6. It's not what it looks like

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Não é o que parece.


    — Não é educado encarar as pessoas, Sirius.

    A voz do dominador tirou Sirius de seus pensamentos incertos e inseguros, mesmo que por fora ele mantivesse uma pose petulante.

    — Desculpe.

    Desviou os olhos, pegando o copo de leite com canela para si, tomando um gole enquanto observava o clima do lado de fora. A bebida morna e doce desceu por sua garganta como um sonho e ele podia se sentir quase suspirando com o sabor.

    Ao seu lado, ocupado com um jornal que parecia ter as notícias locais, Remus também suspirou, deixando de lado seu interesse na leitura ao voltar sua atenção para o garoto.

    — Você tem alguma coisa para me perguntar.

    Não foi um questionamento, foi uma afirmação. E fez as sobrancelhas do submisso se franzirem e seus olhos se estreitarem na direção do dominador.

    — Como sabe?

    Afinal, como ele sabia? O homem mal o conhecia...

    Remus sorriu pequeno com a pergunta, agora abaixando totalmente o jornal e o dobrando antes de colocá-lo sobre a mesa, ao seu lado.

    — Encarar alguém por tanto tempo pode deixar as coisas bem óbvias, querido.

    O apelido fez as bochechas de Sirius tomarem uma coloração mais rosada, o que ele ignorou ao pigarrear e se endireitar.

    — Hoje é domingo.

    — Isso ainda não é uma pergunta... — Tomou um gole do chá, saboreando o gosto que aqueceu sua garganta. — Mas, sim, hoje é domingo.

    — Você me disse que eu podia escolher o que eu quero fazer aos domingos.

    — Uhum... — Abaixou a xícara, colocando-a na mesa. — E isso também não é uma pergunta... — Cantarolou em tom baixo. — Sirius, pergunte logo.

    — Quero ir a um parque de diversões.

    E, bem, aquilo também definitivamente não era uma pergunta.

    O silêncio tomou conta da sala de jantar, recaiu sobre a mesa de café da manhã e assolou o par sentado ali, desfrutando do desjejum. Remus se manteve calado, absorvendo o pedido do garoto, enquanto Sirius podia jurar que o próprio coração batia forte nos ouvidos, tão forte que era quase ensurdecedor.

    Por um instante, o submisso pensou que Remus diria não. Que toda a conversa que tiveram assim que chegou não passou de papo furado. Mas, então...

    — Tudo bem.

    A perplexidade atingiu Sirius.

    — O quê?!

    — Eu disse que tudo bem. — Bebericou novamente do chá, terminando a bebida. — Vou te levar ao parque.

    E o submisso ficou lá, totalmente paradinho diante a descrença daquilo. Remus, um dominador, iria levá-lo ao parque apenas porque ele queria. Aquilo era mesmo verdade?

    — Mas não vou levá-lo se estiver de estômago vazio.

    A voz de Remus o tirou de sua descrença, o puxou de volta àquele momento e o fez piscar um pouco perdido antes de se apressar em tomar mais um pouco do leite. Os olhos bicolores sempre espiando o dominador, repletos de expectativa a cada pequeno gole tomado.

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