12. Without hurting.

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Sem machucar.


    Sirius se sentia frio como gelo sob a perspectiva do que o aguardava assim que Remus estacionasse o carro na garagem. Mesmo sendo algo que o próprio garoto havia trazido para si, a forma como sua imaginação corria solta para criar cenários a respeito daquilo era inevitável. 

    E o submisso se viu encarando árvores, casas e comércios enquanto o carro corria pelas ruas britânicas.

    Chegar em casa foi uma bela prova de como o garoto podia se manter tão calado quanto um pequeno rato, preso demais em olhar para fora da janela, e Remus, em um corpo tenso e rosto esforçadamente lívido de qualquer expressão, se provou muito bom em controlar a irritação, mesmo que ela parecesse querer se esvair de si a cada lufada de ar.

    O dominador tinha conhecimento do histórico comportamental de Sirius (pelo menos tudo o que havia sido registrado em papel no arquivo do garoto); sabia das explosões, dos picos de frustrações, das garantidas mil birras e acessos de raiva que acompanhariam o futuro de ambos e também da grande possibilidade do submisso vir a sofrer uma queda uma hora ou outra. E parte do homem cogita dizer que o colapso nervoso que o menino apresentou no mercado nada mais era que a falta de entrar em subspace, algo que Remus já havia retardado demais, ele pensava, prezando por tentar não ser invasivo com o submisso.

    No entanto, ainda que Remus fosse o ser humano mais compreensível do mundo, ele ainda era um ser humano e, que sua bondade crescesse forte no peito como raízes grossas e seu cuidado e carinho fossem sinceros, ele também tinha reações e emoções assim como qualquer outra pessoa. Por isso, ele não podia evitar a irritação que cresceu em seu peito assim que as quatro garrafas de vinho foram derrubadas pelo submisso naquele corredor de supermercado, mas ele podia controlar esse sentimento e canalizá-lo até que não restasse nada, como um fogo que se apaga com água e fica apenas a fumaça.

    Sirius, ao seu lado no banco do carro, se manteve tão calado quanto o vento conforme o veículo adentrava os portões da propriedade e seguia até a garagem sob direção de Remus. Apesar de ambos não falarem nada desde que deixaram o estabelecimento após um pagamento, deveras considerável, pelo estrago feito, Sirius sentia que sua própria mente parecia gritar em uma proporção de um exército furioso.

    Era como um aglomerado de pessoas falando ao mesmo tempo ou mais de cinco músicas tocando juntas. Quase perturbador.

    O carro parou e Remus respirou fundo.

    O barulho em sua mente se rompeu, o silêncio tomando lugar ao engolir todas as vozes que o perturbavam.

    Lupin ainda estava desligando o carro e olhava para frente quando disse:

    — Me espere no escritório.

    O menino abriu a boca, pronto para argumentar sobre algo, mostrar um lado malcriado totalmente contraditório com o medo que começava o assolar por dentro, mas a fechou logo em seguida, abrindo a porta do carro e a batendo quando saiu. Foi pisando duro até a entrada da garagem que ligava aquele ambiente à sala e só então sumiu da vista do dominador.

    No carro, Lupin observou tudo indignado; embasbacado com a audácia de Sirius ainda se sentir mal-humorado ao estar diante de uma situação e consequência que ele mesmo trouxe para si.

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