29. Bloom.

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Florescer.


    A água quente da banheira abraçou o corpo de Sirius com a bondade que os braços de Remus o rodearam. A temperatura do banho fazendo maravilhas em seus músculos enquanto se deixava apoiar contra o dominador, acomodado atrás de si.

    O banheiro cheirava a óleo corporal de lavanda e sabonete de erva-doce. Remus esfregava a palma da mão de forma bem carinhosa contra a barriga de Sirius, esse que por sua vez decidiu sabiamente apenas deitar contra seu homem, deixar sua cabeça descansar contra seu ombro e fechar os olhos, absorvendo tudo o máximo possível.

    Seu cérebro ainda parecia completamente preenchido pela névoa morna como mel, deixando seus pensamentos um pouco lentos e todo seu corpo funcionando mais devagar.

    — Six? — A voz do mais velho chegou ao ouvido de Sirius como um som distante e confortável, em um tom baixo, como se o homem parecesse estar sussurrando próximo ao seu ouvido. Talvez ele estivesse. — Está comigo, querido?

    — Uhm? — Murmurou sonolento, confortável demais onde estava, naquela água quente e cheirosa, entre as pernas de Remus e apoiado contra a frontal daquele corpo morno e forte, macio. Sem abrir os olhos, respondeu de maneira brincalhona e em tom baixo também. — Graças a Deus sim.

    Sua tentativa de humor pareceu funcionar um pouco, já que um riso fraco, baixo e soprado deixou o dominador, flutuou pelo banheiro e chegou aos ouvidos do submisso.

    — Agradeço a ele todos os dias por isso. — A voz de Remus parecia muito mais baixa agora, bem mais difícil de ouvir. Mas Sirius ouviu. Ouviu e se questionou se ele estaria falando consigo ou respondendo a si mesmo. De qualquer forma, o abraço mais apertado em sua cintura e o beijo em seu cabelo o fizeram suspirar e não pensar demais. — Como você está se sentindo, amor?

    — Hmmm... Flutuante. — Ele considerou, respondendo de forma lenta e baixa novamente. Remus não pareceu se importar, apoiando o queixo no ombro do garoto e emitindo um som nasal que parecia dizer "continue". — Também me sinto quente. Meu cérebro está todo confuso de um jeito bom e... — Ele hesitou por um momento e quando tornou a falar, ainda tinha os olhos fechados. — E foi diferente. Eu... Eu me senti bem, Moony. Me senti leve, sem preocupações demais com o que fazer ou o que você pensaria... Eu... Eu apenas... Eu senti que estava seguro, que pela primeira vez eu estava seguro. Em casa.

    Aquelas palavras pareceram atingir Remus direto no peito, pois ele continuou abraçado ao menino, beijou o ombro desnudo e úmido de Sirius e o segurou como se ele fosse seu mundo todo.

    E ele era, mas Remus ainda não o deixaria saber tão abertamente.

    Ainda não.

    — Você sempre está seguro, Sirius. — O dominador murmurou enquanto ainda absorvia as palavras do submisso, olhando para a janela, para o quintal lá fora, enquanto respondia. — Sempre estará seguro comigo.

    O menino pareceu relaxar mais ainda com as palavras do dominador, quase derretendo nos braços grandes enquanto um sorriso pintava seus lábios. E ele sentia que podia adormecer ali mesmo, naquela banheira e naquela posição.

    Mas não adormeceu. E depois de um tempo em silêncio, a voz de Sirius tomou o ambiente em uma pergunta confusa.

    — Então é esse o cheiro? Essa é a sensação?

    Remus se sentiu confuso, franzindo o cenho e tudo.

    — Que cheiro? Que sensação, querido?

    — Lavanda e erva-doce. — Cheiro de Sirius e Remus. — Aroma de paz e lar, junto com a sensação de finalmente estar salvo.

    O submisso parecia tranquilo quando disse aquilo. Murmurando como se não fosse nada demais para si, mas que, se ele percebeu ou não, foi o bastante para fazer o dominador estagnar no lugar por bons segundos, preso nos giros que aquilo deu em sua mente.

SiriusOnde histórias criam vida. Descubra agora