22 • Lake como, Italy

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Andras levou algumas horas para por a cabeça no lugar e pensar no que fazer a seguir. Tinha que ser racional, não dava pra explodir tudo pela frente enquanto não encontrasse o que vinha procurando. Também havia pessoas confiando nele, na sua capacidade de discernimento, mesmo que isso tenha se perdido durante os anos. No fundo, já sabia exatamente o que fazer, qual rumo seguir, não deveria ser complicado tomar aquele tipo de decisão que já fazia parte do seu cotidiano.

Alugou o prédio de um hotel, pois assim não teria que esbarrar com ninguém além dos que já o acompanhava. Da sacada, observou os primeiros raios solares tomarem conta do infinito azul. O calor já fazia sua presença, mesmo tão cedo.

Quando finalmente decidiu o que faria para descobrir quem realmente estava por trás desses ataques e de bônus, ainda se livrar de Kiara Borelli, retornou ao quarto onde todos deveriam estar. Ao entrar no cômodo, seus olhos caíram na figura delicada, escorada na parede ao lado das janelas. A cabeça sobre o ombro do irmão e o braço enrolado no do mesmo. Parecia que era inofensiva e vulnerável e não a pequena traiçoeira Kiara.

— Decidiu o que irá fazer?

A pergunta veio de Vicenzo, que se aproximou ao notar sua presença, atraindo a atenção do restante e consequentemente despertando Kiara do sono leve causado pela exaustão.

— Há um avião preparado. Podemos sair do México assim que autorizar. — Gianluca informou. — Quanto a esse ataque... já mandei verificarem como...

A baixa e rouca risada sarcástica o interrompeu. Andras caminhou - a passos lentos - pelo cômodo, passando o polegar sobre os lábios carnudos e vermelhos.

— Na verdade... tenho planos diferentes. — contou ao ir até Kiara, agachando-se a sua frente. O olhar oscilante se cruzou com o dela, como se nada e nem ninguém ao redor importasse. Segurou seu queixo com os dedos, virando seu rosto para os lados, examinando seus traços e imperfeições. Uma ideia surgia como um raio, algo que poderia funcionar caso Kiara colaborasse. — Eu preciso de alguém com um rosto como o seu. E quero que continue olhando com esses mesmos olhos inocentes de uma vítima...

Kiara separou os lábios na menção de questionar suas intenções, mas teve receio do que a resposta fosse significar. Lembrou-se então das sábias palavras de Ravena: "O silêncio... Kiara, é a arma mais fatal de uma mulher. Homens não sabem lidar com isso." . Se fosse realmente assim, iria dá-lo tudo o que quisesse, o levaria do inferno ao céu, da escuridão à luz, da morte à vida... e então, quando se tornasse vulnerável, o arrancaria tudo. Até mesmo a sedenta sede de vingança.

— Eu posso me disfarçar e...— Alexia se ofereceu. Com os olhos penetrantes presos nos de Kiara, ele negou.

— Não vou arriscar que tenha seu rosto conhecido. E você não tem cara de vítima, está mais pra culpada. — replicou. Respirou fundo, soltando o ar entre um sorriso maroto. Ainda segurava seu queixo, incapaz de se afastar, como se suas peles tivessem se tornado uma só. — Mas... você. Você com certeza tem cara de vítima.

— A polícia está por trás disso. Vamos descobrir o que eles sabem. — Vicenzo interviu, visivelmente preocupado com as intenções de Cartellieri com a Borelli. — Vou entrar em contato com alguns informantes da delegacia local pra tentar descobrir...

— São uma organização fechada, não vão falar. — Derian rebateu enquanto afastava a mão de Andras do rosto de Kiara. — Mantenha esses dedos longe da minha irmã, Cartellieri.

Andras o desafiou através do olhar.

— Estão mais pra uma organização corrupta do que fechada. Vou usar um método infalível pra lidar com eles. — Gianluca incluiu. Esperou até que Andras levantasse do chão para voltar a falar. — Posso hackear o sistema deles e nos colocar lá dentro. Ninguém nem vai notar nossa presença.  

O destino de Kiara. - III Borelli.Onde histórias criam vida. Descubra agora