8. Something between talking and being heard.

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Algo entre conversar e ser ouvido.


     Trinta e cinco minutos depois (ele acompanhou pelo relógio na parede acima da lareira), Sirius teve tempo para pensar em muitas coisas. Ele também começava a cogitar que foi deixado de propósito ali por tanto tempo como uma forma leve de punição.

    Seria esse o tipo de Remus? O que aplica punições de forma lenta e silenciosa?

    Mas não deu para pensar muito nisso, ou em como Remus reagiria. Na verdade, sua cabeça estava sem muito foco. O submisso se pegou distraído com diversas coisas no ambiente. Primeiro um pássaro no parapeito da janela no lado de fora, depois um dos enfeites que Remus tinha na sala, uma daquelas coisinhas que se tem em laboratórios de química, onde uma bolinha bate na outra e consequentemente a do lado oposto se mexe. Aquele em especial prendeu bem a atenção do moreno.

    Quando retornou a si, foram os passos do dominador na escada que o fizeram erguer a cabeça. Remus vestia moletom preto e uma blusa de mangas curtas, os pés estavam calçados por meias e pantufas e o cabelo estava úmido do banho; ele parecia bem doméstico e a visão agradou demais o submisso.

    Sirius se viu novamente com aquele embrulho enjoativo no estômago. Nervosismo. E algo nisso o deixou um pouco irritado.

    Talvez a sensação de nervosismo? Talvez, então, ter conhecimento que essa emoção podia ser uma linha tênue com o medo?

    Não importa, o submisso ainda desgostava.

    — Pronto para conversar?

    Remus estava acomodado no sofá em frente a poltrona em que Sirius estava sentado com as pernas cruzadas na posição de lótus. Suas mãos mexiam nervosamente nos dedos dos pés escondidos nas meias.

    O dominador não parecia nada que não fosse a definição da habitual calma se comparado ao que o submisso havia visto e convivido na semana, mas, ainda sim, um vocabulário mais respeitoso pareceu certo para Sirius.

    — Sim, senhor.

    Remus pareceu apreciar aquilo. A forma como Sirius reconheceu que aquela ocasião era uma na qual termos respeitosos eram uma boa escolha.

    A forma de falar e se portar mostrava muito de um submisso.

    — Por que não começamos com você dizendo o que aconteceu?

    — Acredito que o Sr. Finch já fez isso...

    O tom atrevido não passou despercebido, mas Remus ignorou por hora.

    — E eu acredito que esteja perguntando para você, não para ele. Quero ouvir o que você tem a dizer.

    Se Sirius queria jogar aquele jogo, bem... que apenas Deus presenciasse aquilo, mas Remus também jogaria.

    — Eu não sei bem. — O menino se encolheu no estofado, suspirando ao encarar o tapete e mordendo a língua para não continuar sendo rude depois da resposta que ganhou de Remus. — Ele ensina coisas difíceis e é muito exigente! E bravo! Ele não tem paciência, Remus!

    A voz do menino estava se elevando. Sirius não sabia de onde vinha aquele tom quase choramingado. Nunca em sua vida esse garoto teve a oportunidade de se mostrar um submisso que choraminga ou reclama de coisas tão... Banais. Não sem se deparar com consequências crueis.

    Mas, havia algo em Remus e naquela casa que parecia despertar essa parte no garoto.

    — Sirius...

SiriusOnde histórias criam vida. Descubra agora