveria ser fiel ao marido ao conta-lhe algo tão impactante ao ponto de causar outra guerra? Ou apenas devia continuar calada? Para manter sua família a salva, só lhe restava manter o segredo que sabia sobre ele, enterrado.

— Andras não pôde velar a mãe. Nunca encontraremos o corpo porque ele não permitirá que Rico tenha um funeral. — Ravena constatou entre um suspiro. — Está tudo acabado.

E realmente estava. Sem controvérsias, juntaram os cacos e reconstruíram a dinastia Borelli, tijolo por tijolo. Permaneceram unidos como o último pedido de Rico Borelli feito aos filhos. Kênia e Derian sumiram pelo mundo após realizarem um simples velório para ele. Uma cerimônia privada apenas para a família. Com o apoio de Aidan e Petrus, Anelise também resolveu dar um tempo de tudo, focando em si mesma e deixando o passado para trás. Prometeram não ficarem presos ao passado e viver só no presente. Pareceu fácil no início, até que as noites solitárias os encontraram e os fizerem reféns. Não houve um dia em que Kiara fechasse os olhos e não fosse assombrada por lembranças dolorosas. Tentou - por vezes - se reerguer, mas toda vez que achava ter conseguido, o coração palpitava de saudade e retornava ao começo, sendo nocauteada pela dor e angústia. Sendo devastada por uma saudade sem fim.

O destino de Kiara. - III Borelli.Onde histórias criam vida. Descubra agora