2. Between findings and perspectives.

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Entre constatações e perspectivas.


Uma semana antes.

    — Eu não posso acreditar nisso.

    Remus olhou perplexo para o pai, sentado do outro lado da sala ampla e elegante.

    — Bem, é bom começar a acreditar. — Bebeu um gole do uísque que a esposa serviu para si, saboreando o gosto forte. — Porque você tem apenas uma semana antes de buscá-lo.

    Lyall parecia sério demais para ser uma piada e, também não era como se o pai fosse um homem de piadas, isso foi o que mais preocupou Remus. A verdade quase tangível naquelas palavras.

    — Pai, não pode estar em seu juízo perfeito.

    As palavras saíram em um tom mais zombeteiro e afrontoso que pretendia e, pelo canto dos olhos, Remus viu a mãe esfregar delicadamente a testa com as pontas dos dedos, um pouco apreensiva.

    O pai, um homem sério, mas bondoso, deixou o copo de lado, sobre a pequena mesa de madeira e vidro ao lado da poltrona, ao se erguer sobre os pés e ir até o filho, apoiando ambas as mãos nos ombros do filho.

    — John, seja sensato. Você está com idade mais que suficiente para ter um par, meu filho. — O tom do homem mais velho era quase suplicante. — As pessoas já começaram a comentar. Você, carregando o nome que carrega... É quase um escândalo, faz sua honra como homem e sua classificação começarem a ser questionadas pela sociedade e-

    — E eu quero que se foda a sociedade. — Se desvencilhou das mãos do pai, bufando ao passar a destra pelos cabelos, começando a sentir a frustração surgir em seu interior. — Desde quando eles impõem um limite na vida das pessoas?! Uma porra de uma data de validade para ficar solteiro... — Sua voz era amarga, junto da risada totalmente desgostosa que deixou seus lábios. — Francamente...

    — Francamente digo eu, John. — A voz do pai estava forte e severa em suas costas. — Eu te dei um período de três meses para você sair e se interessar por alguém, por qualquer pessoa, mas você preferiu me ignorar e ser um completo ignorante quanto a sua imagem nesta família e na alta-sociedade londrina! Titule como quiser, chame de prazo de validade, de limite na vida alheia, eu não me importo! Você vai buscar esse menino na próxima semana e fará o seu melhor para construir uma boa relação e, com sorte, um bom casamento no futuro.

    Remus tinha uma expressão de choque no rosto, tomado pela surpresa diante o pequeno discurso quase gritado pelo pai.

    — É como um casamento arranjado.

    — É, pode chamar assim também se quiser. Já disse, não me importo. Estou farto de murmurinhos pelos cantos cada vez que frequento o clube aos domingos ou quando eu e sua mãe vamos à ópera todas as semanas. — Lyall apertou a ponta do nariz, respirando fundo como quem busca por calma antes de começar. — Eu nunca lhe pus limites extremos e muito menos exigências complexas. Você teve boa educação, oportunidades entregues de bandeja a você e sempre foi livre para viver como preferisse, seja enchendo a cara em bares ou se esfregando em prostitutas nos bordeis. Mas, não vou mais tolerar isso. Arrastando o sobrenome Lupin para a lama como se não fosse nada.

    — E agora vou ter que pegar um submisso qualquer de uma forma repugnante só para acabar com as fofocas que pessoas desocupadas espalham por aí. Oh sim, pai, um ótimo jeito de deixar o nome da família longe da ruína de uma reputação ruim...

    Lyall revirou os olhos para o filho.

    — Seu tom parece de uma criança birrenta. — Comentou amargo, pegando seu copo outrora esquecido e ele próprio se servindo de mais bebida. — E não jogue isso como se eu tivesse empurrado tal coisa de supetão em sua direção. Você teve tempo e foi ignorante quanto a isso, então, tomei a liberdade e recorri a meus meios. Além do mais, o PBP é algo aprovado legalmente, o Parlamento e o Gabinete estão de acordo com o programa.

    "Pode ser aprovado, mas não deixa de ser algo repugnante." Remus quis dizer, mas preferiu morder a língua em busca de silêncio.

    Aquela conversa não daria em nada, Remus percebeu quando seu pai falava com muita segurança e pompa, completamente alheio ao desgosto do filho. Oh bem... que grande maravilha.

    — Uma semana? — Se deu por vencido.

    — Nada mais que isso, esteja lá.

    — Ótimo. — Seu tom foi tão amargo que fez sua boca ter gosto de ferrugem. Agarrou as chaves do carro e o casaco. — Posso pelo menos saber o nome dele?

    — Deve. O garoto se chama Sirius Black. — Quando tudo o que Remus fez foi concordar com a cabeça e caminhar em direção à porta, Lyall o chamou novamente. — John?

    — Sim?

    — Tente ver o melhor nisso.

    E apesar de tudo, Remus concordou. Ele tentaria.

[...]

    Sirius Black era problema e Remus soube assim que seus olhos bateram no garoto.

    O menino era magro, com cabelo longo e olhos bicolores. Os olhos mais bonitos que Remus já viu e ele podia confirmar aquilo ali mesmo, no primeiro instante em que havia os visto.

    Porém, havia mais do que apenas a aparência de Sirius. Havia algo em como o submisso o encarava, no modo como a postura parecia despreocupada e desafiadora, com braços cruzados e narizinho empinado, o rosto erguido bem para cima enquanto aqueles olhos o analisavam com algo flamejando neles a qual Remus não soube distinguir.

    E, sendo uma delas verdade ou não, duas coisas estavam claras na mente do dominador.

    Primeiro, Remus voltaria para casa com aquele garoto.

    Segunda, Sirius era problema. Um grande problema.



Notas finais:

Oi gente, tudo bem? 

Esse capítulo é inédito e um acréscimo na fanfic, algo como algo que estava faltando e que vai sanar muitas dúvidas do passado quando leram pela primeira vez.

Espero que tenham gostado, votem e comentem bastante, sempre gosto de ler o que vocês tem a compartilhar comigo rsrs

Um beijão, até o próximo capítulo ;)

SiriusOnde histórias criam vida. Descubra agora