5. Jurassic.

341 33 26
                                    

Jurássico. 


    O submisso não sabia bem o que o levou até ali, nem em que momento aquele fluído de coragem se infiltrou em suas veias, apesar de sua personalidade, mas ali estavam.

    Sirius e Remus, um ao lado do outro no carro do dominador enquanto o homem dirigia até o centro da cidade.

    Apesar de tudo, de uma coisa o garoto sabia: mais um dia naquele quarto branco e ele enlouqueceria. E faziam apenas dois dias desde sua chegada.

    Mas, mesmo com tão pouquíssimos dias, Sirius decidiu naquela manhã que se não colocassem um pouco de cor naquele quarto, ele iria enlouquecer em um nível gravíssimo. As mesmas palavras foram usadas como argumento quando, descendo as escadas só de pijamas e meias, ele questionou Remus sobre uma possível ida até o centro comercial em busca de alguma decoração digna para aquele quarto.

    E Remus não negou. Aceitando o destino, o homem abaixou o jornal daquele manhã, escutou o que o garoto tinha a dizer e acabou concordando. Afinal, Sirius estava ali e não iria embora, Lyall Lupin se certificou disso, então que ao menos o garoto tivesse um espaço decente onde se sentisse minimamente confortável.

    Agora, depois de minutos consideráveis dirigindo, Remus estacionou na primeira vaga que viu, sob uma das árvores da rua movimentada.

    Sirius piscou para o grande fluxo de pessoas que entravam e saiam das lojas, ocupando calçadas e criando barulho. Ao seu lado, no banco do motorista, Remus também olhou na mesma direção por um momento.

    — Pensei que não estaria tão cheio... — O dominador murmurou, coçando a nuca enquanto a outra mão ainda estava no volante.

    Sirius olhou para o homem, depois para as pessoas do lado de fora e então ergueu uma sobrancelha. Um comentário ácido na ponta da língua.

    — Você não é o único ser jurássico que gosta de fazer compras no centro às nove da manhã. Não se sinta surpreso, Remus.

    E se o comentário era para irritá-lo, Sirius não conseguiu isso.

    Remus mordeu o lábio para conter o riso, mas o som escapou mesmo assim. Um som fraco e baixo, ainda contido mesmo que não totalmente. O submisso franziu o cenho com o som, encarando o dominador com estranhamento.

    — Jurássico? Eu não sou tão velho assim, Sirius. — Lupin ergueu uma sobrancelha, finalmente largando o volante e pegando a carteira e celular no suporte entre eles. — E se me lembro bem, foi você quem desceu escadas abaixo essa manhã com argumentos prontos para irmos em busca de um pouco de decoração para o seu quarto. Vamos.

    E saiu do carro, fechando a porta com um baque e esperando que o menino fizesse o mesmo. O comentário inicial fez a curiosidade despertar no interior do submisso, o qual também saia do carro e fechava a porta do veículo. Remus ativou o alarme antes de guardar as chaves no bolso.

    — Eu esperava que viéssemos no período da tarde, sabe? Depois do almoço, quando meu corpo está mais acordado e em alerta. Eu sou um grande monte de desastres de manhã. — Resmungou, bufando quando um pouco de vento fez seu cabelo vir para frente do rosto. A mente não esquecendo o que fez sua curiosidade despertar. — Aliás, quantos anos você tem?

    A pergunta foi jogada assim, sem rodeios. Caiu com tudo sobre Remus e o fez erguer uma sobrancelha.

    — Ninguém nunca te disse o quão rude é perguntar a idade das pessoas?

    Sirius encolheu os ombros, cruzando os braços quando uma brisa particularmente gelada passou por si, fazendo seu corpo se arrepiar, com frio. Para um início de outono, aquele dia parecia ter acordado bem gelado e Sirius se viu arrependido de não ter pego o casaco que Remus sugeriu, antes de saírem de casa.

SiriusOnde histórias criam vida. Descubra agora