— E de inferno você entende bem, não é? — replicou, sarcástica. Andras sorriu, instigado à irritá-la.
— Você não faz ideia.
Se encararam. Fora perigoso o silêncio que se instalou entre os dois. Ele era calculista demais, e ela intensa. Dois elementos que não se misturavam. Embora tivessem nascidos no mesmo mundo e crescidos no meio de tanta maldade, apenas Andras conhecia a escuridão. Diferente de Kiara, só ele pertencia a obscuridade.
— Michèle. — apresentou-se à Andras, estendendo a mão. — Você...é?
Andras olhou sua mão, sorrindo com arrogância. O ignorou, voltando a atenção à Borelli.
— Devo me preparar para outra festa de casamento?
Ela revirou os olhos.
— Não seja ridículo. Eu não convidaria você.
— Que pena... Meu presente seria... — olhou rapidamente Michèle, rindo com maldade. — ...de matar...
— Seria sua cabeça entregue numa bandeja?
— indagou, cínica. Curvou os lábios num sorriso maroto, aproximando-se dele, levando a mão até seu colarinho. Havia algo de diferente nela que não passou despercebido. Já não aparentava ser apenas uma criança em busca de atenção. Kiara sabia o que fazia, o que fazer para afeta-lo e tirar o sorriso debochado dos lábios. Inclinou-se para mais perto, erguendo o rosto para mais próximo do seu. — Vou te ensinar a temer algo, Cartellieri.— O fato de você achar que não temo nada, me mostra o quanto ainda é inocente. — rebateu, sério. Levou à mão ao seu queixo, o segurando firmemente. — Não serei seu desafio, pequena Borelli. Não pense, nem por um segundo, que não sei o que se passa na sua cabeça.
Sorriu, concordando. Recuou.
— Isso será ainda mais interessante do que pensei.
Andras semicerrou os olhos.
— Lembre-se: você começou esse jogo.
Negou.
— Foi você quem começou. Eu só estou movendo minhas peças.
Kiara tremia por dentro, sentia que estava a ponto de explodir. A ânsia de vômito ao estar perto dele era constante. O coração batia numa frequência aterrorizante. Entendia perfeitamente que o caminho que havia escolhido seguir não era o melhor, que poderia engoli-la. Mas sua determinação em destruí-lo simplesmente a cegou. Mas também a deu coragem.
Michèle não tentou entender o que acontecia, observou em silêncio, ouvindo atentamente. Não teve um momento que não sentisse a tensão entre os dois. Algo não parecia certo. Em tudo aquilo. Toda aquela festa, as pessoas, o clima... Havia algo que não se encaixava. E por mais que debatesse consigo mesmo, não encontrava uma resposta menos assustadora.
Kiara apanhou sua mão e o arrastou para o segundo andar da casa, sem se despedir de Andras. Aquele não era um adeus. Ainda voltariam a se encontrar. E a cada encontro, o impactoso fim se concretizaria.
— O que foi aquilo? Quem é ele? — perguntou ao chegarem no corredor. Soltou sua mão, passando a encarar uma das paredes. Respirou fundo, suspirou, inspirou novamente. Ainda encontrava-se inerte. Em choque. — Kiara... você está bem?
— Pode... por favor, calar a boca! — exclamou, séria. Trincou o maxilar ao fita-lo. — Desculpa... e-eu só... Ele não é ninguém. Não é nada.
— Não foi isso que pareceu. — comentou, analisando-a. Notou sua inquietude. Nunca havia a visto tão transtornada. Nem mesmo quando a ignorava, soava tão irritada. — Ele é seu ex namorado?
![](https://img.wattpad.com/cover/185366747-288-k404370.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
O destino de Kiara. - III Borelli.
Misterio / SuspensoEm um mundo onde a influência e o dinheiro é poder, Kiara Borelli se vê no fim da linha quando seu destino se cruza com o tão temível Andras Cartellieri; um homem sem escrúpulos e diversas faces, cujo objetivo é desencadear e aflorar a obscuridade q...