18. Out of planned

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Fora do planejado.


    Remus desistiu de continuar tentando fazer seu trabalho quando sua mente vagou pela milésima vez na direção do ocorrido de dias atrás. Bufando, tirou os óculos de leitura e coçou os olhos com as pontas dos dedos, estava frustrado.

    A coisa toda, no entanto, era que beijar Sirius era melhor do que ele poderia ter imaginado e, depois daquele beijo, o dominador achava ser possível enlouquecer em um espaço de tempo tão curto. Porque sim, ele achava que estava enlouquecendo.

    O homem se achava um grande de um tolo por se ver enrolado naquele submisso em tão poucas semanas, completamente envolvido por Sirius de uma forma que ele mal sabia explicar. Mas, ele não poderia culpar ninguém, muito menos a si mesmo.

    Quando foi intimado pelo pai a buscar um par, ou, mais realisticamente falando, aceitar o par que lhe foi escolhido, Remus esperava uma relação diferente. Esperava a estranheza de viver com um desconhecido e, com o tempo, conseguirem criar algum sentimento decente que os possibilitasse tentar uma união matrimonial. Afinal, esse era o plano de Lyall desde o início.

    Porém, ser abordado por alguém como Sirius não estava nos planos de Remus.

    O menino era um espírito livre, uma alma ousada e um garoto bem agitado. Tinha seus momentos que o faziam Remus adquirir cabelos brancos antes da idade e um pouco de dor de cabeça, mas, no meio disso tudo, o homem percebeu algo que fez sua mente rodar e rodar: Sirius era totalmente apaixonante.

    E ele precisa conversar sobre isso com alguém o mais rápido possível.

[...]

    — E agora eu não faço ideia do que fazer. — Remus suspirou exasperado, esfregando a testa com a destra. — Isso não fazia parte do plano, James.

    O homem à sua frente, um velho amigo, tinha olhos bem abertos, sobrancelhas arqueadas e uma expressão chocada no rosto.

    — Você tem um submisso?!

    Remus pareceu não notar a surpresa em sua voz.

    — Eu não sei o que fazer. — Respondeu rápido, tomando um gole do café quente e preto em seu copo. — Parece que vou pirar a qualquer momento. James, são apenas algumas semanas, quase um mês... isso é possível?

    James piscou ainda um pouco atordoado, mas conseguindo voltar ao seu estado normal.

    — Ainda não acredito que tem um submisso. — Encarou seu copo grande de café, tentando pensar em algo útil para dizer ao amigo. Com um suspiro, encarou Remus. Pobre homem, parecia perdido. — Remus, não passou pela sua cabeça fazer a coisa mais lógica e simples?

    — O que?

    — Fale com ele. — Aquilo parecia tão idiota se falado em voz alta que Remus não conseguiu não se sentir bobo. — Vocês se beijaram e pelo o que me disse, parece se darem muito bem. Converse com ele, Remus, diga como se sente. Nunca é cedo para sentimentos se você tiver certeza do que sente.

    Lutando contra a vontade de revirar os olhos, John deixou o café de lado.

    — Falando assim, faz a coisa toda parecer fácil. — James riu um pouco do outro lado da mesa, querendo mais do que tudo dizer que sim, a coisa toda era simples e fácil, mas se manteve reservado. — Tenho medo de afastá-lo, Jay. Ele é um garoto do sistema, cresceu com sabe-se lá o que em sua vida ao longo dos anos e, por Deus, ele ainda grita com pesadelos de madrugada... É um bom menino, mas tem tantos traumas... E se eu afastá-lo quando tenho enfim um pouco de progresso? E se eu assustá-lo?

    A voz de Remus tinha preocupação quase palpável e James suspirou, compadecido pela preocupação e medo do amigo.

    — Você não vai afastá-lo, Remus. Ele te pediu um beijo. Um beijo. — Disse como se aquilo por si só tivesse todas as respostas possíveis. — Ele dorme na sua cama porque ele quer, veste suas blusas e te deixa dar banho nele. Remus, não seja tão cego assim.

    James bebeu mais um gole longo de café, o gosto forte e quente descendo por sua garganta e o dando um pouco mais de energia depois de um longo plantão na emergência. Olhando no relógio em seu pulso, viu que já eram quase oito da manhã. Deus, ele queria tanto sua cama.

    — E sabe de uma coisa, — Voltou a dizer quando o silêncio recai sobre ambos. — Eu não ficaria nem um pouco surpreso se esse menino já estiver sentindo algo por você também. — Remus estava estranhamente quieto e James suspirou de novo naquela manhã, coçando a nuca e passando a mão pelos cabelos que precisavam urgente de um corte. Um bocejo quase lhe escapou. — Eu preciso ir dormir... Mas, meu amigo, converse com ele.

    Remus concordou, bebendo mais um gole do café e abaixando o copo vazio.

    — Acha que é a melhor opção?

    Já de pé, o Potter o olhou com uma sobrancelha arqueada enquanto vestia o casaco.

    — Acho que deveria ter deixado de ser uma opção.

    E mesmo depois do amigo ter partido, o dominador continuou sentado naquela cafetaria a duas ruas de onde trabalhava. Segurando aquele copo descartável vazio e olhando para frente enquanto tentava fazer alguma coisa em sua cabeça funcionar com clareza.

    Ele gostava de Sirius. Gostava o bastante para ter pensamentos que o faziam se sentir egoísta sobre o garoto e agora ele teria que enfrentar isso, lidar com esse sentimentos que parecia aflorar rápido em seu peito e se espalhar por todos os lados como hortelã em um canteiro extenso.

    Conversar com Sirius... que Deus o ajude. 

SiriusOnde histórias criam vida. Descubra agora