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TIRAR O TÊNIS ERA UMA DAS melhores coisas de se fazer. Dava a sensação de dia finalizado, mas no entanto, o meu só estava começando.Já era 9h30min, mas meu trabalho só iniciava as 13h.

- Sol? - Chamei por ela pois não lembrava de tê-la visto quando acordei.

Sol era minha gatinha. Eu a adotei a mais ou menos 4 anos, quando a vi brincando no Jardim, bem nas orquídeas da minha mãe. Ela tinha um tom alaranjado e algumas litras com um tom de laranja mais intenso. Eu falava que eram seus raios de Sol.

- Sol? - continue chamando por ela enquanto andava pela casa.
- Achei você. Onde passou a noite, hum? - ela estava em cima da minha cama. Comecei a fazer carinho em sua cabeça e logo ela se deitou, aproveitando.

Minha mãe não era muito fã de animais, mas acabou deixando eu ficar com a gatinha porque até mesmo ela se apegou. Sol era minha companhia quando minha mãe estava no trabalho. Ela era a primeira a ouvir minhad músicas no violino. A primeira na plateia.

- Eu toquei uma guitarra acredita? - continuo com o carinho em sua cabeça e ela rosna.

O garoto do piercing na boca me vem em mente. "Gatinha" eu era emocionada o suficiente por ter lembrado justamente de quando ele me chamou assim? Seu cheiro me veio em mente. Canela suave. Ele tinha bom gosto pra perfumes. Eu o veria novamente?

Porque estou pensando nisso afinal? Ele é só um garoto, um garoto que eu nunca mais vou ver na minha vida. Provavelmente é do tipo que fica com mais de 20 garotas na mesma festa.Essa foi a impressão que ele causou. Ele tentou me ensinar a tocar, mas de que isso importa? Não, eu não o verei novamente.

- Já comeu? - Falo levantando com a gata em meus braços, e indo até sua vasilha. Ótimo, sem ração.

- Você se importa se eu comprar na volta do trabalho? Te dou leite, e tem atum aqui também - abro os armários à procura de alguma coisa que não a matasse caso eu desse algo à ela.

Sol não parecia estar com muita fome, mas mesmo assim não gostava de deixar a mesma sem sua ração. Sempre procurei cuidar muito dela, afinal ela é minha família.

10h, hora do banho. Subi as escadas em direção à meu quarto, onde procurei meu uniforme, que como de costume, estava mais amassado que os papéis usados nas escolas na intenção de "isso não vai vai voltar a ser como era antes". Saudades de quando minha vida era só desenhar duas montanhas e um sol, e também esperar a hora do brinquedo.

Minha hora do brinquedo foi substituída pela hora do almoço. No caso, era no período da tarde, mas as empresas ainda chamam de hora do almoço, independe se o turno for vespertino ou matutino.

Porque eu tomava banho tão cedo? Simplesmente pelo fato de Deus ter me mandado ao mundo com cabelo cacheado. Se eu sair sem finalização, esqueça, você irá me confundir com um leão. Não que eu não goste de leões. Eles são os reis das selvas e criaturas fortes. Mas não era muito meu objetivo aparecer na rua com uma juba.

Derramarei meu cabelo e entrei embaixo do chuveiro.

- Era disso que eu precisava - digo sentindo a água quente escorrendo pelo meu corpo. Aquilo era ótimo, era relaxante.

Comecei a me ensaboar e assim wue termino, abro novamente o chuveiro. Saio enrolada na toalha e começo a vestir meu uniforme. Por sorte, eu tinha uma mesinha junto à uma cadeira dentro do quarto, bem em frente ao espelho. Me sento, e começo a enrolar cachinho por cachinho. No final, meus dedos já estavam brancos por conta do creme.

Era questão de 1h até finalizar todos os cachos, e dito e feito, já se passavam das 11h30.

Desci indo direto para a cozinha. A lanchonete ficava a uma certa distância de casa, portanto eu teria que almoçar logo.

Macarrão com carne moída. Um clássico almoço de quem não tem dons na cozinha. Eu não era tão ruim cozinhando, mas também não poderia ser considerada uma chef.

Comecei fazendo a carne.Sem muito tempero, porque eu não sabia a quantidade certa de cada coisa, só minha mãe mesmo. Deixei o macarrão cozinhando enquanto volto a fazer carinho em Sol. A janelada cozinha estava aberta e o verdadeiro sol estava batendo nela . Seu brilho estava ainda mais intenso.

[...]


Assim que me sentei na mesa, junto com a comida em minha frente, pude sentir o cheiro. Aquilo estava magnífico, tanto que terminar de comer rapidamente.

Tentei deixar a casa mais organizada possível no resto de tempo que tive. Calcei meus tênis novamente, fechei as janelas e porta dos fundos. Só faltava uma coisa.

- Fica bem, pequena. Não demoro - faço mais um carinho na cabeça de Sol e me despeço da gata.

Ready? | Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora