4. Petulance in person.

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Petulância em pessoa.


    Quando Sirius desceu as escadas, tinha os cabelos molhados e uma das roupas que encontrou no closet do quarto. O quarto, questão, era um quarto muito bonito apesar de quase tudo ser branco. Não deixou de apreciar que o cômodo tinha um banheiro e uma sacada de portas duplas, o que parecia ser o padrão da casa deslumbrante.

    A roupa, shorts e blusa, ambos preto com estrelas azuis claro, parecia uma espécie de conjunto e era extremamente confortável no corpo, como uma luva de veludo.

    Pelas janelas largas e portas duplas do andar de baixo, Sirius observou mais uma vez o quintal dos fundos. Com o fim de agosto e o fim também do verão, o clima começava a ficar cada vez mais frio, úmido e com aspecto alaranjado, mesmo que ainda haja no ar aquela brisa morna do verão.

    E Sirius percebeu que gostava daquele jardim e do quão doméstico era.

    — O jardim é uma boa opção nas tardes no meio do outono. Claro, quando não está chovendo, o que é particularmente difícil nessa parte do país, mas ainda há exceções.

    A voz de Remus surgiu da direção da sala de jantar, o próprio estando parado no arco entre os dois cômodos. Ali, da escada, Sirius concordou.

    — Acho que uma tarde sem chuva é um assunto particularmente difícil para o país todo. — Usou um tom ameno, já que nada ali parecia desagradável ainda e não faria mal parecer pelo menos um pouco civilizado. — E também, não é como se o calor fosse ótimo. Deus sabe que feder a suor é uma merda.

    Os dedos dos pés se mexeram nervosamente uns contra os outros sobre o piso frio de madeira da casa. Sirius se sentia nervoso e a emoção fez suas sobrancelhas se franzirem discretamente. Não pareceu notar o palavreado que escorregou com tanto hábito de seus lábios ou a forma como o dominador se remexeu minimamente com as palavras chulas.

    — Você tem um ponto. — Remus se desencostou do batente da porta, ainda observando Sirius e decidido demais a ignorar a forma desbocada que o menino falava. Ele consertaria isso em breve. — Com fome? Eleonora fez um assado com legumes muito bom. Também temos um ótimo purê de abóbora e suco de laranja.

    E mesmo se a intenção de Sirius fosse negar, seu estômago o trairia. Roncando alto e escandalosamente para quem quisesse ouvir dentre de, pelo menos, o raio de um quilômetro nos arredores da residência.

    Sorriu envergonhado e de bochechas avermelhadas.

    O que estava acontecendo com ele? Desde quando ele corava? Mas, ele colocaria a culpa na fome que o assolava desde cedo, já que não houve tempo nem mesmo para tomar o café da manhã em Grey Hall.

    — Um pouco.

    Foi sincero, ignorando a forma como a dúvida se instalou em si quando percebeu que o dominador nada fez a respeito da forma como havia falado segundos atrás. Remus era assim? Do tipo tolerante? Decidiu não pensar nisso, ocupado demais em sentir a barriga roncar e revirar.

    Remus escondeu o sorriso.

    — Vamos comer então.

[...]

    O cheiro era delicioso, a comida muito bonita e Sirius descobriu naqueles primeiros momentos naquela casa que Eleonora Dawson era uma senhora amorosa e gentil, além de boa cozinheira. Seus dons na cozinha já estavam fazendo maravilhas no estômago de Sirius e ele nem havia provado a comida.

    Remus estava na ponta da mesa, acomodado com um prato bem servido e um generoso copo de suco de laranja. Sirius não evitou torcer o nariz e fazer uma careta de desgosto quando o dominador encheu seu copo com o mesmo suco.

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