A névoa morna em minha cabeça.
— Não posso acreditar! — Remus exclamou ao ajeitar melhor a mochila de Sirius no ombro enquanto caminhavam em direção ao carro parado do outro lado da rua. — Sério? Um livro?!
Sirius encolheu os ombros, engolindo a vontade de bufar em puro desgosto por estar sendo repreendido tão livremente.
— Ele começou! Sendo rude e tudo mais!
Um som de pura surpresa e descrença saiu de Remus ao que o dominador destrancou o carro com as chaves e negou, muito, muito desacreditado.
— Por Deus! E a sua melhor escolha foi jogar um livro direto no rosto dele?! — Abriu a porta de trás, colocando a mochila de Sirius ali e a fechando com um baque. Se virou para seu submisso com uma expressão séria demais. — Você consegue ver sozinho onde está o enorme erro nisso?
E Sirius poderia. Mas ele não queria.
Assim, cruzou os braços, um bico emburrado nos lábios, quando torceu o nariz daquele jeito que Remus sempre achava fofinho e negou, completamente mal-humorado sob aquela camada finíssima de chuva que assolava Londres.
— Você está falando sério? — O moreno tinha um tom azedo e afiado. — Está preocupado com o que atingiu aquele garoto estúpido?! Ele falou de mim! E do cabelo de Lily!
Remus fechou os olhos, pressionando os dedos na testa em uma pequena massagem enquanto buscava por alguma calma que fosse capaz de aplacar a veia que pulsava saltitante na lateral do rosto, acima dos olhos.
— Apesar de apreciar muito o fato de você ter feito uma amiga, Sirius... — Começou, o tom baixo e cauteloso, parecendo guardar para si uma vontade semelhante à de esganar aquele garoto. — Ainda não virei um apoiador da violência e não acho que virarei em qualquer futuro que nos aguarda.
Sirius bufou alto e petulante, jogando os braços para cima e falando alto.
— Ora, por favor, Remus! — O nome do dominador saiu em desafio da boca do submisso naquele momento. Coberto por desdém e má atitude. — Foi só a porcaria de um livro! Aquele babaca bem que merecia! Devia ter quebrado aquele nariz e não só tido um sangramento! E-
A mão de Remus, com dedos mornos e longos, foi esperta e rápida demais ao se enroscar pelos cabelos da nuca de Sirius. Os dedos enganchando ali, puxando os fios o bastante para fazer o garoto guardar a língua na boca e o encarar com olhos arregalados quando um ofego surpreso escapou dos lábios. A cabeça se inclinando com o puxão estimulante e o fazendo olhar para cima, bem para o rosto severo de Remus. Não estava forte ao ponto de machucar, mas firme para fazer uma parte de Sirius obedecer a Remus. Sua parte submissa, a que biologicamente tinha pontos estratégicos que favoreciam qualquer dominador que quisesse o colocar sob seu domínio.
— E eu te aconselho a fechar essa boca, agora. — Vociferou baixo ao se aproximar do mais novo, os rostos próximos mesmo que a diferença de altura mantivesse Remus acima de Sirius. Os olhos do submisso o encarando como se fosse uma gárgula assustadora. — Você ao menos pensou o que isso poderia causar? hm? Se mostrando ser um submisso tão mal-educado assim... — Negou com a cabeça. Um movimento lento e mínimo que fez coisas no interior de Sirius. — Você vai entrar nesse carro e vai permanecer em silêncio até chegarmos em casa. Me recuso a colocar alguma educação em você no meio da rua. Entendeu, Sirius?!
Sirius moveu a cabeça, ou tentou, naquele aperto firme. Mas, aparentemente, o silêncio como resposta não era o que Remus queria agora.
— Use essa sua boca ousada agora, garoto. — Deu um pequeno balançar na mão que prendia os fios escuros do garoto, fazendo-o mover a cabeça em uma sacudida sugestiva. — Entendeu o que eu disse? Ou é um garotinho realmente sem qualquer comportamento adequado?
E, Deus... Remus falando consigo daquele jeito não devia fazer coisas com o corpo de Sirius, mas fazia.
Ele seria totalmente ridículo se negasse a forma como sua boca ficou seca, o coração acelerou um pouco e o corpo parecia estar entre fogo e gelo, com um arrepio estranho eriçando-lhe os pelos a cada intervalo de segundos assombrosos. Ele não deveria gostar de ser tratado assim; pego pela nuca como uma cadela pega seu filhote arteiro, mas havia algo em Remus, algo que fazia Sirius querer fechar os olhos e apenas ceder. Aceitar a parte do seu cérebro que queria apenas entrar na névoa morna e confusa que parecia surgir sempre que a biologia dominante de Remus se sobrepunha em sua submissão natural.
Era confuso e intrigante. Curioso.
— Entendi...
Remus apertou um pouco mais forte, o encarando de cima com confiança, severidade e poder.
— Tente de novo, garoto, você sabe melhor que isso.
Os rostos estavam tão próximos que as respirações se misturavam entre eles. Sirius se sentiu um pouco tonto, de alguma coisa boa que parecia tomar cada vez mais sua cabeça, quando respondeu baixo e manso.
— Entendi, senhor.
E Remus sorriu. Um sorriso pequeno e convencido, quando soltou o submisso e indicou o lado do carro contrário ao do motorista.
— Entra no carro. Estamos indo para casa.
Sirius respirou, soltando o ar que nem ao menos tinha reparado estar prendendo. De repente, a garoa gelada demais o fez perceber quão quente ele se sentia. Algo em sua cabeça, em seu cérebro complexo, o fazia piscar atordoado e querer seguir as ordens de Remus com afobação., quase desespero.
Suas pernas pareciam gelatinas e por um momento o garoto ficou com medo de sair do lugar, pensando que cairia no primeiro passo, mas, segundos foram o bastante para o fazer perceber que, na verdade, o corpo todo parecia formigar enquanto seus pensamentos estavam cada vez mais próximos de virar mingau, o levando para um estágio tão fundo em sua névoa morna que o fazia ter a sensação de ter algodões nos ouvidos.
Tudo ao redor parecia distante e perto ao mesmo tempo, como se o corpo de Sirius começasse a relaxar apenas para entrar em alerta novamente, cada ponto voltado para uma única pessoa: Remus John Lupin.
Como se cada mísera partícula de si ansiasse por deixar Remus feliz, por agradá-lo e mantê-lo satisfeito em todos os sentidos.
Remus finalmente havia conseguido empurrar Sirius para perto de seu subspace desde sua chegada e isso era bom. Seria a partir de agora que eles teriam de fato algum avanço na saúde submissa daquele garoto tão precioso? O dominador quer acreditar que sim.
Notas finais:
Oi, gente! Como estamos, hein?
E... Finalmente temos Sirius inclinado em seu subspace! Será isso um aval para uma nova parte ainda não explorada da fanfic? Hmmm... deixem seus comentários!
Espero que tenham gostado desse pequeno gostinho para matar a saudade! Tentarei voltar semanalmente, prometo!
Até o próximo capítulo ;)
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Sirius
Fanfiction[CONTÉUDO +18/BDSM AU] "Em um dia confuso, você vai me guiar?" [...] Sirius cresceu no sistema. Total e completamente largado em um mar de desinteresse, confusão e abandono. Remus surge em uma manhã cinzenta como o sol que vai guia-lo para casa. [R...