39 • A Cartellieri

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Na pista clandestina, Derian Borelli se encontrou com Kênia Martino. A presença da Asya ao seu lado despertou desconfiada e surpresa na mãe, que embora já tivesse uma ideia do que sua presença representava, ainda esperava que estivesse errada e tudo não passasse de uma mera coincidência. Todos soavam exaustos e estressados, o sol tomava seu lugar no céu, deixando para trás uma noite cansativa. Tentou localizar o marido, colocando todo o seu pessoal à sua procura, mas a impressão que tinha era que quanto mais procurasse, menos chances teria para encontrá-lo.

A primeira reação de Kênia ao se aproximar do filho, foi abraçá-lo, sentindo-se aliviada por vê-lo bem. O mesmo percebeu a ansiedade da mãe, que não costumava demonstrar afeto.

— Ela está bem?

Kênia respirou fundo. Havia recebido uma ligação de Heron informando que Kiara havia acordado e estava se recuperando bem, mesmo em tão poucas horas. Também pensou sobre a visita surpresa de Andras pela madrugada, o que não a chocou tanto. Já previa que o mesmo tomaria tal atitude. Pela primeira vez desde que Andras entrou em suas vidas, desejou que Rico estivesse certo e que pudesse existir uma chance - mesmo que mínima - de haver paz entre eles. Porque mesmo que vencessem a luta contra Andras, perderiam muito mais. Kiara era a primeira a provar o óbvio.

Vai ficar. — balbuciou. Afastou-se para olhá-lo melhor, novamente direcionando a atenção a Asya, que parecia saber exatamente o que se passava ao redor. — Há uma explicação lógica ou só muito emotiva?

— Podemos conversar a sós? É importante.

Ao notar a seriedade do filho, pediu para que Durak, ficasse de olho em Asya e em qualquer movimento suspeito. Saíram da pista para evitar surpresas. Não podiam se expor. Entraram em um dos carros blindados e levaram alguns segundos em silêncio para por os pensamentos em ordens.

— E então? Pela sua expressão, não é uma explicação lógica.

Derian esfregou o cenho e desviou o olhar para a pista, onde Asya era guiada para outro carro. Diferente de antes, transmitia medo, olhando para todos os lados, aparentemente à sua procura. Hesitou novamente. Se contasse a Kênia sobre o parentesco dela com Andras, seria jogada no campo de guerra e usada como escudo pela família Borelli. Como Kiara, seria usada como moeda de troca. Mas se não contasse, sua família poderia perder muito mais.

Como poderia trai-la? Como fazer com ela o que haviam feito com ele?

— Não temos muito tempo, Derian. Há tanta coisa acontecendo agora. Kiara está sendo transferida para um lugar seguro, seu pai está desaparecido e...

— Sei como podemos derrotá-lo. — disse rapidamente, soltando o ar preso dos pulmões. Encarou Kênia seriamente enquanto guardava todos os seus sentimentos e vontades dentro de uma caixa no fundo de um baú onde jamais o abriria de novo. — Eu encontrei a fraqueza do Andras.

Automaticamente franziu o cenho, e naturalmente pensou em Kiara.

— A Kiara?

Negou.

— Nunca foi ela. Aquela garota... é a incubadora.

— O quê? Como...

— Eles são irmãos. A Asya e o Andras são filhos da Lua. — revelou. — Pensei muito sobre isso desde que descobri, tentando encaixar todas as peças... Os planos dele, as ações... nunca foram para nos destruir, mas sim para protegê-la.

— Está dizendo que... aquela menina...

Concordou.

— Ela é a razão por ele continuar aqui, mãe. — tornou a respirar fundo, nitidamente relutante. Confiava na mãe mais do que confiava em si mesmo, mesmo assim se encontrou indeciso entre proteger sua família ou Asya.

O destino de Kiara. - III Borelli.Onde histórias criam vida. Descubra agora