18 • A fúria de uma mulher

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Alexia disparou o primeiro, segundo, terceiro.... Recarregou a arma e tornou a atirar para o céu, frustrada com o rumo que as coisas vinham tomando. Havia perdido o controle da situação e não tinha ideia de como iria resolver. Todos em quem confiava pareciam estar contra ela, até mesmo Andras já não aparentava ser confiável.

— Ei, o céu não tem culpa de nada! — Gianluca gritou, risonho. Entregou outra munição para ela enquanto analisava o semblante mal-humorado. Alexia havia vindo salvá-lo a pedido de Andras, haviam deixado a mansão Borelli para trás e estavam na pista de voo preparando-se para partir. — Devo presumir que essa raiva toda é direciona a um certo alguém?

— Não estou no clima para brincadeiras. Me deixe só, você não quer conhecer a fúria de uma mulher. — resmungou. Descarregou a arma e carregou novamente, atirando continuamente. Gianluca aproveitou o surto repentino de Alexia e buscou um maço de cigarro no bolso.

— Está se remoendo atoa. Você sabe que Andras não sente o mesmo que você. Ele nem ao menos sente.

— Sei que ele não tem culpa! — replicou com uma compreensão forçada. Conhecendo bem o estado de Andras e sua total incapacidade de nutrir empatia, seria impensável culpá-lo por suas ações. Alexia largou a arma de lado, tirando o colete à prova de balas e o jogando no chão. — Odeio que ele tenha voltado com um Borelli.

— Com um Borelli ou... uma Borelli? — indagou, dando ênfase. Alexia revirou os olhos, desviando a atenção para o avião que acabará de pousar na pista.

— Não faz diferença.

Discordou, sorrindo.

— Não estaria tão frustrada se fosse o Heron ou o Derian. — comentou. — Não se sinta ameaçada, Alexia. Você conhece o Andras melhor que qualquer um de nós. No final, não importa qual seja, Andras sairá intacto e ela destruída.

— É autodestruição saber que irá machucar alguém e ainda assim não recuar. — retrucou, furiosa. — Ela é sonsa, dissimulada, mimada...

— E ingênua. — concluiu. Contra vontade, Alexia concordou. — Todos nós temos a luz e a escuridão. Quanto mais escuro você é, mas perto da luz estará. Tudo o que ele conheceu foi a escuridão. A luz é novidade pra ele. Por isso está tão fixado nela.

— O que você acha, Gianluca? Devo interver?

— Não se precipite! — aconselhou rapidamente. — Ela não é alguém que você apenas "tira do caminho". Não se esqueça de onde ela vem e quem ela é. Mesmo que não participe deste mundo, não significa que este mundo não participe dela. A família dela é composta por assassinos da elite. Mesmo sendo tão boa, você não tem chances contra eles e certamente Andras não te defenderá. Porque isso é muito maior que nós.

[...]

O avião pousou pela manhã no México. Estavam todos muito cansados, seguiram em carros diferentes em direções opostas para evitar conflitos durante o caminho. Andras optou por ir sozinho com seus homens, entregando a Vicenzo a responsabilidade de levar Kiara, a mesma agradeceu gratuitamente por não ter que ficar na sua presença sem precisão.

O sol ardente bateu em seus óculos escuros quando desceu do JEEP. Andras retirou os óculos e olhou o céu rapidamente, naturalmente franzindo o cenho. Ao respirar ar fresco, notou a chegada de Vicenzo e Kiara, ambos vieram ao seu encontro. A garota institivamente analisou a rua em que estava, percebendo que era uma área isolada, apenas uma casa no fim da rua cercada por muros de concreto. Soltou um assobio, causando uma certa estranha curiosidade em Andras, que não compreendeu o que se passava consigo.

O destino de Kiara. - III Borelli.Onde histórias criam vida. Descubra agora