Void

Comedy

Good reading!

Três dúzias...

Porque diabos alguém compra três malditas dúzias de pêra.

Só porque comi quatro... Não quer dizer que quero três dúzias. Onde eu vou enfiar 36 peras?!

Fico encarando aquilo tudo na minha frente e a vontade que eu tenho é de chorar. O que eu fiz de errado para ter que aguentar aqueles três? E o que se passou na cabeça de Peter para comprar três malditas dúzias de pêra.

– Se você ficar encarando elas, ainda sim, vão continuar aí – encaro Void mortalmente e a vontade de matar ele surge de repente – Não olha para mim assim. Eu e Derek falamos para ele não fazer isso – diz me abraçando.

Respiro fundo e solto um gritinho de indignação. Em seguida, minhas duas novas almas entram segurando um copo.

– Veneno? – digo sorrindo ironicamente.

– Sim. E para você – Peter estica o copo e eu faço cara feia – É sangue. Seu namoradinho disse que você esquece de beber as vezes.

– As vezes não. Sempre – Void retruca.

Que os duendes coloridos me ajudem com esses três.

– Como vocês entram aqui sem meu pai ver?

– A gente espera ele sair – Derek diz como se fosse óbvio.

– A questão lobinho, é que ele não saiu – falo e eles me olham assustados.

Empurro os três para dentro do meu guarda roupa e em seguida, meu pai abre a porta.

– Oi querida – ele me abraça e acaricia meu cabelo.

– Oi papai. Como está suas férias? – dou ênfase no férias e escuto um merda baixinho.

– Melhor impossível. Meus filhos estão grandes o suficiente para passar o tempo fora de casa e me deixar dormir.

– Que ofensa.

– Brincadeira – diz bagunçando meus cabelos – que tal um dia de pai e filha?

– Claro, um momento – vou até meu guarda roupa e pego minha bolsa, dou um sorrisinho para os três e tranco as portas, os deixando presos.

†

A gente já tinha andado por vários lugares, fomos a uma sorveteria, passamos pelo shopping, fomos a uma pracinha e depois ao cinema e mesmo assim, ficamos vendo vários filmes até agora.

Senti falta disso, foram ótimos momentos em Nova Orleans, mas, esses momentos, esses pequenos detalhes, eles fazem a diferença, mesmo que seja coisas tão simples.

Desde que chegamos não senti a presença daqueles três e por horas, esqueci que Void pode se teletransportar. Ri sozinha deles e meu pai me encara.

– Sabia que você era doida, mas não tanto.

– Pai.

– O que? Você que tá rindo sozinha, enquanto assiste um filme de terror.

– Só lembrei de uma coisa, não tem nada haver.

– Sei. Mas se quiser compartilhar suas loucuras, eu estou aqui.

– Muito obrigada, isso é um alívio – digo sarcasticamente.

Continuamos assistindo até ele me olhar novamente.

– Você é muito normal – disse segurando a risada – cadê seus namorados ou qualquer cara problemático que deveria estar atrás de você.

– Não sei o que é isso – falo ignorando seu deboche.

– Você é a mulher mais estranha que já vi – olho para ele chocada – mas eu te amo mesmo assim, querida.

Ele diz rindo e me abraçando. Meu pai me acha estranha porque não tenho um pé no saco me seguindo. Gente.

Escuto a porta ser aberta, mas nem me movo. Isso parece praga.

Void, Derek e Peter entram como se a casa fosse deles. E ainda ficam me encarando sorrindo igual um bando de psicopata.

– Caiam fora – sussurro pois sei que eles ouviram.

– Oi amor – Void grita e fecho meus olhos para não mata-los.

– Chegamos querida.

– Sentiu saudades? – até Derek entrou na brincadeira.

Sinto minha cara queimar de vergonha e meu pai nos encara chocado.

– Retiro o que disse – ele sussurra para mim e os idiotas sorriem – mas tinha que ser três?

– Pai.

– O que? Eu achei que você ia ser minha tiazinha dos gatos, mas isso aqui é loucura, pequena Dunbar.

– O que fazem aqui? – pergunto nervosa e eles me ignoram. Void se aproxima e segura meu rosto, me beijando.

– Não os trate assim, querida. Me apresente seus namorados.

– Pai – resmungo chorosa – não são meus namorados, são canalhas pé no saco.

– Pois me apresente esses canalhas pé no saco.

– Babaca 1, 2 e 3. Pronto – eles me encaram e eu reviro os olhos – Derek, Peter e Void. Babacas, esse é meu pai, Gabriel.

– É um prazer rapazes. Agora, o que querem com a minha princesa?

– Isso aí é com ele – Peter empurra Void em nossa direção.

– Pai, eu não namoro com os três. Só com o Void.

– Vai ser interessante conversar com você, rapaz – ele sai arrastando Void escada a cima.

Tento ir atrás, mas Derek e Peter não deixam.

– Estão de sacanagem né?

– Você não vai ouvir a conversa.

– Idiotas. Que merda foi essa?

– Vingança. Já ouviu falar? – Peter diz sarcasticamente.

Ignoro eles e me jogo no sofá, cruzando os braços. Não demora muito eles se jogam também, mas ficam parecendo dois cães extremamente territóriais.

A porta se abre e a alcatéia entra.

Eu mereço.

†

††

#revisado