10. A little bad mood in the morning

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Um pouco de mal-humor pela manhã.


    Sirius não voltou a dormir.

    Mesmo depois de bem aconchegado sob as cobertas quentinhas e com o quarto já não tão escuro mais, Sirius não voltou a dormir. Não quando aquela lembrança ainda brilhava em sua mente como um acontecimento bem recente, recente demais para seu gosto, e ele não arriscaria passar tal assombro por mais de uma vez em um espaço de tempo tão curto.

    Não, a noite já havia sido emocionante o bastante.

    Assim, grande parte do tempo foi gasto com Sirius deitado em sua cama, sob os cobertores, enquanto os olhos bicolores analisavam com afinco o curativo em seu dedo. As pequenas luzinhas amarelas estavam ligadas e faziam uma penumbra confortável no ambiente.

    E então, talvez a falta de sono fosse uma boa explicação para o humor azedo e irritadiço de Sirius conforme o garoto ia descendo as escadas. Pelo menos os sapatos e a roupa para o dia eram confortáveis.

    Ou então, talvez não houvesse explicação sólida para aquele mal-humor. O inteligente sabe que um submisso fora de seu subspace por muito tempo pode se transformar em uma nuvem tempestuosa muito rápido. São difíceis de lidar, irritados e pior ainda, podem acabar em um estágio de tristeza profunda.

    Um ponto realmente perigoso e é bem sábio dizer que Sirius pode não estar muito longe disso, infelizmente.

    — Bom dia, Sirius.

    Remus saudou assim que o submisso entrou pela porta da cozinha, ocupando sua visão e se sentando à mesa. Havia uma tigela com cereal e frutas, um pouco de suco de maçã e duas torradas. Também havia leite.

    — Bom dia para quem?

    Murmurou completamente mal-humorado e malcriado, mas Remus ou não escutou, ou apenas ignorou o outro, a fim de não começar um episódio agitado logo de manhã. Levando em consideração o comportamento habitual de Remus ao longo dos dias que já haviam passado juntos, uma pequena parte de Sirius, uma escondida em toda aquela nuvenzinha tempestuosa, diria que a opção correta seria a segunda.

    E assim o dominador tentou prosseguir com a manhã.

    — Estão faltando algumas coisas na dispensa, alguns mantimentos básicos e coisas da hortifruti, então iremos ao mercado logo depois do café da manhã, hum? — Era para ser uma pergunta. Remus queria que fosse. Mas, conhecendo todo o processo de emparelhamento, ele também sabia que não era apenas uma pergunta, era uma decisão tomada e apenas enfeitada com o questionamento vazio. Sirius, como um submisso vindo da tutela do governo, não poderia ser deixado sozinho. A verdade era que nenhum submisso podia, sendo total e completa responsabilidade do dominador responsável os manter sempre sob supervisão. Assim, aqui não era diferente e Sirius não tinha escolha. — Por que não prova o suco ou as torradas? São as que você costuma comer.

    — Se são as que eu costumo comer, por quê vou provar? Eu já não conheço o sabor? — Sussurrou azedo, pegando a colher para saborear o cereal. Remus estreitou os olhos para o mais novo, uma sobrancelha se erguendo em um questionamento silencioso, mas o que chamou a atenção de Sirius foi o café preto e fumegante do outro lado da mesa. — Quero tomar café também.

    Dessa vez a voz veio alta, firme e segura. Não era uma pergunta, mas sim uma exigência.

    — Você sabe que a resposta é não.

    Remus tentou soar firme sem ultrapassar qualquer linha que existisse ali, assim como vinha fazendo desde a chegada do garoto.

    — Por quê?!

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