31. Worse than suffering at the time is having to wait.

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Pior que sofrer na hora é ter que esperar.


    Quando o silêncio mortal assolou todo o piso térreo da casa, Sirius engoliu em seco diante a expressão extremamente severa e brava do dominador. O submisso podia jurar que, desde que chegou naquela casa, nunca havia visto Remus com uma cara tão feia quanto aquela.

    — Eu...

    — Não. — A voz de Remus foi cortante no ar. — Eu não quero ouvir nada agora, Sirius.

    — Ma-

    — Não! — Foi rígido, respirando fundo ao fechar os olhos e apertar a ponta do nariz com o polegar e indicador pela segunda vez no dia. — Eu não posso acreditar...

    Sirius fechou bem a boca, ainda segurando a chave, quando abaixou a cabeça e mirou os pés calçados por meias laranja de tartarugas verdes. Suas sobrancelhas se franziram quando algo em seu peito pareceu errado, deixando sua barriga um pouco bagunçada por dentro e fazendo seus pensamentos ficarem um pouco melancólicos.

    O submisso se lembrava de todas as suas façanhas dos anos anteriores, de como fazia muito mais para tirar a paz de um dominador e nada nunca o abalou. Mas agora, parado de cabeça baixa no meio da sala como um detento esperando a sentença, o garoto se sentia à beira das lágrimas novamente.

    E tudo isso por ter escondido a chave do carro de Remus.

    Inicialmente, foi tudo um plano que, em sua mente mirabolante, daria muito certo. Ele esconderia as chaves, acordaria Remus de uma forma que o deixaria de bom humor pelo resto do dia e, consecutivamente, garantiria um belo sim ao pedir para faltar às aulas daquele dia.

    E claro, ele esconderia as chaves do dominador apenas por precaução.

    Mas agora, aqui, as coisas não pareciam mais tão fáceis e inconsequentes como antes. Sua mente estava uma bagunça e Sirius se sentia mal por suas ações. Se sentia mal e Remus nem havia dito sequer uma palavra de reprimenda a respeito disso.

    Como podia, hein? Como podia aquele dominador ter conseguido enrolar Sirius em seu dedo mindinho?

    Sirius não fazia ideia.

    — Eu vou te fazer apenas uma pergunta. — A voz chamou a atenção do submisso, que ergue a cabeça e olhou na direção do homem mais velho com atenção. Seu rosto ainda estava severo e ele ainda estava a alguns bons passos de distância. — Uma pergunta. E eu quero uma resposta sincera. — Sirius apenas concordou, incapaz de abrir a boca para dizer qualquer coisa que fosse, depois de Remus dizer que não queria ouvir nada naquele momento. — Você ter me acordado com a boca no meu pau tem alguma coisa haver com isso?

    A pergunta foi direta, sem censura e de tom forte, não deixando um espacinho sequer para o menino tentar contornar a situação. E, se Remus ainda nutria em sua mente dúvidas sobre a ligação dos acontecimentos, Sirius choramingar e se contorcer no lugar foi uma clareza e tanto para seus pensamentos.

    O homem não podia acreditar.

    Respirando forte, olhou novamente para o relógio em seu pulso. Já estavam atrasados, então não faria diferença se atrasarem um pouco mais. Assim, caminhou para perto do submisso, o qual permaneceu no lugar com olhos atentos, indo na direção do sofá e se sentando ali.

    — Vem aqui, Sirius.

    Sirius conhecia aquele tom, conhecia a forma como o dominador estava sentado no sofá e conhecia o olhar determinado em seu rosto. Por isso, arregalou os olhos e questionou.

SiriusOnde histórias criam vida. Descubra agora