Camelô.

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Os pulmões pediam arrego a medida em que se movimentava, o corpo suado dava indícios de que estava extremamente quente por causa do fluxo sanguíneo. Os batimentos cardíacos acelerados, a respiração ofegante, inspira pelo nariz e solta pela boca. A agitação, o prazer, uma perna se movimentava depois a outra que faziam ela correr trajada em suas vestes curtas apropriadas para exercícios físicos. Parou por causa da necessidade, com toda sua estrutura formigando e começou a caminhar com mais calma já que tinha atingido a meta do dia, não precisava ultrapassar seus limites ainda que o seu objetivo estivesse bem longe.

Conversa vai e conversa vem, seguiram a caminhar pela rua movimentada daquele centro, onde tinha uma paisagem e o restaurante em que Elisa iria se alimentar porque não teve tempo de fazer seu almoço, seu marido também não estava em casa, preferia e tinha dinheiro para comer fora.

Estava tudo tranquilo, distraída dava risada com seu amigo que já estava se despedindo, não percebeu que havia uma presença que começou a andar ao lado dos dois. Incomodada por não ter sido notada, a moça de cabelos longos tomou a mão de Elisa em completa ousadia, cruzando os seus dedos e seguindo, fingindo que não fazia nada demais. Isso fez com que a moça se assustasse de imediato, puxando a mão com força, mas a desconhecida não a deixou soltar até que ela percebesse quem era.

- Te achei, Vênus. - Declarou vitoriosa e riu ao ver ela revirar os olhos em drama.

Os olhos pretos então passaram de baixo para cima na mulher tão bonita. As pernas fortes que começavam a mostrar mais os músculos, o rosto agora estava mais evidente isso também evidenciava a beleza que ela tinha, a pele em dois tons completamente molhada, os desenhos aleatórios que se faziam nela e em suas curvas, nuances entre a ausência e a concentração a mais da melanina que pintava seu corpo, seus traços negroides e o cabelo cacheado amarrado de uma maneira bonita.

- Seu marido? - Cogitou soltar a mão dela após notar a presença de um homem bonito ao seu lado.

- Eu até me casaria com ela, mas nesse caso eu prefiro roubar o Gustavo. - Ele interrompeu a conversa e deu a entender que não gostava de mulheres. - Prazer, me chamo Alê. - Foi sorridente.

- Alê, essa daqui é a... - A encarou erguendo as sobrancelhas e encurralando a mulher achando que agora ela não teria como fugir em revelar seu nome.

Tolisse.

- Kiara, prazer. - Mentiu na cara dura, usando o nome da sua ex namorada.

Antes mesmo de receber um olhar de julgamento, largou a mão de Elisa e saiu caminhando em direção a uma pequena barraca de camelô, esquecendo totalmente os dois ali. O homem se despediu, precisava ir para casa, mas achou "Kiara" um tanto aleatória, diferente das pessoas que andavam no círculo social da amiga, era bom saber que agora ela inovava.

A negra ficou sozinha e como quem não queria nada, foi andando devagar até a barraca, onde a de cabelos longos conversava com alguém.

- Mulher bonita não paga, mas também não leva. - Deu uma piscadela após usar a frase típica de pessoas que vendiam seus produtos por meio da voz, arrancou uma risada alta da morena.

- De quanto tá essa daqui? - Ela perguntou mostrando uma flor muito bem esquematizada e feita de arames coloridos. - Se eu fosse levar, é claro.

- Ai você me quebra, tá me mandando uma crítica indireta de que meus produtos são caros? - Pendeu a cabeça para o lado e sorriu quando a moça negou. - Faço dez pra você, preciso valorizar a minha mão de obra.

Elisa então entendeu até boa parte das vestimentas que a mulher usava eram produtos feitos por ela. Na barraquinha tinha chinelos de couro, as peças de roupa, vestidos tie dye que estavam fora de moda naquela época, mas eram tão bonitos e saiam de um padrão que até dava vontade de comprar. Haviam panos de pratos diferentes dos típicos, anéis, colares com pedras naturais, brincos de pena, filtros do sonhos, pulseiras de pano, quadros e outros tipos de esculturas feitas de arames coloridos.

Inconsistente - Romance Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora