17. About you.

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Sobre você.


    Aquilo era sobre Sirius.

    O beijo.

    Quando Remus avançou, a mão segurando cuidadosamente a nuca do submisso, o dominador tomando a frente no domínio do ósculo, ainda foi sobre Sirius.

    Quando Remus mergulhou a língua entre os lábios de Sirius; quando Sirius se deixou ser beijado por Remus; quando houve suspiros, a respiração começando a pesar e Sirius ficando ofegante.

    Era tudo sobre Sirius e suas reações.

    Quando, apenas com o início do beijo, o pau de Remus começou a endurecer entre as pernas, porque bem, beijar Sirius deveria ser um crime de tão bom, ainda sim continuava sendo apenas sobre Sirius e por isso Remus ignorou sua excitação.

    Ele era um cavalheiro e continuaria sendo, repetindo para si mesmo que aquilo era sobre, e inteiramente sobre, Sirius.

    Ele podia sentir o menino maleável contra si, as mãos pequenas apertando seus ombros e fazendo as unhas não tão curtas cravarem na carne exposta. Aquilo enviou algo por seu corpo, mas, novamente não era sobre ele.

    Por isso, quando se afastou e teve a visão do garoto corado, de lábios vermelhos e inchados e ofegante em sua frente, Remus se sentiu tonto.

    Tonto diante a reação adorável do submisso, pela forma como as mãozinhas ainda o seguravam pelo ombro e os olhos atípicos o encaravam como se Remus John Lupin fosse o mundo todo resumido em um corpo humano.

    E quando Sirius o encarava assim... ele se sentia exatamente dessa forma.

    Se sentia o mundo que Sirius perdeu; que foi arrancado de suas mãos e se Remus precisasse ser isso, carregar essa responsabilidade sobre os ombros apenas para ter aquele garoto bonito o olhando da forma como olhava agora, ele seria sem pestanejar.

    Ele quer ser o mundo de Sirius.

    Quer ser o início, o meio e o fim da vida do submisso e esperava que ele fosse o mesmo para si algum dia.

    Remus quer ser tudo e qualquer coisa para aquele garoto.

    — Moony?

    A voz bonita sussurrou, rouca e coberta por algo doce. Remus sorriu, a mão mexendo no cabelo do garoto.

    Sirius ficou tonto com o sorriso, uma covinha solitária despontando no lado inferior direito do rosto, abaixo dos lábios. E o submisso percebeu que poucas semanas eram muito e pouco tempo na mesma proporção, porque poucos dias foram o bastante para serem muitos ao ponto de o fazer suspirar e se render, de sentir o coração inchar e guinar por Remus.

    E apesar de tudo, Sirius ainda tinha aquele sentimento de que, de alguma forma, conhecia aquele homem a muito tempo antes.

    — Sim, amor?

    Amor.

    Sirius era o amor de alguém.

    — Eu... — Eu acho que gosto de você. — eu...

    — Sim? — Murmurou paciente, acariciando a coxa do garoto, percebendo o arrepio delicioso na pele sob seu polegar, o qual formava círculos lentos e macios no ponto da coxa próximo à virilha. — O que foi, querido?

    Querido.

    Sirius também era o querido de alguém e ele acha que nunca se acostumaria a isso.

    Piscando os olhos, as pupilas dilatadas como a de um cervo pego nos farois, murmurou.

    — Eu gosto... — Mas algo o impediu de continuar, mudando o rumo. — Eu gostaria de te beijar de novo. Pode me dar mais um beijo?

    Sirius não perdeu a forma como algo passou pelo rosto de Remus; talvez compreensão e quase conhecimento pelo que Sirius estava a um murmúrio de dizer? Ele não queria pensar nisso agora e Remus entendeu, pareceu entender, porque apenas sorriu e concordou daquele jeito gentil e apaixonante com que sempre reagiu em relação a existência de Sirius desde que o garoto entrou em sua vida.

    — Todos os beijos que você quiser.

    E era verdade. A mais pura verdade.

    Havia sido um único beijo, o primeiro, mas Remus já havia se decidido que todos os seus beijos seriam reservados e dados ao submisso.

    Remus encarou aquele garoto uma última vez antes de o beijar novamente. Observou os olhos, o nariz, os lábios, as bochechas, as sobrancelhas e tudo o mais naquele rosto.

    Ele sabia agora, mais do que nunca, que queria Sirius para si da mesma forma que esperava que o garoto o quisesse. Queria que ele fosse seu mundo inteiro em uma pessoa, seu início, seu meio e seu fim.

    E, o homem não era bobo, sabia da bagagem pesada que o menino trazia. Do peso nos ombros e dos obstáculos que colocou no caminho de qualquer um que tentasse se aproximar. Mas Remus passaria por tudo, teria paciência; carregaria a bagagem junto com Sirius, tornando leve, e superaria os obstáculos.

    Porque havia uma outra grande verdade:

    Ele resgataria aquele menino que, no fundo, só queria que alguém ouvisse seu pedido de socorro.

    Sirius merecia viver plenamente e Remus o daria isso.

SiriusOnde histórias criam vida. Descubra agora